quinta-feira, 11 de junho de 2020

A Solenidade de Corpus Christi na Ótica Franciscana

Imagem: Sou Catequista

Por Frei Ronaldo, nosso Assistente Espiritual.



Corpus Christi, ou Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo como conhecemos hoje, é uma das datas mais comemoradas pelos cristãos católicos como uma maneira de homenagear o Sacramento da Eucaristia, ápice e centro da Vida da Igreja.
Segundo algumas fontes, esta comemoração foi estabelecida pela própria Igreja no século XII, influenciada pelo Milagre Eucarístico de Bolsena, Itália. O Papa Urbano VI foi que instituiu uma data celebrativa, litúrgica, na qual se comemorava solenemente a instituição da Eucaristia. Logo, esta celebração se espalhou por todo mundo.
A solenidade de Corpus Christi está intimamente ligada a celebração da Páscoa, sendo comemorada 60 dias após a mesma, sempre em uma quinta-feira. Para podermos viver em profundidade esta celebração, é necessário sentirmos o nexo entre a Quinta-feira Santa e a Quinta-feira de Corpus Christi, o prolongar-se deste contexto pascal é essencial para podermos aurir o verdadeiro valor espiritual desta celebração. Na Quinta-feira Santa celebramos a instituição dos Sacramentos da Ordem e da Eucaristia (o Santíssimo Corpo e Sangue do Senhor), o mandamento do Amor, no qual Cristo se doa e se faz alimento para saciar nossa fome de amor, nossa fome de Deus e ao mesmo tempo através dos Sacramentos, ali instituídos, ele universaliza a sua missão e presença no mundo a través da ação da Igreja.
Para nós franciscanos esta Solenidade, nos enche de terna reverencia pois nos apresenta um motivo a mais para mergulharmos no amago da Espiritualidade Seráfica; Francisco de Assis em seu tempo, e a sua maneira, manteve todo respeito, veneração e carinho pela Eucaristia e pelo Sacerdócio.
Em sua primeira admoestação, refletindo sobre este sublime mistério da kénosis de Cristo, lemos:
“Ele se humilha todos os dias, tal como na hora em que descendo de seu trono real para o seio da Virgem vem diariamente a nós sob a aparência humilde; todos os dias desce do seio do Pai sobre o altar, nas mãos do sacerdote”(Adm 1,16-18).
Sim, aqui poderíamos refletir sobre o Sacramento da Eucaristia intimamente ligado ao Mistério da Encarnação, duas formas diferentes, mas profundamente reais utilizadas por Jesus para se encarnar em nossa humanidade e deixar-nos eternamente sua presença divindade.
Na Carta a toda Ordem, Francisco mostra-se arrebatado pela contemplação do Mistério Eucarístico:
 “Pasme o homem todo, estremeça a terra inteira, rejubile o céu em altas vozes quando, sobre o altar, estiver nas mãos do sacerdote, o Cristo, Filho de Deus vivo! Ó grandeza maravilhosa, ó admirável condescendência, ó humildade sublime, ó humilde sublimidade! O Senhor do universo, Deus e Filho de Deus, se humilha a ponto de se esconder, para nosso bem, na modesta aparência de pão… Nada de vós retenhais para vós mesmos, para que totalmente vos receba quem totalmente se vos dá! ”(CtOr 26-27).

A Kénosis de Cristo, sua paixão e morte é atualizado e vivenciado novamente na Eucaristia. A Eucaristia e o Evangelho compõem o núcleo central da meditação e da contemplação de Francisco. Destes dois polos do Único Mistério de Amor de Cristo, Francisco deduz toda a sua vida espiritual; do significado da verdadeira pobreza à ecologia; passando pela reconciliação total do Ser Humano consigo mesmo e com as realidades circunstantes. Este aspeto constitutivo da experiência mística de Francisco é tão fundante da Vida Cristã, que se expressa de modo concreto e visível na piedade popular, sobretudo hoje, através dos tapetes e enfeites belissimamente prepara para acolher e honrar “Cristo Eucarístico”. Este evento atrai e unifica em um belíssimo mosaico não só os múltiplos movimentos e pastorais da Igreja com seus temas diversos e caros à comunidade cristã, mas também a esperança e os anseios da sociedade como um todo. Expressão de como a Eukharistía (Ação de graças) pode e deve ser o ponto de encontro para todas as raças, povos e línguas. E porquê não ser, também, o ponto de encontro de todas as religiões.


Com esta breve reflexão gostaria de abraçar a todos vocês, queridos irmãos e irmãs, e desejar uma celebração de Corpus Christi verdadeiramente revigorante na fé!

