segunda-feira, 31 de maio de 2010

Evangelho do dia 31/05/2010

Visitação de Nossa Senhora – Festa
Lc 1,39-56

-* 39 Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, às pressas, a uma cidade da Judéia. 40 Entrou na casa de Zacarias, e saudou Isabel. 41 Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança se agitou no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42 Com um grande grito exclamou: «Você é bendita entre as mulheres, e é bendito o fruto do seu ventre! 43 Como posso merecer que a mãe do meu Senhor venha me visitar? 44 Logo que a sua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança saltou de alegria no meu ventre. 45 Bem-aventurada aquela que acreditou, porque vai acontecer o que o Senhor lhe prometeu.»
O cântico de Maria -* 46 Então Maria disse: «Minha alma proclama a grandeza do Senhor.

 
Ainda no seio de sua mãe, João Batista recebe o Espírito prometido (1,15). Reconhece o Messias e o aponta através da exclamação de sua mãe Isabel.
O cântico de Maria é o cântico dos pobres que reconhecem a vinda de Deus para libertá-los através de Jesus. Cumprindo a promessa, Deus assume o partido dos pobres, e realiza uma transformação na história, invertendo a ordem social: os ricos e poderosos são depostos e despojados, e os pobres e oprimidos são libertos e assumem a direção dessa nova história.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

A Experiência de Deus Pai em São Francisco de Assis

28/05/2010
Fr. José Carlos Corrêa Pedroso, OFMCap
"Observemos, portanto, as palavras, a vida e a doutrina, o Santo Evangelho daquele que se dignou rogar por nós a seu Pai e manifestar-nos o seu nome"(RnB 22,41)
Francisco descobre o Pai ouvindo Jesus
São Francisco viveu uma profunda experiência espiritual de Deus Pai porque, acima de tudo, viveu Jesus Cristo. No seu tempo, era comum as pessoas chamarem a Deus de Pai, mas pensando na figura de Jesus Cristo. O que havia era uma idéia ampla de Deus, chamado de Pai, mas reconhecido na figura de Jesus (1).

No relativamente demorado processo de conversão de Francisco, são fatos marcantes o desencanto com as carreiras de comerciante e cavaleiro e, como ele mesmo afirma no Testamento, o encontro com os leprosos, de onde saiu transformado.
A experiência dos leprosos
Parece-me fundamental notar que a transformação que aconteceu na experiência com os leprosos está ligada a uma experiência de Deus Pai. Francisco disse que "com eles fiz misericórdia e, por isso, o que antes para mim era amargo, tornou-se doce" (Test 3). Misericórdia, a ''hesed hahamin" da Bíblia, é o amor que só Deus tem. No Novo Testamento, Jesus a atribui ao Pai. São Francisco amou os leprosos com o amor que é de Deus, foi transformado pela presença do Pai. E a presença sensível do Pai é sempre a pessoa do Filho. E não acontece sem a presença abrasadora do Espírito Santo, que é o amor entre o Pai e o Filho. Foi por esta razão que Francisco disse: "Assim, o Senhor me deu de começar a fazer penitência"; ele começou a mudar, a se transformar, a ter consciência da ação da Trindade nele quando se abriu para servir os leprosos.

