segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

NOSSA REGRA É NOSSA VIDA - Revendo os passos dados

Capítulo Avaliativo da Ordem Franciscana Secular
De 25 a 27 de março de 2011

NOSSA REGRA É NOSSA VIDA
Revendo os passos dados
Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM (*) 

A Regra e a vida dos franciscanos  seculares é esta: observar o Evangelho de Nosso Senhor  Jesus Cristo segundo o exemplo de São Francisco de Assis, que fez do Cristo o inspirador e centro de sua vida com Deus e com os homens  ( Regra n.4).
E depois que o Senhor me deu irmãos, ninguém me mostrou o que eu devia fazer, mas o Altíssimo mesmo me revelou que eu devia viver segundo a forma do Santo Evangelho  (Testamento 14).

Introdução
De 25 a 27  de março de 2011, os irmãos e irmãs da Ordem Franciscana Secular  estarão reunidos em Capítulo Avaliativo na cidade do Rio de Janeiro. Franciscanos seculares de todo o país se deslocarão para viverem juntos a experiência do Capítulo. Foi escolhido como tema do encontro, assunto importante para a vida dos seculares:  Nossa Regra é nossa vida. Os terceiros franciscanos dispõem de um texto “inspiracional” de sua caminhada e que se traduz na Regra aprovada por Paulo VI, em 1978.  Necessário se faz voltar sempre  a este documento básico.  Normal que num capítulo avaliativo sejam examinados os passos dados nos últimos tempos e que, retomando o fôlego,  os irmãos  possam olhar com coragem para a meta que está diante de seus olhos. O que queremos? Para onde vamos? O que deu certo? O que precisa ser melhorado?  Momento de revisão e de avaliação.

1. Viver é uma graça. O Senhor nos tirou do não existir, teceu as fibras de nosso corpo no seio de nossa mãe e tivemos a ventura de conhecer o mundo, as pessoas, a vida e fazer parte deste cortejo de homens e mulheres que percorrem os caminhos do mundo.  Sentimo-nos, literalmente, peregrinos e forasteiros,  na busca da plena realização de nossos dias. Sentimo-nos chamados a viver intensamente e não passar em brancas nuvens. Muitos de nós, no seio da família e da primeira infância, junto com o leite e o pão, o carinho e o afeto,  viemos a encontrar a adorável figura de Jesus, o Cristo ressuscitado.  Somos discípulos de Cristo e essa característica faz parte de nossa identidade. Não cansamos de dizer a nós mesmos que somos cristãos e que precisamos viver à altura.  Hoje, a Igreja nos pede que vivamos intensamente o seguimento do Senhor, no sentido de sermos discípulos missionários. Tivemos ainda a graça de conhecer um caminho todo especial. Quisemos ser cristãos  à maneira de Francisco e de Clara. Por uma graça toda particular, no seio da família franciscana, os seculares constituem a presença do carisma no meio do mundo, na organização de uma sociedade que seja prefiguração do reino. Somos franciscanos seculares e selamos esta decisão com a profissão solene que emitimos de viver a busca da santidade à maneira de Francisco em nosso estado secular. E vamos fazendo nossa caminhada. O Conselho Nacional acompanha esta caminhada em todo o país.

2. Estamos para realizar um capítulo de âmbito nacional, momento de bênção, de diálogo, de graça.  Não se trata de uma reunião formal e fria. Mas um momento importante para o amanhã da  vida dos franciscanos seculares.  Éloi Leclerc, comentando a importância dos capítulos no tempo de São Francisco, assim se exprime: “Uma ou duas vezes por ano todos os frades se reúnem em capítulo. Esses encontros  desempenham um papel importantíssimo na vida da fraternidade. Os capítulos não são somente um tempo forte durante o qual os irmãos, na alegria do reencontro, se reabastecem  na oração e no louvor, mas também ocasião de tomada de consciência comum: todos e cada um se sentem solidários e responsáveis pela vida do grupo e por sua missão no mundo (...). Nessas assembleias democráticas, onde reina a grande liberdade dos filhos de Deus, os irmãos discutem seus problemas, comunicam suas experiências e escolhem seus responsáveis.  Elaboram, redigem e promulgam leis, definem orientações e tomam grandes decisões que nortearão o futuro da comunidade” (em Francisco de Assis. O Retorno ao Evangelho, p. 60-61). Quais as luzes e as sombras que levaremos ao Capítulo? O tempo é de renovação e de reinvenção. O que propomos concretamente para o revigoramento de nossa Ordem no Brasil? Que análise fazemos de nossas regiões e áreas? O que acontece nas visitas fraterno-pastorais? Qual a qualidade de nossos capítulos em todos os níveis?

3. Vivemos no mundo, vivemos na Igreja, vivemos na Ordem, vivemos transformações. Não é aqui o lugar de elencar todos os desafios e preocupações que habitam em  nós, franciscanos, na Igreja e no mundo.  Nesse contexto é que a Regra é nossa vida. Nada está terminado. Temos que recomeçar, como dizia Francisco, porque até aqui pouco ou nada fizemos. Há questões que precisam ser respondidas. Há sombras: individualismo exacerbado, indiferença para com o próximo, exclusão, marginalização, drogas, esvaziamento de nossas paróquias, proliferação de seitas, ministros da Igreja nem sempre cheios de entusiasmo, envelhecimento dos membros de nossa Ordem, dificuldades em alimentar a fé das pessoas, falta de um atendimento sistemático  aos jovens, desmotivação, leigos que não conseguem chegar a uma maturidade humana e cristã, um número razoável de irmãos e irmãs que pedem “afastamento”.  Por vezes, uma pergunta nos trabalha:  Até que ponto nossa Ordem consegue exprimir-se?  Que significado têm nossas fraternidades franciscanas nas paróquias e dioceses?

4. Algumas convicções e luzes nos estimulam e nos fazem pessoas esperançosas. Vemos surgir aqui e ali movimentos de renovação evangélica.  Há fraternidades franciscanas promissoras.  Francisco de Assis continua atraindo. Nesse contexto nos lembramos da Regra que é nossa vida. Precisamos nos deter em seu texto que é alimento para nossa vocação e a vivência da Regra será nossa contribuição para o surgimento de um mundo renovado. Não podemos desvincular a Regra de Paulo VI à vivência profunda do Evangelho. Quando um Capítulo escolhe como tema Nossa Regra é nossa vida  está apontando para um sério retorno ao Evangelho. Num mundo burocratizado, diante de expressões religiosas fixistas e imóveis, diante de um mundo que parece levar as pessoas a terem como sentido de sua vida o viver o presente, o usufruir das coisas, o esquecimento do leproso, nós temos a obrigação de viver a Regra do Evangelho.  Não podemos deixar de dizer que a Regra ainda não foi assimilada pela Ordem.  Precisamos sempre de novo mergulhar em suas riquezas para chegar a viver uma identidade franciscana secular.