Em Cristo e em Francisco!
Frei Ronaldo Gomes da Silva OFMConv.

quarta-feira, 27 de março de 2019

Os 400 Anos da Fraternidade São Francisco da Penitência



“E depois que o Senhor me deu Irmãos ninguém me mostrou o que eu deveria fazer, mas o Altíssimo mesmo me revelou que eu devia Viver segundo a forma do santo Evangelho.” (Testamento de São Francisco) 


No dia 23/03, sábado, aconteceu a celebração eucarística referente aos 400 anos da Fraternidade São Francisco da Penitência, da Ordem Franciscana Secular (OFS), presidida por nosso Arcebispo Dom Orani.

Irmãos e irmãs de várias fraternidades estavam presentes, inclusive: a Ministra Nacional da OFS, Maria José; o Ministro do Regional Sudeste 2, Marco Antônio, a Ministra da Fraternidade Valéria da Costa Pinheiro. E também o Ministro Provincial da Província da Imaculada Conceição Frei César Külkamp; o assistente da Fraternidade Frei Estêvão Ottenbreit; o guardião do Convento Santo Antônio Frei José Pereira; o Ministro Provincial da Província Nossa Senhora dos Anjos Frei Luiz Carlos Siqueira (OFMCap); Irmãs Clarissas do Mosteiro Nossa Senhora dos Anjos (OSC) e autoridades civis.

Mesmo com a grandiosidade da data – quatro séculos de presença franciscana -, a Celebração foi simples, mas cheia de significados e devotamento. Nove irmãos da Fraternidade fizeram a renovação da profissão da OFS. “Renovamos o nosso compromisso de vida evangélica segundo a Regra da Ordem Franciscana Secular até ao fim de nossos dias. Concedei-nos também que vivamos sempre em harmonia com os nossos irmãos e que demos testemunho aos mais novos deste tão grande dom de Vós recebido, o dom da vocação franciscana. Assim nos tornaremos testemunhas e instrumentos da missão da Igreja, no meio dos homens, anunciando o Cristo com a vida e a palavra”, rezaram os professos com velas acesas nas mãos. [¹]

Dom Orani enfatizou, na sua homilia, exatamente essa promessa que fizeram como irmãos leigos e irmãs leigas, recordando que no ano passado a Igreja celebrou o Ano do Laicato. “E nós estamos justamente hoje, aqui, no Rio de Janeiro, comemorando 400 anos de uma Fraternidade leiga da Ordem Franciscana Secular, que é a São Francisco da Penitência, onde leigos e leigas exercem o protagonismo. Embora tenham assistência dos frades e a oração das Clarissas, como leigos e leigas estão presentes na sociedade e levam o carisma franciscano não só aqui no Rio de Janeiro mas em tantas cidades onde a Ordem Franciscana Secular se faz presente”, observou o Cardeal, recordando que, no tempo do Brasil Império, muitas pessoas da família imperial ingressaram na OFS. [¹]

A história desta fraternidade começou quando um casal de portugueses Luís de Figueiredo e Antônia Carneiro, irmãos da Ordem Terceira de Lisboa, procurou os frades franciscanos do Convento Santo Antônio. Ali construíram a capela em terreno doado pelos frades, onde teve início às atividades, no dia 20 de março de 1619, da Fraternidade Secular. Nesses quatro séculos, grandes obras foram realizadas, como a igreja dedicada a São Francisco das Chagas, o asilo para pessoas idosas, o hospital e o cemitério. Mas a obra maior, segundo o assistente espiritual, Frei Estêvão Ottenbreit, é a herança franciscana: “Por muitos anos, ou melhor, por séculos, os irmãos da Fraternidade buscaram serem seguidores de Jesus Cristo, imitando a São Francisco de Assis no seu amor para com Deus e para com todas as criaturas”.[²]

Foi uma alegria imensa presenciar este momento solene e conhecermos de perto um pouco mais da história da OFS no Brasil e com sentimento de profunda gratidão por tão precioso Dom concedido pela misericórdia do Altíssimo. Esta celebração dos 400 anos é, além de uma confirmação de fé, uma confirmação de Amor ao Evangelho.



Paz e bem!
Sandra Regina de Oliveira OFS 


[1] - Quatro séculos de Paz e Bem no Largo da Carioca - via Franciscanos.org.br
[2] - Fraternidade Franciscana Secular de São Francisco da Penitência celebra 400 anos - via Franciscanos.org.br

sábado, 16 de março de 2019

Encontro do Primeiro Distrito - 2019

Tema: Campanha da Fraternidade - Fraternidade e Políticas Públicas

Cuia com essência de verbena - por Sandra R Oliveira


Neste sábado dia 16/03/19 tivemos na Paróquia São Francisco de Assis, no Rio Comprido, o encontro do primeiro distrito.

O coordenador do primeiro distrito, Moacir Nobrega, iniciou o encontro com oração e uma breve introdução remetendo à importância do encontro para os irmãos se conhecerem e que o franciscanismo tem um peso enorme na reconstrução não somente da igreja mas do mundo.

Em seguida Moema iniciou a partilha sobre a campanha da fraternidade como uma ajuda para reflexão. Falou de unidade na diversidade e da Amazônia, nos trazendo uma essência de verbena em uma cuia (foto) que foi partilhada entre os irmãos presentes.