A partir do encontro com os leprosos, Francisco sabe que tem que fazer um "nostos", um caminho de volta para o Pai. Sua vida de conversão é iluminada pela parábola de conversão do Filho Pródigo, em que Jesus mostra o que aconteceu e o que ainda deve acontecer conosco. Saímos de casa, pensando que o importante era só levar o dinheiro do Pai, porque o mundo tinha tudo de bom com que poderíamos sonhar.
Voltamos, porque percebemos que o importante é estar com o Pai. Mais ainda: o importante é continuar o caminho que o Pai está fazendo, porque ele não terminou a criação. Ainda tem uma parte enorme, a ser feita conosco.
Faço notar que a linguagem neotestamentária e patrística nos habituou a falar em Deus "Pai". Na sensibilidade de hoje, poderíamos dizer, como João Paulo I, que é "Deus Mãe". O que importa é que toda a nossa vida flui a partir de Deus, Pai ou Mãe, pois é quem gera Jesus, o Filho.
A experiência da cripta de São Damião
É interessante observar que tanto a Primeira Vida de Celano quanto a Legenda dos Três Companheiros colocam logo em seguida à experiência com os leprosos um fato que me parece notável para toda a sua experiência posterior da Santíssima Trindade. Contam que ele convenceu um rapaz de sua idade de que tinha encontrado um tesouro. Dizem que os dois iam com freqüência a uma caverna, que o rapaz ficava esperando fora, mas Francisco entrava e orava profundamente. Cito do texto da Legenda dos Três Companheiros:
"Francisco o levava muitas vezes a uma caverna perto de Assis, e, entrando sozinho, deixava do lado de fora o companheiro, desejoso de possuir o tesouro; e assim, tomado de novo e singular espírito, orava ao Pai, às escondidas, cuidando que ninguém soubesse o que estava fazendo lá dentro a não ser Deus" (LTC 12). O texto correspondente de Celano diz: "O homem de Deus, que já estava santificado pelo santo propósito, entrava na gruta enquanto o companheiro ficava esperando do lado de fora e, tomado pelo novo e especial espírito, orava a seu Pai na solidão" (1Cel 6).
Em primeiro lugar, gostaria de chamar a atenção do leitor para uma observação de Frei Marino Bigaroni (2) de que, em latim, tanto o texto de 1Cel quanto o da LTC não falam em caverna ou gruta, mas em uma "crypta". É verdade que foi dessa palavra grega (que quer dizer "lugar escondido") que veio a nossa "gruta", mas o termo é usado há muito tempo para designar um espaço subterrâneo reservado para sepultar os mortos nas igrejas. Bigaroni argumenta que este local era a cripta que ficava embaixo do altar da Igreja de São Damião antes da grande reforma que Francisco nela fez para preparar o Mosteiro de Santa Clara.

Mais importante é lembrar que o texto é uma evidente lembrança da passagem bíblica: "Ao contrário, quando você rezar, entre no seu quarto, feche a porta, e reze ao seu Pai ocultamente; o seu Pai, que vê no escondido, recompensará você" (Mt 6,6).

Ressalto, então, que Francisco estava aprendendo a tratar com o Pai revelado por Jesus Cristo e que era levado a isso pela intervenção do Espírito Santo, sem a qual ninguém é capaz de rezar, ninguém é capaz de reconhecer o Senhor.
Também chamo a atenção para o fato de que, se a oração era feita na cripta de São Damião, Francisco já tinha tido o seu famoso encontro com Jesus Crucificado, que foi omitido na Primeira Vida de Celano, certamente porque se tratava de um segredo até então só conhecido por Santa Clara ou Frei Leão. Talvez seja melhor pensar que os encontros foram múltiplos, seguidos, constantes, produzindo aos poucos a oração mais antiga de Francisco que chegou a nós:
"Altíssimo e glorioso Deus, iluminai as trevas do meu coração e dai-me uma fé direita, esperança certa, caridade perfeita, bom senso e conhecimento, Senhor, para que faça vosso santo e verdadeiro mandamento. Amém".
Com muitos dos autores mais recentes, podemos ver nesta oração um dos pontos fundamentais da espiritualidade de São Francisco: ele quer cumprir o mandamento, isto é, obedecer a Deus Pai como Jesus crucificado obedeceu. Ora, fazer a vontade do Pai, que é "todo o Bem", implica tanto uma volta para Deus quanto um comprometimento com a construção da utopia.

Deve ter sido nesses incontáveis tempos de oração em São Damião, na cripta ou diante do Crucifixo, que Francisco aprendeu a rezar como a Igreja sempre tinha feito em sua liturgia desde os primeiros séculos: dirigindo-se ao Pai através da Palavra de Jesus Cristo, com o qual podemos nos unir graças à atuação do Espírito Santo. Uma oração exemplar, nesse sentido, é a que São Francisco colocou no fim de sua Carta a toda Ordem:
"Onipotente, eterno, justo e misericordioso Deus, dai a nós, miseráveis, fazer, por vós mesmo, o que sabemos que vós quereis, e sempre querer o que vos apraz, para que, interiormente purificados, interiormente iluminados e acesos no fogo do santo espírito, possamos seguir os vestígios do vosso dileto Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, e chegar só por vossa graça a vós, Altíssimo, que na Trindade perfeita e na Unidade simples viveis e reinais e sois glorificado, Deus onipotente, por todos os séculos dos séculos. Amém".
A experiência do Pai-nosso

Os primeiros biógrafos viram em Francisco um outro Cristo. Uma das coisas que mais os impressionou foi o fato de Francisco ter os estigmas, como Jesus crucificado. Na realidade, os estigmas foram apenas um sinal exterior: Francisco foi um outro Cristo porque realizou profundamente a sua vocação humana e porque ouviu Jesus para rezar com ele. Foi ouvindo Jesus Cristo que ele aprendeu a conhecer o Pai.