5. Os franciscanos seculares são leigos que buscam a santidade. Não querem ser cristãos de repetição de gestos e ritos, orações e ações nem sempre nascidas no fundo do coração. Os que buscam nossas fileiras são pessoas (ou deveriam ser) apaixonadas pelo fogo do Evangelho. Esta paixão se traduz na vivência do duplo amor: amar o Senhor e os irmãos. Na vida de todos os dias, na família, na fraternidade franciscana,  no trabalho dedicado à implantação, chamado Reino, os franciscanos seculares,  “impulsionados pelo Espírito a atingir a perfeição da caridade no próprio estado secular, são empenhados pela Profissão a viver o Evangelho  à maneira de Francisco e mediante esta Regra confirmada pela Igreja” (n.2). Sempre temos saudades do Evangelho. O Evangelho nos “picou” e deixou em nós seu “vírus”.

6. Querer refletir sobre o tema da Regra que é nossa vida forçosamente nos leva a reencontrar, redescobrir a força do Evangelho.  O peso, o conservadorismo das instituições, uma tradição com t minúsculo, o espírito das aparências, o  dogmatismo frio  talvez tenham feito com que as pessoas se afastassem da força do Evangelho.  Um autor franciscano afirma que a  Palavra é dita a partir dos púlpitos e ambãos, em talkshows e reuniões religiosas com forte presença do povo. Não basta isso. Na verdade, Jesus é a boa nova, o Evangelho.  Faz bem ler e reler os Atos dos Apóstolos, as epístolas de Paulo onde o tudo é perpassado pelo fogo do Evangelho.  Nossa Igreja, depois de Constantino, sempre teve a tentação de se identificar com os grandes e com o poder. Francisco de Assis redescobriu o evangelho das grutas, da simplicidade, da pobreza, do amor que precisa ser amado, do leproso que necessita de cuidados.

7. Um documento antigo da Ordem Franciscana Secular na França se compraz em colocar em relevo o viver o Evangelho. Viver o Evangelho é viver a Regra. “Como São Francisco, queremos fazer do Evangelho a fonte de nossa vida. A ele nos referimos constantemente. Tal empenho não  acontece apenas no começo, mas ao longo de toda  a nossa vida, não ocasionalmente, mas o mais frequentemente possível, persuadidos de que nunca esgotaremos a riqueza do Evangelho.  Frequentando o Evangelho é a Cristo que queremos acolher e encontrar: o Cristo vivo simplesmente presente no meio dos homens, presente no mundo, nos acontecimentos, na história, o Cristo, rosto humano de Deus, Filho único do Pai e  testemunha de seu amor pelos homens; o Cristo tipo acabado do homem, em relação com seu Pai e com os homens; o  Cristo,  cumprindo e realizando através de tudo o que constitui sua vida a salvação do mundo e a glória do Pai”.

8. A  Regra da OFS, feita de pedaços da Escritura e de orientações oficiais da Igreja,  contém essencialmente o Evangelho.  Por isso, no rosto dos franciscanos aparecerão traços evangélicos:  uma vida pessoal e familiar de singeleza e simplicidade, vida de despojamento sem requintes competitivos e posturas que humilham; pessoas que vivem para servir e servem para viver; verdadeiros irmãos de seus irmãos de dentro e de fora, irmão não de discursos, mas de fato; gente laboriosa que trabalha sem perder o espírito da santa oração; pessoas que se alimentam cotidianamente da  Palavra e da Eucaristia; pessoas que salpicam com a água do Evangelho tudo o que tocam e fazem, ou seja, seu trabalho pastoral, sua missão de pai e de mãe; pessoas que sabem acolher a cruz e que vivem no meio das provações o espirito da perfeita alegria; pessoas que se achegam dos mais simples e pobres; gente que não existe para si mas para que o amor seja amado.  Essa é a nossa vida.

9. Retomamos uma reflexão de Éloi Leclerc. Ele nos fala de um espírito evangélico capaz de fazer cair as barreiras entre os homens. “Qual é esse espírito capaz de destruir os muros da separação e reaproximar os homens? O ponto nevrálgico de toda ação evangélica, como também seu melhor critério de autenticidade será sempre o empenho de mostrar abertamente o que a Boa Nova encerra de mais admirável, talvez até mesmo de “escandaloso”  para certos homens “religiosos”: Deus, em seu Filho, quis aproximar-se dos pecadores, dos excluídos, dos condenados.  Veio buscar os que estavam perdidos, aproximar-se dos que estavam mais afastados, fazer-se amigo deles, sentar-se à mesa em sinal de reconciliação. Este é o cerne da Boa Nova. Tal mensagem não pode ser mero assunto de um discurso. Não pode ser apenas captada por uma pregação no alto de um púlpito ou de uma tribuna. É percebida através de modos de comportamento e no engajamento de uma existência. Exprime-se na cotidiana sensibilidade e atenção para com as angústias dos homens. Comunica-se através da amizade, qualquer coisa como uma cumplicidade fraterna. É precisamente isto que os contemporâneos descobrem em Francisco.  Este homem de Deus nunca  se colocava acima de ninguém” (Francisco de Assis. Retorno ao Evangelho, p 54-55).

10. Estamos sempre girando em torno do Evangelho. Nossa vida é nossa regra e nossa regra é o evangelho, de modo muito particular o evangelho dos excluídos, dos sofredores, dos mais abandonados. Não somos uma associação piedosa, mas leigos evangélicos que se aproximam do que é mais frágil.   Jean-François  Godet Calogeras fala da experiência franciscana fundadora: “Todas as aventuras humanas começam por uma experiência fundadora. A experiência fundadora do movimento franciscano está vinculada aos leprosos. Foi servindo aos leprosos e deles cuidando que Francisco fez a experiência de Deus e da felicidade, experiência que ele descreve no seu Testamento  como uma passagem do amargo para o doce. Foi, então, que ele compreendeu que estava na trilha errada aderindo aos princípios da nova Comuna de Assis, cuja paz e felicidade estavam fundadas na apropriação e acumulação de bens materiais, sem levar em conta  os que não eram contados, não pertencendo a uma minoria privilegiada. Foi aí que Francisco compreendeu que devia mudar e voltar ao Evangelho, a boa nova proclamada aos pobres. A experiência fundadora  de Francisco foi a de que irmãos e irmãs humanos  ali estavam e que não podiam ser deixados de lado. Não era justo.  Isso era importante para Deus porque Deus estava ali. Para os primeiros franciscanos construir uma vida segundo o Evangelho não queria dizer fugir para longe, mas oferecer uma sociedade alternativa  fundada sobre a economia evangélica do serviço e da partilha, nas portas de Assis, no país de Deus”. Sem privilegiar este ou aquele tópico da  Regra, talvez se pudesse aqui chamar atenção para algumas orientações fundamentais da Regra que é nossa vida:

11. Como irmãos e irmãs da penitência, em virtude de sua vocação, impulsionados pela dinâmica do Evangelho, conformem seu modo de pensar e de agir ao de Cristo, mediante uma transformação interior que o Evangelho chama de conversão ( cf. Regra n. 7).  Trata-se de viver em estado de conversão, acolhimento do perdão, transformar o doce em amargo, aproximar-se daquilo que faz o encanto do Cristo pobre e não  querer servir ao próprio ego.  Importância do sacramento da reconciliação na vida e no exame constante de nossa consciência.
  • No espirito das bem-aventuranças se esforcem para purificar o coração de toda inclinação e avidez de posse e de dominação, como peregrinos e forasteiros  a caminho da casa do Pai (cf. Regra 10). Franciscanos leves, caminhando, sempre a caminho, no mundo, com outros...sem peso, sem prosa, sem superioridade.
  • Estejam presentes pelo testemunho da própria vida humana, com iniciativas corajosas, pessoais ou comunitárias promovam a justiça com ações concretas (cf. Regra 15).  Criarão condições dignas para os mais pequeninos  (cf.  Regra 13).
  • Assim como o próprio  Jesus foi o verdadeiro adorador do Pai, façam da oração e da contemplação  a alma de seu ser e de seu agir (cf. Regra  n.8).  Não podemos negligenciar a vida de oração:  missa, oficio diário, crescimento na contemplação, no meio do trabalho não perder o espirito da santa devoção e da oração.
12. Assim, os franciscanos sempre sentem saudades do Evangelho e a Regra de Paulo VI colocou em nossas mãos o Evangelho na ótica franciscana.  Gostaria ainda de  fazer alusão a uns poucos tópicos da vida da OFS que merecem ser avaliados neste Capítulo. Nas visitas fraterno pastorais, verificamos lacunas e brechas que precisam ser sanadas:
  • Sempre de novo será preciso trabalhar na busca da identidade franciscana. O tema vem sendo tratado há anos: respirar espiritualidade evangélica, valorizar aquilo que nos torna cristãos discípulos de Francisco, não priorizar outras atividades e outras espiritualidades, vestir a camisa do carisma.  Muitas deficiências nascem da falta de vocação e de identificação franciscanas.

  • Palavra importante é fidelidade. Fidelidade à verdade de cada um. Fidelidade ao Cristo vivo. Fidelidade à profissão emitida.  Sempre de novo a fidelidade.  Fidelidade à sua fraternidade local.  Fidelidade a tudo que diz respeito à Ordem.  Não aceitar que as coisas corram e aconteçam.

  • Difícil construir a maturidade humana, cristã e franciscana. Nosso tempo é feito de pessoas imaturas. Imaturidade no casamento, na paternidade, na administração dos bens. Há uma maturidade de comportamento, de respeito ao que é dos outros, na hora de assumir um encargo.  Há pessoas imaturas que serão eternos adolescentes incapazes de fazer escolhas com seriedade e profundidade. Quantas vezes notamos certa sede  de poder, vontade de aparecer, suscetibilidades infantis. Quanta imaturidade no caminho da espiritualidade quando as pessoas não são capazes de assumir a cruz em suas vidas.

  • Estamos preocupados com o elevado número de irmãos e irmãs que pedem afastamento.  As mais das vezes o afastamento é solicitado por causa de melindres e suscetibilidades.  Os irmãos precisam ser corrigidos fraternalmente para que eles não joguem fora o tesouro da vocação, da profissão e assim tirem o brilho de nossa Ordem.

  • Estamos fazendo um esforço de revitalização das reuniões gerais e de nossa fraternidade local.   Será estamos convencidos da importância da qualidade de nossas reuniões do ponto de vista da oração, do estudo, de expressão de fraternidade, de estratégias para a missão?

  • As visitas fraterno-pastorais regionais e locais não podem ser apenas o cumprimento de  formalismos. Irmãos, mensageiros da paz e do bem, visitam irmãos, corrigem o que está torto, cobram carinhosamente.  Nestas visitas haverá de se insistir no espírito de  serviço e de corresponsabilidade em todos os âmbitos.
Conclusão
O Capítulo Avaliativo de março de 2011  deve colocar diante de nossos olhos uma vez mais  a perspectiva de vivermos nosso dia-a-dia à luz do Evangelho e da força do Evangelho que é Cristo de tal sorte que, no final da caminhada pessoal e das fraternidades, possamos dizer que vivemos, como Francisco, a aventura do Evangelho.  Deus abriu caminhos que seguimos com generosidade e  o amargo se tornou doce.
Questões a serem discutidas em fraternidade
  • O que mais chamou sua atenção neste texto preparatório para o Capítulo  avaliativo de março de 2011?
  • Quando se estuda a Regra o que, a seu ver, parece fundamental?
  • Como a Regra pode responder a certas sombras de nossos tempos sobretudo as que se referem ao individualismo, indiferentismo,
  • Que traços deveria ter um franciscano secular que vive a Regra?
  • Como andam nossas reuniões gerais e a vida de nossas fraternidades locais?
  • Como se pode chegar a uma maturidade humana, cristã, franciscana  e missionária?
(*) Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM
Assistente Nacional da OFS pela OFM e Assistente Regional do Sudeste III

Evangelho do dia - 31/01/2011


Mc 5,1-20
Libertar o homem ou possuir bens?
 
-* 1 Jesus e seus discípulos chegaram à outra margem do mar, na região dos gerasenos. 2 Logo que Jesus saiu da barca, um homem possuído por um espírito mau saiu de um cemitério e foi ao seu encontro. 3 Esse homem morava no meio dos túmulos e ninguém conseguia amarrá-lo, nem mesmo com correntes. 4 Muitas vezes tinha sido amarrado com algemas e correntes, mas ele arrebentava as correntes e quebrava as algemas. E ninguém era capaz de dominá-lo. 5 Dia e noite ele vagava entre os túmulos e pelos montes, gritando e ferindo-se com pedras.
6 Vendo Jesus de longe, o endemoninhado correu, caiu de joelhos diante dele 7 e gritou bem alto: «Que há entre mim e ti, Jesus, Filho do Deus altíssimo? Eu te peço por Deus, não me atormentes!» 8 O homem falou assim, porque Jesus tinha dito: «Espírito mau, saia desse homem!» 9 Então Jesus perguntou: «Qual é o seu nome?» O homem respondeu: «Meu nome é ‘Legião’, porque somos muitos.» 10 E pedia com insistência para que Jesus não o expulsasse da região.
11 Havia aí perto uma grande manada de porcos, pastando na montanha. 12 Os espíritos maus suplicaram: «Manda-nos para os porcos, para que entremos neles.» 13 Jesus deixou. Os espíritos maus saíram do homem e entraram nos porcos. E a manada - mais ou menos uns dois mil porcos - atirou-se monte abaixo para dentro do mar, onde se afogou.
14 Os homens que guardavam os porcos saíram correndo e espalharam a notícia na cidade e nos campos. E as pessoas foram ver o que tinha acontecido. 15 Foram até Jesus, viram o endemoninhado sentado, vestido e no seu perfeito juízo, ele que antes estava possuído pela Legião. E ficaram com medo. 16 Os que tinham presenciado o fato explicaram para as pessoas o que tinha acontecido com o endemoninhado e com os porcos. 17 Então começaram a suplicar que Jesus fosse embora da região deles.
18 Enquanto Jesus entrava de novo na barca, o homem que tinha sido endemoninhado pediu-lhe que o deixasse ficar com ele. 19 Jesus, porém, não deixou. E, em troca, lhe disse: «Vá para casa, para junto dos seus, e anuncie para eles tudo o que o Senhor, em sua misericórdia, fez por você.» 20 Então o homem foi embora e começou a pregar pela Decápole tudo o que Jesus tinha feito por ele. E todos ficavam admirados.