"Tempo de quaresma é um tempo muito especial, muito propício. Jesus nos chama todo dia a caminhar, a olhar o mundo com olhos de misericórdia e de amor, que podemos fazer isso através das obras de misericórdia."

"Quaresma também é um tempo favorável para sair da alienação existencial (Papa Francisco)."

"Mas o que seria ser alienado? Seria estar fora. A Fraternidade nos livra da alienação e a Campanha da Fraternidade ajuda a libertar da alienação, aproveitando o tempo da Quaresma (tempo propício)."


Política

"A Política (pólis) está em qualquer lugar. Não está em um partido ou um determinado local. Não se poderia dizer "não gosto de política" pois isso seria alienação (estar fora). É importante estar atento."


Público x Privado

Nos remeteu às diferenças entre público e privado e respectivos paradoxos.

"O Privado refere-se a uma parte (fechado) que existe dentro do público. Não existe alguém que seja sozinho, fechado em si mesmo. Exemplificou que as redes sociais são exposições do privado (privacidade exposta ao público) e que o público tem sido privatizado para interesse de poucos - corrupção."


Bem Comum

"Bem comum é tanto para o público quanto para o privado. Cada um de nós precisa desenvolver-se no que puder para esse aspecto."

Exemplo: "Saúde e educação deve ter esse controle".

"Quando o bem comum não está estabelecido o que prevalece é a ganância."


Estado

"Estado é quem ordena, organiza.  Legislativo cria leis; executivo governa e organiza; e judiciário averigua, julga.


Sociedade - povo - cidadão

"Mesmo estando doente, é a única que pode dar solução. A solução não virá dos privilegiados."


Política não é igual a futebol e nem religião

"É importante debater questões políticas. Não se trata de preferências individuais mas da busca do bem comum."


Diferenças

"Quando a diferença é acolhida de forma fraterna e amorosa há um crescimento. Quando se acolhe o olhar do outro ganha-se a oportunidade de conhecer outro ponto de vista."


Cristão - Boa Nova

"Ninguém é obrigado a ser cristão, mas quem quer ser cristão tem um ponto de partida a ser seguido. São Francisco foi o que melhor acolheu esse chamado (ouviu, viveu e atuou no mundo). Não podemos ficar alineados, acomodados. Que cada franciscano e franciscana seja uma água boa, levando a boa nova."

"Estamos vivendo um tempo de graça na igreja. E quando o Papa Francisco nos pede 'Rezem por mim' ele pede 'Rezem comigo'."

"O mundo não é um hospício. Cada uma no seu quadrado não salva ninguém. A fraternidade e a comunhão sim trazem salvação."


Evangelho

"Não podeis servir a dois senhores (Lc 16). O capital gerindo o mundo é satânico. O capital deve servir ao bem comum."


Debate entre grupos

Os irmãos se reuniram em grupos para debate sobre o texto do Frei Vitório "Indignação Profética".


Missa

Após as conclusões nos reunimos para Santa Eucaristia na paróquia, presidida por Frei Donil.



Paz e bem!
Texto/Adaptação: Sandra Regina de Oliveira OFS
Fotos: Sandra e Moacir Nobrega













































sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Santo Franciscano: São Boaventura de Meaco




Mártir japonês, terceiro franciscano (+1597). Canonizado no dia 8 de junho de 1862 por Pio IX.



Nasceu no Japão em data ignorada. Filho de pai cristão e de mãe pagã. Foi batizado ainda criança, mas, por influência de sua mãe foi obrigado a frequentar cultos budistas. Esta dualidade seguiu toda a sua fase de crescimento e educação. Por essa razão levou, por vinte e seis anos, uma vida dissoluta, sem rumo e de descaminhos.

Com a chegada dos religiosos vindos das Filipinas, Boaventura é apresentado novamente ao cristianismo e os franciscanos revelam os seus pecados. Este, arrependido, atira-se ao chão e pede perdão a Deus e aos irmãos que o fizeram ver a verdade.

No primeiro domingo após o retorno à fé cristã, Boaventura vai à Missa vestindo um saco, com a cabeça coberta com cinza e uma corda no pescoço para pedir perdão por tantos anos afastado da fé. Todos que frequentavam a Igreja de Santa Maria dos Anjos ficaram admirados e ao mesmo tempo compadecidos pela grandeza do ato daquele cristão.

Como prova de seu arrependimento pediu para ser admitido e vestir o hábito da Terceira Ordem Franciscana. Como sinal de sua conversão, quis se chamar Boaventura. Assim como o Doutor São Boaventura foi para a Ordem Seráfica e para a Igreja uma “boa ventura”, assim o novo Boaventura devia ser para nascente Igreja e para todo o Japão.

Daquele momento em diante não mais se separou das missões e dos religiosos franciscanos. Foi um grande catequista.