Em todas as suas orações, ele procura rezar ao Pai com Jesus Cristo. Ele tenta entrar na oração de Jesus. Vamos tomar como um ponto alto o seu "Comentário ao Pai-nosso". Fazemos notar que a oração, ensinada por Jesus, é toda dirigida ao Pai criador. Ora, Deus Pai não foi criador, ele é, continua a ser criador. Ainda está construindo o seu Reino. Nós estamos fora desse processo de criação pelo pecado e precisamos voltar para a casa paterna se quisermos ter parte na construção do Reino. Mas Jesus, em sua oração, fala primeiro do Reino, que é a nossa esperança, para depois falar da volta, que está baseada na memória do nosso pecado e na memória da misericórdia de Deus.
Nosso trabalho

Vamos desenvolver este nosso estudo sobre a experiência de Deus Pai vivida por Francisco dividindo-o em duas grandes partes. Na primeira, que tem o subtítulo ''Venha a nós o vosso Reino", vamos falar da incessante obra criadora de Deus Pai, que continua a ser feita. Poder tomar parte nela é a nossa grandeza e é também o nosso sonho. Vamos ver como Jesus a ensinou e como Francisco a viveu. Na segunda, que tem o subtítulo "Perdoai as nossas ofensas", vamos considerar que deixamos de tomar parte na obra criadora do Pai porque nos afastamos dele. Como o filho pródigo, temos que voltar para o Pai.
1. "Venha a nós o vosso Reino"
Viver a Bíblia como um povo é caminhar no sentido da Esperança. Esta parte é um aprofundamento da "esperança" que marca a meta da história. Acredito que Jesus nos inculcou profundamente o seu sentido quando nos ensinou a primeira parte do Pai-nosso. Francisco demonstra ter compreendido muito bem a lição, como podemos ler no seu "Comentário ao Pai-nosso", como podemos considerar em toda a sua vida de oração e no seu sonho de ver Deus, com uma clareza cada vez maior.
Quando chegamos a viver Deus Pai, somos criadores com Ele e como Ele. Nossa criatividade encontra seu verdadeiro sentido e nos traz a mais profunda realização como pessoas e como povo.
Francisco inverte a nossa posição de céu
Pensamos, habitualmente, no céu como um lugar imenso, a casa de Deus, onde vamos todos estar com Ele. No seu Comentário, Francisco diz:
"Que estais nos céus: nos anjos e nos santos, iluminando-os para o conhecimento, porque vós, Senhor, sois luz: inflamando-os para o amor, porque vós, Senhor, sois amor; morando neles e plenificando-os para a bem-aventurança, porque vós, Senhor, sois o sumo Bem, eterno Bem, do qual nos vem todo bem, sem o qual não há nenhum bem".
Não estamos dentro do céu, mas o céu estará dentro de nós na medida em que descobrirmos Deus em nós.
Deus Pai é essencialmente criador. Nunca deixa de ser criador
O atributo de Deus Pai é a criação. Ele é sempre criador e isso se manifesta em nossa criatividade. Já usamos muito mal a criatividade no mundo que estamos construindo através dos séculos. Temos que aprender a usá-la construindo o Reino de Deus.
Deus Pai está construindo a nossa utopia: o seu Reino
O Reino de Deus não é o mundo que criamos à nossa imagem e semelhança trabalhando segundo o "espírito da carne". É o mundo que criamos com Deus quando trabalhamos segundo o "espírito do Senhor".
É impossível compreender as posições concretas de Francisco se não percebermos que todas se fundamentam nessa opção pelo "espírito do Senhor" e não pelo "espírito da carne". Ele repete isso muitas vezes e de muitas formas, mas acredito que o texto fundamental é o que está no capítulo 17 da Regra não-bulada, que afirma:
"Guardemo-nos da sabedoria deste mundo e da prudência da carne. Pois o espírito da carne tem grande interesse em fazer muito em palavras e pouco em obras, nem procura a piedade e santidade interior de espírito, mas antes visa e deseja uma piedade e santidade que apareça por fora diante dos homens ... Porém, o espírito do Senhor exige que a nossa carne seja mortificada e desprezada, vil, abjeta e desprezível; e ele procura a humildade e a paciência e a pura, simples e verdadeira paz do espírito; e acima de tudo deseja sempre o temor de Deus, a sabedoria de Deus e o divino amor do Pai, do Filho e do Espírito Santo" (RnB 17,11-16).
O "espírito da carne", expressão já usada por São João e São Paulo, mas fundamentada no uso clássico da palavra "corpo" ou "carne" na literatura grega, expressa o que nós somos sem Deus ou por oposição a Deus: isto é, refere-se ao nosso egoísmo e ao mundo que construímos à nossa imagem e semelhança depois de nos termos afastado de Deus. Conseqüentemente, o "espírito do Senhor" é aquele impulso interior que nos faz enxergar as coisas como Deus enxerga e realizá-las como Deus as realiza. Quem tem o "espírito do Senhor" não fica em palavras e exterioridades e também não constrói castelos de areia, porque é criador com Deus Pai.