* 5,1-20: A atitude dos que pedem que Jesus vá embora é a mesma de uma sociedade que valoriza mais a posse dos bens do que a libertação dos alienados e escravizados. Em primeiro lugar, Deus quer que o homem viva. A sociedade que põe qualquer coisa acima da vida humana é sociedade que rejeita Jesus.

Evangelho do dia - 30/01/2011



Mt 5,1-12a
Bem-aventuranças: anseio por um mundo novo 
 
-* 1 Jesus viu as multidões, subiu à montanha e sentou-se. Os discípulos se aproximaram, 2 e Jesus começou a ensiná-los: 3 «Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu. 4 Felizes os aflitos, porque serão consolados. 5 Felizes os mansos, porque possuirão a terra. 6 Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. 7 Felizes os que são misericordiosos, porque encontrarão misericórdia. 8 Felizes os puros de coração, porque verão a Deus. 9 Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. 10 Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu. 11 Felizes vocês, se forem insultados e perseguidos, e se disserem todo tipo de calúnia contra vocês, por causa de mim. 12 Fiquem alegres e contentes, porque será grande para vocês a recompensa no céu.»

* 5,1-12: As bem-aventuranças são o anúncio da felicidade, porque proclamam a libertação, e não o conformismo ou a alienação. Elas anunciam a vinda do Reino através da palavra e ação de Jesus. Estas tornam presente no mundo a justiça do próprio Deus. Justiça para aqueles que são inúteis ou incômodos para uma estrutura de sociedade baseada na riqueza que explora e no poder que oprime

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Evangelho do dia - 28/01/2011

Mc 4,26-34
A missão de Jesus é irresistível
 

-* 26 E Jesus continuou dizendo: «O Reino de Deus é como um homem que espalha a semente na terra. 27 Depois ele dorme e acorda, noite e dia, e a semente vai brotando e crescendo, mas o homem não sabe como isso acontece. 28 A terra produz fruto por si mesma: primeiro aparecem as folhas, depois a espiga e, por fim, os grãos enchem a espiga. 29 Quando as espigas estão maduras, o homem corta com a foice, porque o tempo da colheita chegou.»

A missão atinge o mundo inteiro -
* 30 Jesus dizia ainda: «Com que coisa podemos comparar o Reino de Deus? Que parábola podemos usar? 31 O Reino é como uma semente de mostarda, que é a menor de todas as sementes da terra. 32 Mas, quando é semeada, a mostarda cresce e torna-se maior que todas as plantas; ela dá ramos grandes, de modo que os pássaros do céu podem fazer ninhos em sua sombra.»
33 Jesus anunciava a Palavra usando muitas outras parábolas como essa, conforme eles podiam compreender. 34 Para a multidão Jesus só falava com parábolas, mas, quando estava sozinho com os discípulos, ele explicava tudo.

* 26-29: A missão de Jesus é portadora do Reino de Deus e da transformação que ele provoca. Uma vez iniciada, a ação de Jesus cresce e produz fruto de maneira imprevisível e irresistível.
* 30-34: Diante das estruturas e ações deste mundo, a atividade de Jesus e daqueles que o seguem parece impotente, e mesmo ridícula. Mas ela crescerá, até atingir o mundo inteiro.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Evangelho do dia - 27/01/2011

Mc 4,21-25
Ouvir e agir
 

-* 21 Jesus continuou: «Quem é que traz uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma vasilha ou debaixo da cama? Não a coloca no candeeiro? 22 Com efeito, tudo o que está escondido deverá tornar-se manifesto, e tudo o que está em segredo deverá ser descoberto. 23 Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.»
24 E Jesus dizia ainda: «Prestem atenção no que vocês ouvem: com a mesma medida com que vocês medirem, também vocês serão medidos; e será dado ainda mais para vocês. 25 Para aquele que tem alguma coisa, será dado ainda mais; para aquele que não tem, será tirado até mesmo o que ele tem.»

* 21-25:
A libertação iniciada por Jesus não é para ser abafada ou ficar escondida, mas para se tornar conhecida e contagiar a todos. Quem acolhe a Boa Notícia, aprende a ver e agir de acordo com a visão e a ação de Jesus. E a compreensão vai aumentando à medida que se age. Quem não age, perde até mesmo a pouca compreensão que já tem.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Evangelho do dia - 26/01/2011

Lc 10,1-9
Os anunciadores do Reino

 

-* 1 O Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos, e os enviou dois a dois, na sua frente, para toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir. 2 E lhes dizia: «A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso peçam ao dono da colheita que mande trabalhadores para a colheita. 3 Vão! Estou enviando vocês como cordeiros para o meio de lobos. 4 Não levem bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não parem no caminho, para cumprimentar ninguém. 5 Em qualquer casa onde entrarem, digam primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’ 6 Se aí morar alguém de paz, a paz de vocês irá repousar sobre ele; se não, ela voltará para vocês. 7 Permaneçam nessa mesma casa, comam e bebam do que tiverem, porque o trabalhador merece o seu salário. Não fiquem passando de casa em casa. 8 Quando entrarem numa cidade, e forem bem recebidos, comam o que servirem a vocês, 9 curem os doentes que nela houver. E digam ao povo: ‘O Reino de Deus está próximo de vocês!’

* 10,1-16: Os discípulos são organizados por Jesus para anunciarem a Boa Notícia no caminho e começarem a realizar os atos que concretizam o Reino. Aqueles que não quiserem aderir à Boa Notícia ficarão fora da nova história.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Evangelho do dia - 25/01/2010

Mc 16,15-18
Jesus aparece aos onze discípulos
 

15 Então Jesus disse-lhes: «Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Notícia para toda a humanidade. 16 Quem acreditar e for batizado, será salvo. Quem não acreditar, será condenado. 17 Os sinais que acompanharão aqueles que acreditarem são estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas; 18 se pegarem cobras ou beberem algum veneno, não sofrerão nenhum mal; quando colocarem as mãos sobre os doentes, estes ficarão curados.» 19 Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao céu, e sentou-se à direita de Deus. 20 Os discípulos então saíram e pregaram por toda parte. O Senhor os ajudava e, por meio dos sinais que os acompanhavam, provava que o ensinamento deles era verdadeiro.

* 9-20: Este trecho difere muito do livro até aqui; por isso é considerado obra de outro autor. Os cristãos da primeira geração provavelmente quiseram completar o livro de Marcos com um resumo das aparições de Jesus e uma apresentação global da missão da Igreja. Parece que se inspiraram no último capítulo de Mateus (28,18-20), em Lucas (24,10-53), em João (20,11-23) e no início do livro dos Atos dos Apóstolos (1,4-14). Embora seja acréscimo de retalhos tomados de outros escritos do Novo Testamento, o trecho conserva o pensamento de Marcos, isto é: os discípulos devem continuar a ação de Jesus.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Prioridades 32º Capítulo Nacional Ordinário Eletivo

As prioridades apresentadas e aprovadas no 32º Capítulo Nacional Ordinário Eletivo, ocorrido em Manaus nos dias 21 a 23 de agosto de 2009, serão assumidas por este Regional até o seu próximo Capítulo Ordinário de Avaliação, visto que ainda não foram suficientemente trabalhadas pelas Fraternidades Locais. Tais prioridades podem ser assim relacionadas:


1) Ação Missionária dos franciscanos seculares na família, nas comunidades, no encontro com os pobres e nas atividades além fronteiras, cuidando para que essas ações não levem a um mero ativismo.