Foi preso e teve a sua orelha esquerda cortada e, em seguida colocado em cortejo até a chegada a Nagasaki, local onde foi crucificado, no dia 05 de fevereiro de 1597.



Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola. (via franciscanos.org.br)
Adaptação/Grifos: Sandra Regina de Oliveira OFS
 

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Papa cita São Francisco de Assis no encerramento da visita



O estádio Zayed, em Abu Dhabi, recebeu milhares de fiéis para a Missa com o Papa Francisco num momento culminante para a comunidade católica na Península Arábica. O local, com capacidade para receber 45 mil pessoas, ficou pequeno para a presença de tantos fiéis: caldeus, coptas, greco-católicos, greco-melquitas, latinos, maronitas, sírio-católicos, siro-malabarenses e siro-malancareses, tanto que foram distribuídos cerca de 135 mil bilhetes para que a cerimônia fosse acompanhada do lado de fora, por telões. As autoridades locais informaram que no total estavam presentes à celebração (dentro e fora do estádio), cerca de 180 mil pessoas.

O convite que fez a este “pequeno rebanho” de cristãos nos Emirados Árabes Unidos é o de continuar a ser um oásis de paz, de mansidão, e de misericórdia. Porque é bem-aventurado quem responde com mansidão às acusações, não quem agride ou quer subjugar o outro. É bem-aventurado quem considera os outros como irmãos, não quem vê somente inimigos.

Papa Francisco cita Francisco de Assis, que instruía seus irmãos que partiam para terras sarracenas, pedindo a eles para não entrarem em lutas nem disputas. “Gosto de citar São Francisco, quando deu instruções aos frades sobre o modo como se apresentarem aos sarracenos e não-cristãos. Escreveu ele: «Que não entrassem em lutas nem disputas, mas se mantivessem sujeitos a toda a criatura humana por amor de Deus e confessassem que eram cristãos» (Regra não Bulada, XVI). Nem lutas nem disputas: naquele tempo em que muitos partiam revestidos de pesadas armaduras, São Francisco lembrou que o cristão parte armado apenas com a sua fé humilde e o seu amor concreto. É importante a mansidão: se vivermos no mundo à maneira de Deus, tornar-nos-emos canais da sua presença; caso contrário, não daremos fruto”, disse o Papa.

Em um tempo em que, também hoje, muitos vestem armaduras, talvez virtuais, o Papa recorda que o cristão parte “armado” somente com sua “fé humilde e seu amor concreto.” Porque ele vive apenas disso. E ele sabe que somente por meio deste testemunho se anuncia o Evangelho hoje.

Ao cristão não é pedido para construir grandes obras ou para realizar gestos fulgurantes, extraordinários, sobre-humanos. O testemunho passa pela extraordinariedade do ordinário. É graças à santidade da vida cotidiana que, sem sinais extraordinários, acontece o mais surpreendente dos milagres. Assim o cristianismo floresce, se comunica por osmose, sem necessidade de estratégias de marketing, de maquinações midiáticas, de torrentes de palavras ou de habilidades como super-homens.



Eis a homilia do Santo Padre na íntegra:


“Felizes: é a palavra com que Jesus começa a sua pregação no Evangelho de Mateus. E é o refrão que Ele repete hoje, como se quisesse antes de mais nada fixar no nosso coração uma mensagem basilar: se estás com Jesus, se gostas – como os discípulos de então – de escutar a sua palavra, se procuras vivê-la cada dia, és feliz. Não serás feliz, mas és feliz: aqui está a primeira realidade da vida cristã. Esta não aparece como uma lista de prescrições exteriores para se cumprir, nem como um conjunto complexo de doutrinas para se conhecer. Primariamente, não é isso, mas saber que somos, em Jesus, filhos amados do Pai. É viver a alegria desta bem-aventurança, é compreender a vida como uma história de amor: a história do amor fiel de Deus, que nunca nos abandona e quer fazer comunhão connosco sempre. Eis o motivo da nossa alegria, uma alegria que nenhuma pessoa no mundo nem nenhuma circunstância da vida pode tirar-nos. É uma alegria que dá paz mesmo na dor, que já agora nos faz saborear a felicidade que nos espera para sempre. Amados irmãos e irmãs, na alegria de vos encontrar, esta é a palavra que vim dizer-vos: Felizes!