No seu Reino, estamos no “não lugar" e no “não tempo"
Se nós passamos para o Reino de Deus, saímos do nosso lugar. Francisco disse que "saiu do século". Ele ficou no mundo (do pecado) sem ser do mundo. Ficou como um agente do mundo de Deus no "mundo dos homens". Sair do século, além de nos libertar do "nosso" espaço fazendo-nos estar no espaço de Deus, liberta-nos do "nosso" tempo, fazendo-nos entrar, desde agora, no "tempo" de Deus, que é a eternidade.

A palavra "utopia", usada por S. Tomás More, é altamente significativa. Quer dizer "não-lugar". E a situação em que fica, diante do mundo criado pelos homens à sua imagem e semelhança, quem passa para o mundo criado por Deus à imagem e semelhança de Deus.
Quem já reconheceu Deus como Pai passa a ser um contemplativo. Isto é, é capaz de enxergar com nitidez, no meio de tantas obras dos homens sem Deus, o que foi feito por Deus, sozinho ou com os humanos.

O seu reino não terá fim

Continuando a sua "Paráfrase ao Pai-nosso", Francisco deseja que o Nome de Deus seja santificado. Nosso desejo mais profundo é conhecer Deus. É vê-lo face a face. É isso que Deus continua a criar.

A expressão "nome" é devida ao respeito que o povo judeu sempre teve por Deus. Até hoje, eles não dizem "Bendito seja Deus!", mas "Bendito seja o nome!", a fim de "não tomar o nome de Deus em vão".

Pedir que o "nome" de Deus seja santificado é pedir que compreendamos e vivamos tudo o que for possível da santidade de Deus. Francisco disse:
"Santificado seja o vosso nome: fique clara em nós a vossa notícia, para que conheçamos qual é a largura de vossos benefícios, a extensão de vossas promessas, a sublimidade da majestade e a profundidade dos juízos" (EPN 4).
Francisco parece ter gostado da maneira de falar de São Paulo:  "Vocês se tornarão capazes de compreender, com todos os cristãos, qual é a largura e o comprimento, a altura e a profundidade ... para que fiquem repletos de toda plenitude de Deus" (Ef 3,18-19). Mas ainda falou em: a) largura dos benefícios, b) extensão das promessas, c) sublimidade da majestade e d) profundidade dos juízos. Ele quis mostrar que Deus não tem fim em nenhuma direção. Projetou uma figura infinita em todos os sentidos para dar-nos uma idéia do Reino que ainda podemos construir unindo nossa criatividade a todo o poder do Pai criador pelos séculos sem fim.