2) Dar continuidade ao revigoramento nos encontros mensais e na vida em Fraternidade:
  • a) através da conscientização dos Conselhos Locais sobre a importância da preparação da reunião geral, de forma criativa, envolvendo todos os irmãos, quer professos, quer formandos.
  • b) Motivar os irmãos a assumirem os serviços da Fraternidade.
  • c) Trabalhar, efetivamente, a Pastoral dos Faltosos e o Serviço aos Enfermos e Idosos - SEI.
  • d) Incluir o Documento das Mútuas Relações OFS-JUFRA no Tempo de Formação e na Formação Permanente.
  • e) Proporcionar encontros que envolvam as famílias dos irmãos e irmãs da Fraternidade.
3) Promover a consciência ambiental através:
  •  a) de ações solidárias sobre o consumo consciente e o cuidado com a Natureza.
  • b) da participação nos Conselhos Municipais e de apoio a projetos direcionados a questões ambientais.
4) Colocado o questionamento aos membros dos Distritos, “O QUE LEVAMOS DESTE CAPÍTULO?”, foram apresentadas as seguintes conclusões:
  • a) As reuniões das fraternidades locais devem ser muito bem preparadas e dinâmicas, ornamentadas e alegres, para manter acesa a “chama da vocação”.
  • b) Continuar trabalhando o sentido de pertença, idealismo, disponibilidade e responsabilidade em assumir os cargos.
  • c) Compromisso de revelar o carisma franciscano, irradiando a alegria vivida neste Capítulo.
  • d) A presença do irmão Ministro Nacional, Antônio Benedito deu um caráter ainda mais fraterno aos trabalhos.
  • e) Noção de que nossa Profissão tem caráter definitivo e secular.
  • f) Maior engajamento dos Conselhos Locais na implementação da Assistência Espiritual em suas respectivas Fraternidades.
  • g) Nós saímos daqui com a certeza de que “Nossas Fraternidades, albergues do Ressuscitado”, são nossas maiores riquezas.

POR UMA OFS MISSIONÁRIA

POR UMA OFS MISSIONÁRIA

Nós, franciscanos seculares, membros da Família Franciscana, que nos congrega na fé e no mesmo ideal, somos chamados e enviados a ser testemunhas. Chamados por Deus à vida, cada um de nós recebe um “carisma” um dom específico que deve se desenvolver onde nos encontramos. O Senhor nos chama a ser no mundo testemunhas do seu amor e da sua ternura; a partilhar o que somos e temos como nos adverte o tema deste ano da Campanha Missionária: Missão e Partilha. Em qualquer situação na qual nos encontramos somos enviados por Deus para sermos sinais da Sua presença.

Jesus provoca: “Ide pelo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado.” (Mc 16, 15).

De 22 a 24 de outubro/2010, aconteceu o Encontro de Área Sudeste, reunindo os membros dos três Conselhos que compõe a Área Sudeste: Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. O Encontro foi realizado na Casa de Encontros dos frades Capuchinhos no Alto da Serra, na cidade de São Pedro/SP. Teve como tema: “OFS E JUFRA COMPROMETIDOS COM A EVANGELIZAÇÃO”.

Para auxiliar a reflexão foi exposto também o tema “Evangelizar-se para evangelizar” e o subsídio “Ação Missionária dos Franciscanos Seculares”, de Frei Almir Ribeiro Guimarães,OFM. Depois das exposições, formação de grupos, discussão e encaminhamentos em plenário, foi aprovado o Plano de Ação Missionária que deverá ser desenvolvido segundo os seguintes tópicos, respeitadas as realidades de cada Região:

1) Auto-evangelização, através de:
    - Leitura orante do Evangelho e das Fontes Franciscanas, de círculos de palestras e círculos bíblicos;
    - Testemunho discreto;

2) Famílias, através de:
    - Encontros e visitas da Fraternidade local às famílias dos irmãos e irmãs do SEI e visitas aos doentes da comunidade;
    - Entrosamento com as famílias dos irmãos e irmãs da Fraternidade local.

3) Diálogo com o mundo, através de:
    - Ações apostólicas corajosas, diante de um mundo concreto, com suas mudanças, valores e desafios, com opção preferencial pelo pobres;
    - Adesão a grupos de missionários franciscanos;
    - Gestos missionários “ad extra”.

Diante do nosso chamado a sermos missionários peçamos ao Senhor que nos guie e nos ajude a colocar em prática essas metas para continuar a sua e nossa missão no mundo.

Que São Francisco interceda por nós na busca da vivência de nossa missão.

Um abraço fraterno,
Denize Aparecida Marum Gusmão

domingo, 23 de janeiro de 2011

Evangelho do dia - 24/01/2011



Mc 3,22-30
O poder de Jesus para expulsar demônios
 

22 Alguns doutores da Lei, que tinham ido de Jerusalém, diziam: «Ele está possuído por Belzebu»; e também: «É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa os demônios.»
23 Então Jesus chamou as pessoas e falou com parábolas: «Como é que Satanás pode expulsar Satanás? 24 Se um reino se divide em grupos que lutam entre si, esse reino acabará se destruindo; 25 se uma família se divide em grupos que brigam entre si, essa família não poderá durar. 26 Portanto, se Satanás se levanta e se divide em grupos que lutam entre si, ele não poderá sobreviver, mas também será destruído. 27 Ninguém pode entrar na casa de um homem forte para roubar suas coisas, se antes não amarrar o homem forte. Só depois poderá roubar a sua casa. 28 Eu garanto a vocês: tudo será perdoado aos homens, tanto os pecados como as blasfêmias que tiverem dito. 29 Mas, quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, pois a culpa desse pecado dura para sempre.» 30 Jesus falou isso porque estavam dizendo: «Ele está possuído por um espírito mau.»

* 20-30: Em Jesus está presente o Espírito Santo, que o leva à missão de libertar e desalienar os homens. Por isso ele é acusado de estar «possuído por um espírito mau.» Tal acusação é pecado sem perdão. Para os acusadores, o bem é mal, e o mal é bem. Eles, na verdade, estão comprometidos e tiram proveito do mal; por isso, não reconhecem e não aceitam Jesus.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Evangelho do dia - 06/01/2011

Lc 4,14-22ª
O programa da atividade de Jesus
 
* 14 Jesus voltou para a Galiléia, com a força do Espírito, e sua fama espalhou-se por toda a redondeza. 15 Ele ensinava nas sinagogas, e todos o elogiavam. 16 Jesus foi à cidade de Nazaré, onde se havia criado. Conforme seu costume, no sábado entrou na sinagoga, e levantou-se para fazer a leitura. 17 Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, Jesus encontrou a passagem onde está escrito: 18 «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Notícia aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos, 19 e para proclamar um ano de graça do Senhor.» 20 Em seguida Jesus fechou o livro, o entregou na mão do ajudante, e sentou-se. Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. 21 Então Jesus começou a dizer-lhes: «Hoje se cumpriu essa passagem da Escritura, que vocês acabam de ouvir.»