Embora Jesus designe felizes os seus discípulos, todavia não deixa de surpreender o motivo de cada uma das Bem-aventuranças. Neles, vemos uma inversão do pensar comum, segundo o qual são felizes os ricos, os poderosos, aqueles que têm sucesso e são aclamados pela multidão. Para Jesus, ao contrário, felizes são os pobres, os mansos, os que permanecem justos, mesmo à custa de fazerem má figura, os perseguidos. Quem tem razão: Jesus ou o mundo? Para compreender, vejamos como viveu Jesus: pobre de coisas e rico de amor, curou muitas vidas, mas não poupou a sua. Veio para servir e não para ser servido; ensinou que não é grande quem tem, mas quem dá. Justo e manso, não opôs resistência e deixou-Se condenar injustamente. E, assim, Jesus trouxe o amor de Deus ao mundo. Só assim derrotou a morte, o pecado, o medo e o próprio mundanismo: unicamente com a força do amor divino. Peçamos hoje, aqui juntos, a graça de voltar a descobrir o encanto de seguir Jesus, de O imitar, de nada mais procurar senão a Ele e seu amor humilde. Com efeito, é na comunhão com Ele e no amor pelos outros que está o sentido da vida na terra. Acreditais nisto?

Vim também para vos agradecer pelo modo como viveis o Evangelho que ouvimos. Diz-se que, entre o Evangelho escrito e o Evangelho vivido há a mesma diferença que existe entre a música escrita e a música tocada. Vós aqui conheceis a melodia do Evangelho, e viveis o entusiasmo do seu ritmo. Formais um coro que engloba uma variedade de nações, línguas e ritos; uma diversidade que o Espírito Santo ama e quer harmonizar cada vez mais para fazer uma sinfonia. Esta jubilosa polifonia da fé é um testemunho que dais a todos e que edifica a Igreja. Impressionou-me aquilo que uma vez me disse D. Hinder: não só ele se sente vosso Pastor, mas também vós, com o vosso exemplo, fazeis muitas vezes de pastor para ele.

Mas, viver como «felizes» e seguir o caminho de Jesus não significa estar sempre alegres. Quem está aflito, quem padece injustiças, quem se prodigaliza como pacificador sabe o que significa sofrer. Com certeza não é fácil, para vós, viver longe de casa e talvez sentir, além da falta das afeições mais queridas, a incerteza do futuro. Mas o Senhor é fiel e não abandona os seus. A propósito, pode ajudar-nos um episódio da vida do Abade Santo Antão, o grande iniciador do monaquismo no deserto. Deixara tudo pelo Senhor, e encontrava-se no deserto. Aqui, durante um bom período de tempo, viveu mergulhado numa áspera luta espiritual que não lhe dava tréguas, assaltado por dúvidas e obscuridades e ainda pela tentação de ceder à nostalgia e suspiros pela vida passada. Quando depois de tanto tormento o Senhor o consolou, Santo Antão perguntou-lhe: «Onde estáveis? Porque não aparecestes antes para me libertar dos sofrimentos?» Então ouviu distintamente a resposta de Jesus: «Eu estava aqui, Antão» (Santo Atanásio, Vita Antonii, 10). O Senhor está perto. Confrontados com a provação ou um período difícil, pode acontecer de pensar que estamos sozinhos, mesmo depois de ter passado muito tempo com o Senhor; nesses momentos, porém, ainda que Ele não intervenha imediatamente, caminha ao nosso lado e, se continuarmos a avançar, o Senhor abrirá um caminho novo. Pois Ele é especialista em fazer coisas novas, sabe abrir caminhos mesmo no deserto (cf. Is 43, 19).

Amados irmãos e irmãs, gostaria ainda de vos dizer que viver as Bem-aventuranças não requer gestos fulgurantes. Olhemos para Jesus: não deixou nada escrito, não construiu nada de imponente. E, quando nos disse como viver, não pediu para erguermos grandes obras ou nos salientarmos realizando feitos extraordinários. Uma única obra de arte, possível a todos, nos pediu para realizarmos: a da nossa vida. Então as Bem-aventuranças são um mapa de vida: não pedem ações sobre-humanas, mas a imitação de Jesus na vida de cada dia. Convidam-nos a manter puro o coração, a praticar a mansidão e a justiça venha o que vier, a ser misericordiosos com todos, a viver a aflição unidos a Deus. É a santidade da vida diária, que não precisa de milagres nem de sinais extraordinários. As Bem-aventuranças não são para super-homens, mas para quem enfrenta os desafios e provações de cada dia. Quem as vive à maneira de Jesus torna puro o mundo. É como uma árvore que, mesmo em terra árida, diariamente absorve ar poluído e restitui oxigênio. Faço votos de que sejais assim, bem enraizados em Jesus e prontos a fazer bem a quem está perto de vós. Que as vossas comunidades sejam oásis de paz.

Por fim, queria deter-me brevemente sobre duas Bem-aventuranças. A primeira: «Felizes os mansos» (Mt 5, 5). Não é feliz quem agride ou subjuga, mas quem mantem o comportamento de Jesus que nos salvou: manso, mesmo diante dos seus acusadores. Gosto de citar São Francisco, quando deu instruções aos frades sobre o modo como se apresentarem aos sarracenos e não-cristãos. Escreveu ele: «Que não entrassem em lutas nem disputas, mas se mantivessem sujeitos a toda a criatura humana por amor de Deus e confessassem que eram cristãos» (Regola non bollata, XVI). Nem lutas nem disputas: naquele tempo em que muitos partiam revestidos de pesadas armaduras, São Francisco lembrou que o cristão parte armado apenas com a sua fé humilde e o seu amor concreto. É importante a mansidão: se vivermos no mundo à maneira de Deus, tornar-nos-emos canais da sua presença; caso contrário, não daremos fruto.