Orar com Jesus, pedindo que o Reino venha
Em seu sentido mais freqüente, as orações que Francisco faz para rezar com Jesus acompanham a primeira parte do Pai-nosso e pedem que o Reino venha. Mas eu vou destacar, aqui, dois pontos principais: as orações de ação de graças e o uso da oração sacerdotal do evangelista João (cap. 17).

a) São Francisco e a ação de graças
A maior parte das orações de São Francisco que chegaram até nós tem um profundo sentido de ação de graças. São "eucarísticas". É fácil perceber que ele está sempre dando graças ao Pai por tudo o que vai descobrindo, porque aprendeu a rezar com Jesus que disse: "Pai, eu vos dou graças porque escondestes estas coisas aos sábios e aos prudentes e as revelastes aos pequeninos" (Lc 10,21).
Chamo a atenção para o Cântico de Frei Sol, mas também para algumas outras orações, como a Exortação ao Louvor de Deus, os Louvores a serem ditos em todas as Horas, os Louvores a Deus Altíssimo e mesmo a Saudação às Virtudes e a Saudação à Bem-Aventurada Virgem Maria, que podem ser vistas como preparações para o Cântico de Frei Sol. Mas um destaque especial merece a Oração a Deus Pai Criador que está no capítulo 23 da Regra não-Bulada. É um capítulo que deveríamos rezar com freqüência, embora não me seja dado, aqui, mais do que citar o começo:
"Onipotente, altíssimo, santíssimo e sumo Deus, Pai santo e justo, Senhor e Rei dos céus e da terra, damo-vos graças por causa de vós mesmo, porque por vossa santa vontade e pelo vosso único filho criastes do Espírito Santo todos os seres espirituais e corporais, nos fizestes à vossa imagem e semelhança e nos colocastes no paraíso ... " (RnB 23,1-3).
Creio que é fundamental percebermos o seu sentido profundo: ao dar graças, Francisco está pedindo ao Pai que o seu Reino venha. Ele está descobrindo com os seus "olhos do espírito" como o Pai constrói o seu mundo e, reconhecido, louva como se estivesse aplaudindo ou "animando" Deus Pai a continuar essa obra tão maravilhosa.

Francisco, que iniciou suas orações pedindo a iluminação das trevas interiores, sempre procurou a luz, porque viu na luz o maior símbolo de Deus. Jesus é luz porque veio revelar a luz que é o Pai. Francisco tem a maior celebração da luz no Cântico de Frei Sol, quando, cego nos olhos do corpo, só enxerga com os "olhos do espírito".
b) São Francisco e a oração sacerdotal
Francisco reza ao Pai com Jesus três vezes seguindo a "oração sacerdotal", que encontramos no capítulo 17 do Evangelho de São João. Nas três vezes, ele a usa livremente, selecionando trechos, saltando e mudando a ordem. Na Carta aos Fiéis (lCtFi e 2CtFi) é mais curto do que na Regra não-Bulada (22,39-50). Alguns trechos coincidem. Tudo isso demonstra que ele deve ter rezado muitas vezes essa oração de Jesus de cor, adaptando-a às circunstâncias. Também podemos ver, especialmente nestas duas passagens de seus escritos, possíveis trechos de sermões que ele costumava fazer ao povo.

Mas o mais importante é que essa e outras orações de Jesus foram formando Francisco como um filho verdadeiro do Pai eterno.

Nessa grande oração do final de sua vida, Jesus fala com o Pai sobre a glória a que todos nós estamos destinados. Nós precisamos estar com Ele onde Ele estiver, isto é, junto do Pai e do Espírito Santo. Não somos tirados do mundo, mas já não somos do mundo. Só ficamos nele para ajudar o Pai a continuar a sua obra criadora.

Francisco colocou os frades e os irmãos penitentes nessa mesma perspectiva trinitária em que já tinha colocado as clarissas quando lhes deu a Forma de Vida para Santa Clara. Algo que ele lembrava pelo menos quatorze vezes por dia ao rezar a Antífona a Nossa Senhora que está no Ofício da Paixão.
É claro que, para Francisco, nós estamos fazendo a vontade de Deus aqui na terra como vamos fazê-la um dia com todos lá no céu. Nós somos criadores com o Pai.
2. Perdoai as nossas ofensas
Viver a Bíblia como um povo é também ter uma ampla memória histórica. Esta seção do nosso trabalho é um aprofundamento da "memória" como ponto de partida da história. Jesus deixou-a para a segunda parte do seu Pai-nosso e nos deu uma excelente lição quando contou a parábola do filho pródigo. Francisco viveu isso tudo na sua penitência e na sua oração, ensinando-nos a nos libertar do pecado que nos deixou órfãos do Pai.
Temos que fazer um "nostos" - somos o filho pródigo
Jesus nos deixou um parâmetro para esta parte do Pai-nosso quando contou a parábola do filho pródigo. Nós somos pecadores e estamos sempre na volta para a casa do Pai. É interessante observar, na literatura universal, como a humanidade sempre sentiu um desejo profundo e inexplicável de voltar. Mesmo sem saber direito para onde tinha que voltar. Foi Jesus que veio mostrar com clareza que nossa volta é para os braços do Pai.