Reação do povo -
* 22 Todos aprovavam Jesus, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca.

* 14-21: Colocada no início da vida pública de Jesus, esta passagem constitui, conforme Lucas, o programa de toda a atividade de Jesus. Is 61,1-2 anunciara que o Messias iria realizar a missão libertadora dos pobres e oprimidos. Jesus aplica a passagem a si mesmo, assumindo-a no hoje concreto em que se encontra. No ano da graça eram perdoadas todas as dívidas e se redistribuíam fraternalmente todas as terras e propriedades: Jesus encaminha a humanidade para uma situação de reconciliação e partilha, que tornam possíveis a igualdade, a fraternidade e a comunhão.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Capítulo Avaliativo da Ordem Franciscana Secular Nacional



Capítulo Avaliativo da Ordem Franciscana Secular
De 25 a 27 de março de 2011

NOSSA REGRA É NOSSA VIDA
Revendo os passos dados
Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM (*) 

A Regra e a vida dos franciscanos  seculares é esta: observar o Evangelho de Nosso Senhor  Jesus Cristo segundo o exemplo de São Francisco de Assis, que fez do Cristo o inspirador e centro de sua vida com Deus e com os homens  ( Regra n.4).
E depois que o Senhor me deu irmãos, ninguém me mostrou o que eu devia fazer, mas o Altíssimo mesmo me revelou que eu devia viver segundo a forma do Santo Evangelho  (Testamento 14).

Introdução
De 25 a 27  de março de 2011, os irmãos e irmãs da Ordem Franciscana Secular  estarão reunidos em Capítulo Avaliativo na cidade do Rio de Janeiro. Franciscanos seculares de todo o país se deslocarão para viverem juntos a experiência do Capítulo. Foi escolhido como tema do encontro, assunto importante para a vida dos seculares:  Nossa Regra é nossa vida. Os terceiros franciscanos dispõem de um texto “inspiracional” de sua caminhada e que se traduz na Regra aprovada por Paulo VI, em 1978.  Necessário se faz voltar sempre  a este documento básico.  Normal que num capítulo avaliativo sejam examinados os passos dados nos últimos tempos e que, retomando o fôlego,  os irmãos  possam olhar com coragem para a meta que está diante de seus olhos. O que queremos? Para onde vamos? O que deu certo? O que precisa ser melhorado?  Momento de revisão e de avaliação.