A segunda Bem-aventurança: «Felizes os pacificadores» (Mt 5, 9). O cristão promove a paz, a começar pela comunidade onde vive. No livro do Apocalipse, entre as comunidades a que se dirige o próprio Jesus, acho que há uma parecida com a vossa: a de Filadélfia. É uma Igreja à qual o Senhor – ao contrário do que sucede com quase todas as outras – não censura nada. De facto, ela guardou a palavra de Jesus, sem renegar o seu nome, e perseverou (isto é, caminhou para diante) mesmo nas dificuldades. E há um aspeto importante: o termo Filadélfia significa amor entre os irmãos; o amor fraterno. Então uma Igreja que persevera na palavra de Jesus e no amor fraterno é agradável ao Senhor e produz fruto. Para vós, peço a graça de preservar a paz, a unidade, de cuidar uns dos outros numa bela fraternidade, onde não haja cristãos de primeira classe e de segunda.

Jesus, que vos chama «felizes», vos conceda a graça de caminhardes sempre para diante sem vos desencorajar, crescendo no amor «uns para com os outros e para com todos» (1 Ts 3, 12)”.


Catedral de São José tem elo com o Brasil


A terça-feira do Papa Francisco nos Emirados Árabes Unidos foi dedicada ao encontro do pastor com o seu rebanho. A primeira etapa foi a visita à Catedral São José, na capital Abu Dhabi.

O Santo Padre foi acolhido com grande afeto e comoção por cerca de 300 fiéis. Dom Paul Hinder apresentou ao Papa a comunidade, que por sua vez, ao saudá-la, afirmou que é uma grande alegria para ele visitar as jovens igrejas, como aquela presente nos Emirados, e agradeceu aos fiéis por seu testemunho.

A história desta Catedral está ligada ao Brasil, pois foi o então prefeito de Propaganda Fide, Card. Agnelo Rossi, quem consagrou o local de culto em 1983. A presença da Igreja no país, aliás, é recente e remonta à década de 1960, quando sacerdotes das redondezas se deslocavam a Abu Dabhi para celebrar dentro de residências. A partir dali, a atividade foi adquirindo caráter oficial, até se tornar nos dois Vicariatos no Sul da Arábia. Hoje, 100 nacionalidades frequentam a Catedral, acolhendo cerca de 100 mil paroquianos, atendidos em missas em várias línguas.



Texto e Imagem: Franciscanos.org.br
Adaptação/Grifos: Sandra Regina Oliveira OFS


quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Mensagem do Papa para o 53º Dia Mundial das Comunicações Sociais



(2 DE JUNHO DE 2019)

“Somos membros uns dos outros” (Ef 4, 25): 
das comunidades de redes sociais à comunidade humana.




Queridos irmãos e irmãs!

Desde quando se tornou possível dispor da internet, a Igreja tem sempre procurado que o seu uso sirva o encontro das pessoas e a solidariedade entre todos. Com esta Mensagem, gostaria de vos convidar uma vez mais a refletir sobre o fundamento e a importância do nosso ser-em-relação e descobrir, nos vastos desafios do atual panorama comunicativo, o desejo que o homem tem de não ficar encerrado na própria solidão.


As metáforas da rede e da comunidade


Hoje, o ambiente dos mass-media é tão invasivo que já não se consegue separar do círculo da vida quotidiana. A rede é um recurso do nosso tempo: uma fonte de conhecimentos e relações outrora impensáveis. Mas numerosos especialistas, a propósito das profundas transformações impressas pela tecnologia às lógicas da produção, circulação e fruição dos conteúdos, destacam também os riscos que ameaçam a busca e a partilha duma informação autêntica à escala global. Se é verdade que a internet constitui uma possibilidade extraordinária de acesso ao saber, verdade é também que se revelou como um dos locais mais expostos à desinformação e à distorção consciente e pilotada dos factos e relações interpessoais, a ponto de muitas vezes cair no descrédito.

É necessário reconhecer que se, por um lado, as redes sociais servem para nos conectarmos melhor, fazendo-nos encontrar e ajudar uns aos outros, por outro, prestam-se também a um uso manipulador dos dados pessoais, visando obter vantagens no plano político ou econômico, sem o devido respeito pela pessoa e seus direitos. As estatísticas relativas aos mais jovens revelam que um em cada quatro adolescentes está envolvido em episódios de cyberbullying.[1]

Na complexidade deste cenário, pode ser útil voltar a refletir sobre a metáfora da rede, colocada inicialmente como fundamento da internet para ajudar a descobrir as suas potencialidades positivas. A figura da rede convida-nos a refletir sobre a multiplicidade de percursos e nós que, na falta de um centro, uma estrutura de tipo hierárquico, uma organização de tipo vertical, asseguram a sua consistência. A rede funciona graças à comparticipação de todos os elementos.