Em português, temos uma palavra nossa muito característica e original: "saudades". A nossa lírica sempre encontrou um de seus grandes temas nas saudades. Ora, essa palavra é substituída nas outras línguas ocidentais por "nostalgia", e em todas as línguas por alguma expressão semelhante. Em grego, ao pé da letra, "nostalgia" quer dizer "dor da volta". "Nostos" é volta, e "algos" é dor. Quem não sentiu esta dor profunda com o desejo de voltar: voltar a algum lugar, a uma situação, aos braços de alguma pessoa?
A segunda parte do Pai-nosso é dominada por essa dor da volta. Temos que voltar ao paraíso, quando o Pai ainda passeava amigavelmente conosco naquelas tardes gostosas, porque não tínhamos resolvido sair de casa para construir o nosso mundo, um mundo em que pudéssemos ser deuses sem nos lembrar de que há um outro Deus tão grande.

Na realidade, como lembra São Francisco, nós nos tornamos tantas vezes "miseráveis" ou míseros, isto é, pessoas que precisam da compaixão que só Deus pode ter, porque só Ele sabe o que é a "hesed hahamim", a misericórdia, pois só Ele tem aquelas entranhas maternas capazes de sentir e de fazer voltar os filhos ausentes.
Como fazer misericórdia
Na sua Paráfrase ao Pai-nosso, Francisco diz:
"E perdoai-nos as nossas ofensas por vossa inefável misericórdia, pela força da Paixão de vosso dileto Filho e pelos méritos e intercessão da beatíssima Virgem Maria e de todos os vossos eleitos. Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido: e o que nós não perdoamos totalmente, fazei vós, ó Senhor, que perdoemos plenamente, para que por vós amemos de verdade os nossos inimigos e intercedamos por eles devotamente diante de vós, a ninguém pagando o mal com o mal e em tudo procuremos ser proveitosos em vós" (EPN 9-10).
Para nos reconhecermos filhos do Pai eterno, é fundamental reconhecermos: a) que somos pecadores, b) que somos perdoados e c) que também temos que perdoar.

a) Somos pecadores. São João diz muito claramente: "Se dizemos que não temos pecado, enganamos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se reconhecemos os nossos pecados, Deus que é fiel e justo perdoará nossos pecados e nos purificará de toda injustiça. Se dizemos que nunca pecamos, estaremos afirmando que Deus é mentiroso e a sua palavra não estará em nós" (lJo 1,8-10).
b) Somos perdoados. Em vez de ser uma pessoa triste e desconsolada porque não está conseguindo ter tantas coisas que desejaria, todo cristão deveria ser uma fonte transbordante de alegria por saber que foi perdoado: que estava longe e foi recebido em festa na casa paterna. Era essa a alegria constante de Francisco. Ele sabia que, para ele, já tinham sido movidas a "inefável misericórdia do Pai", a "força da Paixão do Filho",  os "méritos e a intercessão da beatíssima Virgem Maria e de todos os eleitos".

Nós estamos muito mal acostumados a pensar que todas as nossas grosserias podem ser lavadas com um simples pedido de desculpas e não compreendemos que, para podermos fazer o caminho de volta à casa do Pai, foi preciso que se movimentasse tudo isso, inclusive que o Filho de Deus se encarnasse e morresse na cruz.
Precisamos gritar ao mundo: "Nós somos perdoados". Já deveria ser uma razão mais do que suficiente para movimentarmos todos os povos para que se convertessem à boa-nova do Evangelho.