1. Viver é uma graça. O Senhor nos tirou do não existir, teceu as fibras de nosso corpo no seio de nossa mãe e tivemos a ventura de conhecer o mundo, as pessoas, a vida e fazer parte deste cortejo de homens e mulheres que percorrem os caminhos do mundo.  Sentimo-nos, literalmente, peregrinos e forasteiros,  na busca da plena realização de nossos dias. Sentimo-nos chamados a viver intensamente e não passar em brancas nuvens. Muitos de nós, no seio da família e da primeira infância, junto com o leite e o pão, o carinho e o afeto,  viemos a encontrar a adorável figura de Jesus, o Cristo ressuscitado.  Somos discípulos de Cristo e essa característica faz parte de nossa identidade. Não cansamos de dizer a nós mesmos que somos cristãos e que precisamos viver à altura.  Hoje, a Igreja nos pede que vivamos intensamente o seguimento do Senhor, no sentido de sermos discípulos missionários. Tivemos ainda a graça de conhecer um caminho todo especial. Quisemos ser cristãos  à maneira de Francisco e de Clara. Por uma graça toda particular, no seio da família franciscana, os seculares constituem a presença do carisma no meio do mundo, na organização de uma sociedade que seja prefiguração do reino. Somos franciscanos seculares e selamos esta decisão com a profissão solene que emitimos de viver a busca da santidade à maneira de Francisco em nosso estado secular. E vamos fazendo nossa caminhada. O Conselho Nacional acompanha esta caminhada em todo o país.
2. Estamos para realizar um capítulo de âmbito nacional, momento de bênção, de diálogo, de graça.  Não se trata de uma reunião formal e fria. Mas um momento importante para o amanhã da  vida dos franciscanos seculares.  Éloi Leclerc, comentando a importância dos capítulos no tempo de São Francisco, assim se exprime: “Uma ou duas vezes por ano todos os frades se reúnem em capítulo. Esses encontros  desempenham um papel importantíssimo na vida da fraternidade. Os capítulos não são somente um tempo forte durante o qual os irmãos, na alegria do reencontro, se reabastecem  na oração e no louvor, mas também ocasião de tomada de consciência comum: todos e cada um se sentem solidários e responsáveis pela vida do grupo e por sua missão no mundo (...). Nessas assembleias democráticas, onde reina a grande liberdade dos filhos de Deus, os irmãos discutem seus problemas, comunicam suas experiências e escolhem seus responsáveis.  Elaboram, redigem e promulgam leis, definem orientações e tomam grandes decisões que nortearão o futuro da comunidade” (em Francisco de Assis. O Retorno ao Evangelho, p. 60-61). Quais as luzes e as sombras que levaremos ao Capítulo? O tempo é de renovação e de reinvenção. O que propomos concretamente para o revigoramento de nossa Ordem no Brasil? Que análise fazemos de nossas regiões e áreas? O que acontece nas visitas fraterno-pastorais? Qual a qualidade de nossos capítulos em todos os níveis?
3. Vivemos no mundo, vivemos na Igreja, vivemos na Ordem, vivemos transformações. Não é aqui o lugar de elencar todos os desafios e preocupações que habitam em  nós, franciscanos, na Igreja e no mundo.  Nesse contexto é que a Regra é nossa vida. Nada está terminado. Temos que recomeçar, como dizia Francisco, porque até aqui pouco ou nada fizemos. Há questões que precisam ser respondidas. Há sombras: individualismo exacerbado, indiferença para com o próximo, exclusão, marginalização, drogas, esvaziamento de nossas paróquias, proliferação de seitas, ministros da Igreja nem sempre cheios de entusiasmo, envelhecimento dos membros de nossa Ordem, dificuldades em alimentar a fé das pessoas, falta de um atendimento sistemático  aos jovens, desmotivação, leigos que não conseguem chegar a uma maturidade humana e cristã, um número razoável de irmãos e irmãs que pedem “afastamento”.  Por vezes, uma pergunta nos trabalha:  Até que ponto nossa Ordem consegue exprimir-se?  Que significado têm nossas fraternidades franciscanas nas paróquias e dioceses?
4. Algumas convicções e luzes nos estimulam e nos fazem pessoas esperançosas. Vemos surgir aqui e ali movimentos de renovação evangélica.  Há fraternidades franciscanas promissoras.  Francisco de Assis continua atraindo. Nesse contexto nos lembramos da Regra que é nossa vida. Precisamos nos deter em seu texto que é alimento para nossa vocação e a vivência da Regra será nossa contribuição para o surgimento de um mundo renovado. Não podemos desvincular a Regra de Paulo VI à vivência profunda do Evangelho. Quando um Capítulo escolhe como tema Nossa Regra é nossa vida  está apontando para um sério retorno ao Evangelho. Num mundo burocratizado, diante de expressões religiosas fixistas e imóveis, diante de um mundo que parece levar as pessoas a terem como sentido de sua vida o viver o presente, o usufruir das coisas, o esquecimento do leproso, nós temos a obrigação de viver a Regra do Evangelho.  Não podemos deixar de dizer que a Regra ainda não foi assimilada pela Ordem.  Precisamos sempre de novo mergulhar em suas riquezas para chegar a viver uma identidade franciscana secular.
5. Os franciscanos seculares são leigos que buscam a santidade. Não querem ser cristãos de repetição de gestos e ritos, orações e ações nem sempre nascidas no fundo do coração. Os que buscam nossas fileiras são pessoas (ou deveriam ser) apaixonadas pelo fogo do Evangelho. Esta paixão se traduz na vivência do duplo amor: amar o Senhor e os irmãos. Na vida de todos os dias, na família, na fraternidade franciscana,  no trabalho dedicado à implantação, chamado Reino, os franciscanos seculares,  “impulsionados pelo Espírito a atingir a perfeição da caridade no próprio estado secular, são empenhados pela Profissão a viver o Evangelho  à maneira de Francisco e mediante esta Regra confirmada pela Igreja” (n.2). Sempre temos saudades do Evangelho. O Evangelho nos “picou” e deixou em nós seu “vírus”.
6. Querer refletir sobre o tema da Regra que é nossa vida forçosamente nos leva a reencontrar, redescobrir a força do Evangelho.  O peso, o conservadorismo das instituições, uma tradição com t minúsculo, o espírito das aparências, o  dogmatismo frio  talvez tenham feito com que as pessoas se afastassem da força do Evangelho.  Um autor franciscano afirma que a  Palavra é dita a partir dos púlpitos e ambãos, em talkshows e reuniões religiosas com forte presença do povo. Não basta isso. Na verdade, Jesus é a boa nova, o Evangelho.  Faz bem ler e reler os Atos dos Apóstolos, as epístolas de Paulo onde o tudo é perpassado pelo fogo do Evangelho.  Nossa Igreja, depois de Constantino, sempre teve a tentação de se identificar com os grandes e com o poder. Francisco de Assis redescobriu o evangelho das grutas, da simplicidade, da pobreza, do amor que precisa ser amado, do leproso que necessita de cuidados.
7. Um documento antigo da Ordem Franciscana Secular na França se compraz em colocar em relevo o viver o Evangelho. Viver o Evangelho é viver a Regra. “Como São Francisco, queremos fazer do Evangelho a fonte de nossa vida. A ele nos referimos constantemente. Tal empenho não  acontece apenas no começo, mas ao longo de toda  a nossa vida, não ocasionalmente, mas o mais frequentemente possível, persuadidos de que nunca esgotaremos a riqueza do Evangelho.  Frequentando o Evangelho é a Cristo que queremos acolher e encontrar: o Cristo vivo simplesmente presente no meio dos homens, presente no mundo, nos acontecimentos, na história, o Cristo, rosto humano de Deus, Filho único do Pai e  testemunha de seu amor pelos homens; o Cristo tipo acabado do homem, em relação com seu Pai e com os homens; o  Cristo,  cumprindo e realizando através de tudo o que constitui sua vida a salvação do mundo e a glória do Pai”.
8. A  Regra da OFS, feita de pedaços da Escritura e de orientações oficiais da Igreja,  contém essencialmente o Evangelho.  Por isso, no rosto dos franciscanos aparecerão traços evangélicos:  uma vida pessoal e familiar de singeleza e simplicidade, vida de despojamento sem requintes competitivos e posturas que humilham; pessoas que vivem para servir e servem para viver; verdadeiros irmãos de seus irmãos de dentro e de fora, irmão não de discursos, mas de fato; gente laboriosa que trabalha sem perder o espírito da santa oração; pessoas que se alimentam cotidianamente da  Palavra e da Eucaristia; pessoas que salpicam com a água do Evangelho tudo o que tocam e fazem, ou seja, seu trabalho pastoral, sua missão de pai e de mãe; pessoas que sabem acolher a cruz e que vivem no meio das provações o espirito da perfeita alegria; pessoas que se achegam dos mais simples e pobres; gente que não existe para si mas para que o amor seja amado.  Essa é a nossa vida.
9. Retomamos uma reflexão de Éloi Leclerc. Ele nos fala de um espírito evangélico capaz de fazer cair as barreiras entre os homens. “Qual é esse espírito capaz de destruir os muros da separação e reaproximar os homens? O ponto nevrálgico de toda ação evangélica, como também seu melhor critério de autenticidade será sempre o empenho de mostrar abertamente o que a Boa Nova encerra de mais admirável, talvez até mesmo de “escandaloso”  para certos homens “religiosos”: Deus, em seu Filho, quis aproximar-se dos pecadores, dos excluídos, dos condenados.  Veio buscar os que estavam perdidos, aproximar-se dos que estavam mais afastados, fazer-se amigo deles, sentar-se à mesa em sinal de reconciliação. Este é o cerne da Boa Nova. Tal mensagem não pode ser mero assunto de um discurso. Não pode ser apenas captada por uma pregação no alto de um púlpito ou de uma tribuna. É percebida através de modos de comportamento e no engajamento de uma existência. Exprime-se na cotidiana sensibilidade e atenção para com as angústias dos homens. Comunica-se através da amizade, qualquer coisa como uma cumplicidade fraterna. É precisamente isto que os contemporâneos descobrem em Francisco.  Este homem de Deus nunca  se colocava acima de ninguém” (Francisco de Assis. Retorno ao Evangelho, p 54-55).
10. Estamos sempre girando em torno do Evangelho. Nossa vida é nossa regra e nossa regra é o evangelho, de modo muito particular o evangelho dos excluídos, dos sofredores, dos mais abandonados. Não somos uma associação piedosa, mas leigos evangélicos que se aproximam do que é mais frágil.   Jean-François  Godet Calogeras fala da experiência franciscana fundadora: “Todas as aventuras humanas começam por uma experiência fundadora. A experiência fundadora do movimento franciscano está vinculada aos leprosos. Foi servindo aos leprosos e deles cuidando que Francisco fez a experiência de Deus e da felicidade, experiência que ele descreve no seu Testamento  como uma passagem do amargo para o doce. Foi, então, que ele compreendeu que estava na trilha errada aderindo aos princípios da nova Comuna de Assis, cuja paz e felicidade estavam fundadas na apropriação e acumulação de bens materiais, sem levar em conta  os que não eram contados, não pertencendo a uma minoria privilegiada. Foi aí que Francisco compreendeu que devia mudar e voltar ao Evangelho, a boa nova proclamada aos pobres. A experiência fundadora  de Francisco foi a de que irmãos e irmãs humanos  ali estavam e que não podiam ser deixados de lado. Não era justo.  Isso era importante para Deus porque Deus estava ali. Para os primeiros franciscanos construir uma vida segundo o Evangelho não queria dizer fugir para longe, mas oferecer uma sociedade alternativa  fundada sobre a economia evangélica do serviço e da partilha, nas portas de Assis, no país de Deus”. Sem privilegiar este ou aquele tópico da  Regra, talvez se pudesse aqui chamar atenção para algumas orientações fundamentais da Regra que é nossa vida:
11. Como irmãos e irmãs da penitência, em virtude de sua vocação, impulsionados pela dinâmica do Evangelho, conformem seu modo de pensar e de agir ao de Cristo, mediante uma transformação interior que o Evangelho chama de conversão ( cf. Regra n. 7).  Trata-se de viver em estado de conversão, acolhimento do perdão, transformar o doce em amargo, aproximar-se daquilo que faz o encanto do Cristo pobre e não  querer servir ao próprio ego.  Importância do sacramento da reconciliação na vida e no exame constante de nossa consciência.
  • No espirito das bem-aventuranças se esforcem para purificar o coração de toda inclinação e avidez de posse e de dominação, como peregrinos e forasteiros  a caminho da casa do Pai (cf. Regra 10). Franciscanos leves, caminhando, sempre a caminho, no mundo, com outros...sem peso, sem prosa, sem superioridade.
  • Estejam presentes pelo testemunho da própria vida humana, com iniciativas corajosas, pessoais ou comunitárias promovam a justiça com ações concretas (cf. Regra 15).  Criarão condições dignas para os mais pequeninos  (cf.  Regra 13).
  • Assim como o próprio  Jesus foi o verdadeiro adorador do Pai, façam da oração e da contemplação  a alma de seu ser e de seu agir (cf. Regra  n.8).  Não podemos negligenciar a vida de oração:  missa, oficio diário, crescimento na contemplação, no meio do trabalho não perder o espirito da santa devoção e da oração.
12. Assim, os franciscanos sempre sentem saudades do Evangelho e a Regra de Paulo VI colocou em nossas mãos o Evangelho na ótica franciscana.  Gostaria ainda de  fazer alusão a uns poucos tópicos da vida da OFS que merecem ser avaliados neste Capítulo. Nas visitas fraterno pastorais, verificamos lacunas e brechas que precisam ser sanadas:
  • Sempre de novo será preciso trabalhar na busca da identidade franciscana. O tema vem sendo tratado há anos: respirar espiritualidade evangélica, valorizar aquilo que nos torna cristãos discípulos de Francisco, não priorizar outras atividades e outras espiritualidades, vestir a camisa do carisma.  Muitas deficiências nascem da falta de vocação e de identificação franciscanas.