Reconduzida à dimensão antropológica, a metáfora da rede lembra outra figura densa de significados: a comunidade. Uma comunidade é tanto mais forte quando mais for coesa e solidária, animada por sentimentos de confiança e empenhada em objetivos compartilháveis. Como rede solidária, a comunidade requer a escuta recíproca e o diálogo, baseado no uso responsável da linguagem.

No cenário atual, salta aos olhos de todos como a comunidade de redes sociais não seja, automaticamente, sinônimo de comunidade. No melhor dos casos, tais comunidades conseguem dar provas de coesão e solidariedade, mas frequentemente permanecem agregados apenas indivíduos que se reconhecem em torno de interesses ou argumentos caraterizados por vínculos frágeis. Além disso, na social web, muitas vezes a identidade funda-se na contraposição ao outro, à pessoa estranha ao grupo: define-se mais a partir daquilo que divide do que daquilo que une, dando espaço à suspeita e à explosão de todo o tipo de preconceito (étnico, sexual, religioso, e outros). Esta tendência alimenta grupos que excluem a heterogeneidade, alimentam no próprio ambiente digital um individualismo desenfreado, acabando às vezes por fomentar espirais de ódio. E, assim, aquela que deveria ser uma janela aberta para o mundo, torna-se uma vitrine onde se exibe o próprio narcisismo.

A rede é uma oportunidade para promover o encontro com os outros, mas pode também agravar o nosso auto-isolamento, como uma teia de aranha capaz de capturar. Os adolescentes é que estão mais expostos à ilusão de que a social web possa satisfazê-los completamente a nível relacional, até se chegar ao perigoso fenômeno dos jovens «eremitas sociais», que correm o risco de se alhear totalmente da sociedade. Esta dinâmica dramática manifesta uma grave rutura no tecido relacional da sociedade, uma laceração que não podemos ignorar.

Esta realidade multiforme e insidiosa coloca várias questões de caráter ético, social, jurídico, político, econômico, e interpela também a Igreja. Enquanto cabe aos governos buscar as vias de regulamentação legal para salvar a visão originária duma rede livre, aberta e segura, é responsabilidade ao alcance de todos nós promover um uso positivo da mesma.

Naturalmente não basta multiplicar as conexões, para ver crescer também a compreensão recíproca. Então, como reencontrar a verdadeira identidade comunitária na consciência da responsabilidade que temos uns para com os outros inclusive na rede on-line?


Somos membros uns dos outros


Pode-se esboçar uma resposta a partir duma terceira metáfora – o corpo e os membros – usada por São Paulo para falar da relação de reciprocidade entre as pessoas, fundada num organismo que as une. «Por isso, despi-vos da mentira e diga cada um a verdade ao seu próximo, pois somos membros uns dos outros» (Ef 4, 25). O facto de sermos membros uns dos outros é a motivação profunda a que recorre o Apóstolo para exortar a despir-se da mentira e dizer a verdade: a obrigação de preservar a verdade nasce da exigência de não negar a mútua relação de comunhão. Com efeito, a verdade revela-se na comunhão; ao contrário, a mentira é recusa egoísta de reconhecer a própria pertença ao corpo; é recusa de se dar aos outros, perdendo assim o único caminho para se reencontrar a si mesmo.

A metáfora do corpo e dos membros leva-nos a refletir sobre a nossa identidade, que se funda sobre a comunhão e a alteridade. Como cristãos, todos nos reconhecemos como membros do único corpo cuja cabeça é Cristo. Isto ajuda-nos a não ver as pessoas como potenciais concorrentes, considerando os próprios inimigos como pessoas. Já não tenho necessidade do adversário para me autodefinir, porque o olhar de inclusão, que aprendemos de Cristo, faz-nos descobrir a alteridade de modo novo, ou seja, como parte integrante e condição da relação e da proximidade.

Uma tal capacidade de compreensão e comunicação entre as pessoas humanas tem o seu fundamento na comunhão de amor entre as Pessoas divinas. Deus não é Solidão, mas Comunhão; é Amor e, consequentemente, comunicação, porque o amor sempre comunica; antes, comunica-se a si mesmo para encontrar o outro. Para comunicar connosco e Se comunicar a nós, Deus adapta-Se à nossa linguagem, estabelecendo na história um verdadeiro e próprio diálogo com a humanidade (cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Dei Verbum, 2).