  • Palavra importante é fidelidade. Fidelidade à verdade de cada um. Fidelidade ao Cristo vivo. Fidelidade à profissão emitida.  Sempre de novo a fidelidade.  Fidelidade à sua fraternidade local.  Fidelidade a tudo que diz respeito à Ordem.  Não aceitar que as coisas corram e aconteçam.

  • Difícil construir a maturidade humana, cristã e franciscana. Nosso tempo é feito de pessoas imaturas. Imaturidade no casamento, na paternidade, na administração dos bens. Há uma maturidade de comportamento, de respeito ao que é dos outros, na hora de assumir um encargo.  Há pessoas imaturas que serão eternos adolescentes incapazes de fazer escolhas com seriedade e profundidade. Quantas vezes notamos certa sede  de poder, vontade de aparecer, suscetibilidades infantis. Quanta imaturidade no caminho da espiritualidade quando as pessoas não são capazes de assumir a cruz em suas vidas.

  • Estamos preocupados com o elevado número de irmãos e irmãs que pedem afastamento.  As mais das vezes o afastamento é solicitado por causa de melindres e suscetibilidades.  Os irmãos precisam ser corrigidos fraternalmente para que eles não joguem fora o tesouro da vocação, da profissão e assim tirem o brilho de nossa Ordem.

  • Estamos fazendo um esforço de revitalização das reuniões gerais e de nossa fraternidade local.   Será estamos convencidos da importância da qualidade de nossas reuniões do ponto de vista da oração, do estudo, de expressão de fraternidade, de estratégias para a missão?

  • As visitas fraterno-pastorais regionais e locais não podem ser apenas o cumprimento de  formalismos. Irmãos, mensageiros da paz e do bem, visitam irmãos, corrigem o que está torto, cobram carinhosamente.  Nestas visitas haverá de se insistir no espírito de  serviço e de corresponsabilidade em todos os âmbitos.
Conclusão
O Capítulo Avaliativo de março de 2011  deve colocar diante de nossos olhos uma vez mais  a perspectiva de vivermos nosso dia-a-dia à luz do Evangelho e da força do Evangelho que é Cristo de tal sorte que, no final da caminhada pessoal e das fraternidades, possamos dizer que vivemos, como Francisco, a aventura do Evangelho.  Deus abriu caminhos que seguimos com generosidade e  o amargo se tornou doce.
Questões a serem discutidas em fraternidade
  • O que mais chamou sua atenção neste texto preparatório para o Capítulo  avaliativo de março de 2011?
  • Quando se estuda a Regra o que, a seu ver, parece fundamental?
  • Como a Regra pode responder a certas sombras de nossos tempos sobretudo as que se referem ao individualismo, indiferentismo,
  • Que traços deveria ter um franciscano secular que vive a Regra?
  • Como andam nossas reuniões gerais e a vida de nossas fraternidades locais?
  • Como se pode chegar a uma maturidade humana, cristã, franciscana  e missionária?
(*) Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM
Assistente Nacional da OFS pela OFM e Assistente Regional do Sudeste III

Evangelho do dia - 05/01/2011

Mc 6,45-52
Jesus é a presença de Deus
 

-* 45 Logo em seguida Jesus obrigou os discípulos a entrar na barca e ir na frente para Betsaida, enquanto ele despedia a multidão. 46 Logo depois de se despedir da multidão subiu ao monte para rezar.
47 Ao anoitecer, a barca estava no meio do mar e Jesus sozinho em terra. 48 Viu que os discípulos estavam cansados de remar, porque o vento era contrário. Então, entre as três e as seis horas da madrugada, Jesus foi até os discípulos andando sobre o mar, e queria passar na frente deles. 49 Quando os discípulos o avistaram andando sobre o mar, pensaram que era um fantasma e começaram a gritar. 50 Com efeito, todos o tinham visto e ficaram assustados. Mas Jesus logo falou: «Coragem! Sou eu, não tenham medo!» 51 Então subiu com eles na barca. E o vento parou. Mas os discípulos ficaram ainda mais espantados, 52 porque não tinham compreen
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dido o acontecimento dos pães. O coração deles estava endurecido.

* 45-56: O episódio mostra o verdadeiro Deus sendo revelado em Jesus («Eu Sou» - cf. Ex 3,14). Os discípulos não conseguem ver a presença de Deus em Jesus, porque não entenderam o acontecimento dos pães. Para quem não entende que o comércio e a posse devem ser substituídos pelo dom e pela partilha, Jesus se torna fantasma ou apenas fazedor de milagres que provoca medo, e não a presença do Deus verdadeiro.