Em virtude de termos sido criados à imagem e semelhança de Deus, que é comunhão e comunicação-de-Si, trazemos sempre no coração a nostalgia de viver em comunhão, de pertencer a uma comunidade. Como afirma São Basílio, «nada é tão específico da nossa natureza como entrar em relação uns com os outros, ter necessidade uns dos outros».[2]

O panorama atual convida-nos, a todos nós, a investir nas relações, a afirmar – também na rede e através da rede – o caráter interpessoal da nossa humanidade. Por maior força de razão nós, cristãos, somos chamados a manifestar aquela comunhão que marca a nossa identidade de crentes. De facto, a própria fé é uma relação, um encontro; e nós, sob o impulso do amor de Deus, podemos comunicar, acolher e compreender o dom do outro e corresponder-lhe.

É precisamente a comunhão à imagem da Trindade que distingue a pessoa do indivíduo. Da fé num Deus que é Trindade, segue-se que, para ser eu mesmo, preciso do outro. Só sou verdadeiramente humano, verdadeiramente pessoal, se me relacionar com os outros. Com efeito, o termo pessoa conota o ser humano como «rosto», voltado para o outro, comprometido com os outros. A nossa vida cresce em humanidade passando do caráter individual ao caráter pessoal; o caminho autêntico de humanização vai do indivíduo que sente o outro como rival para a pessoa que nele reconhece um companheiro de viagem.


Do like ao amen


A imagem do corpo e dos membros recorda-nos que o uso da social web é complementar do encontro em carne e osso, vivido através do corpo, do coração, dos olhos, da contemplação, da respiração do outro. Se a rede for usada como prolongamento ou expetação de tal encontro, então não se atraiçoa a si mesma e permanece um recurso para a comunhão. Se uma família utiliza a rede para estar mais conectada, para depois se encontrar à mesa e olhar-se olhos nos olhos, então é um recurso. Se uma comunidade eclesial coordena a sua atividade através da rede, para depois celebrar juntos a Eucaristia, então é um recurso. Se a rede é uma oportunidade para me aproximar de casos e experiências de bondade ou de sofrimento distantes fisicamente de mim, para rezar juntos e, juntos, buscar o bem na descoberta daquilo que nos une, então é um recurso.

Assim, podemos passar do diagnóstico à terapia: abrir o caminho ao diálogo, ao encontro, ao sorriso, ao carinho… Esta é a rede que queremos: uma rede feita, não para capturar, mas para libertar, para preservar uma comunhão de pessoas livres. A própria Igreja é uma rede tecida pela Comunhão Eucarística, onde a união não se baseia nos gostos [«like»], mas na verdade, no «amen» com que cada um adere ao Corpo de Cristo, acolhendo os outros.

Vaticano, na Memória de São Francisco de Sales, 24 de janeiro de 2019.

Franciscus



[1] Para circunscrever o fenómeno, será instituído um Observatório internacional sobre cyberbullying, com sede no Vaticano.

[2] Grandes Regras, III, 1: PG 31, 917. Cf. Bento XVI, Mensagem para o XLIII Dia Mundial das Comunicações Sociais (2009).


sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

São Paulo Ibaraki - Mártir da terceira ordem



Mártir japonês da Terceira Ordem (+1597). Canonizado por Pio IX em 8 de junho de 1862.


Os missionários franciscanos na efervescência do cristianismo no Japão, difundiram amplamente a Terceira Ordem para melhor formar os colaboradores em seu apostolado. Muitos terciários prestaram generosamente sua colaboração como catequistas, enfermeiros, mestres nas escolas, colaboradores na evangelização.

Deus abençoou esses bravos ajudantes com muitas conversões dos pagãos. Quando aconteceu a perseguição contra os cristãos, eram 170 na Ordem Terceira. Eles declararam veementemente: “Somos todos cristãos, discípulos dos missionários franciscanos; com eles temos aprendido a fé em Cristo e com eles queremos morrer!” Os oficiais do império se limitaram a capturar doze terciários de Meaco, três de Osaka e logo em seguida se uniram a outros dois.

Assim, foram dezessete terciários que derramaram seu sangue pela causa de Cristo, entre eles estava Paulo Ibaraki, nascido no reino japonês e convertido ao cristianismo por São Leão Karasuma. Ele desenvolveu grande parte de suas atividades na região de Meaco, colaborando com os franciscanos na difusão do catolicismo, na assistência aos enfermos, como enfermeiro. Submeteu seu corpo a severas penitências. Em 1596, após um período de tolerância religiosa, Taicosama, imperador, ordenou que fossem presos os franciscanos e seus colaboradores.

Também Paulo foi capturado e condenado à morte. A sentença devia ser cumprida em Nagasaki, mas antes, porém, com seus irmãos, foi submetido a duras provas. Sua orelha esquerda foi cortada, exposto ao desprezo da população e depois conduzido pelas ruas da cidade. Morreu crucificado em 5 de fevereiro de 1597. Os enfermeiros dos hospitais e das clínicas deviam ver em São Paulo Ibaraki seu patrono e protetor na assistência aos enfermos para exercer com amor a profissão e missão junto aos doentes de corpo de alma.



Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Adaptação/grifos: Sandra Regina Oliveira OFS