c) Temos que perdoar, como o Pai perdoa. Segundo o testemunho de São Lucas, Jesus ensinou: "Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados: perdoai e sereis perdoados" (Lc 6,36-37). No Evangelho de São Mateus, Jesus disse algo até mais incisivo: "Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também vos perdoará. Mas se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará" (Mt 6,14-15). A "hesed hahamin" é característica do Deus do Antigo Testamento, revelado por Jesus, como o Pai.
Na Carta a um Ministro, São Francisco deu uma das melhores demonstrações de como entendia a prática da misericórdia:
"E nisto reconhecerei que amas realmente o Senhor e a mim, servo dele e teu, se fizeres o seguinte: não haja irmão no mundo, mesmo que tenha pecado a não poder mais, que, após ver os teus olhos, se sinta obrigado a sair de tua presença sem obter misericórdia, se misericórdia buscou. E se não buscar misericórdia, pergunta-lhe se não a quer. E se, depois disso, ele se apresentar ainda mil vezes diante de teus olhos, ama-o mais do que a mim, procurando conquistá-lo para o Senhor. E tem sempre piedade de tais irmãos" (CtMi 5-7).
Francisco devia estar muito consciente de toda a misericórdia que já tinha recebido pessoalmente de Deus quando teve a oportunidade de partilhá-la com os outros. Por isso, quando ele "fez misericórdia" com os leprosos, sua vida mudou. Ele até precisou "sair do mundo". Na Carta a um Ministro, ele também disse que tudo o que acontece conosco é graça: Deus está nos ajudando a voltar para a casa do Pai.

Por isso, acredito que o fato de Francisco e Clara terem mandado seus irmãos e irmãs rezarem tantos Pai-nossos como um Ofício alternativo não deve ser devido só a um costume que já existia antes deles e em outros grupos religiosos. Eles tinham consciência de que era preciso estar recordando o dia inteiro que o Pai é misericordioso e nós temos que ser misericordiosos com Ele (3).
 
Orar com Jesus pedindo misericórdia - o Ofício da Paixão

Francisco já reconheceu que precisava da misericórdia do Pai quando rezou diante do Crucifixo de São Damião pedindo que o Senhor "iluminasse as trevas do seu coração", e soube reconhecê-lo até o fim, quando insistiu na oração que conclui a Carta a toda Ordem: " ... misericordioso Deus, ... dai a nós, miseráveis ... ". Aliás, ele sempre esteve querendo sair das trevas do pecado para a luz da misericórdia do Pai.
No Ofício da Paixão, temos o melhor exemplo de como São Francisco procurava rezar com Jesus Cristo ao Pai, pedindo misericórdia ou celebrando o fato de ter recebido misericórdia. Ele compôs todos os seus salmos como se estivessem sendo rezados pelo próprio Jesus: com orações do Antigo Testamento, entremeadas por expressões que só o Filho de Deus veio revelar no Novo Testamento. Creio que é importante examinar os passos mais significativos dessa oração ao Pai que Francisco e Clara rezavam todos os dias.
Na Antífona de Nossa Senhora, o Pai é chamado de "Altíssimo sumo Rei Pai Celeste, e Nossa Senhora é saudada como sua "filha e serva".

No Salmo 1, versículo 5, Francisco e Jesus rezam assim: "Santo Pai meu, rei do céu e da terra, não vos afasteis de mim porque a tribulação está perto e não há quem me ajude". E no versículo 9 insistem: "Pai santo, não afasteis de mim o vosso auxílio; Deus meu, vinde me socorrer".

No Salmo 2, versículos 11 e 12, rezam assim: "Vós sois o meu Pai santíssimo, meu Rei e Deus meu. Vinde em meu auxílio, Senhor Deus de minha salvação". O Salmo 3, que começa pedindo: ''Tende compaixão de mim, ó Deus, tende compaixão ... ", continua no versículo 3: "Clamarei ao meu santíssimo Pai altíssimo; ao Senhor 1ue me encheu de benefícios".
No Salmo 4, versículo 9, rezam assim: "Pai santo, não afasteis de mim a vossa ajuda, cuidai da minha defesa". No Salmo 5 , reconhecem-se na posição de pecadores quando, no versículo 9, dizem: "Pai santo, o zelo de vossa casa me devorou, e os insultos dos que vos ofendem caíram em cima de mim ... ". E mais à frente, nos versículos 15 e 16, vão completar: ''Vós sois o meu Pai santíssimo, meu Rei e meu Deus. Vinde depressa me ajudar, Senhor Deus de minha salvação".

No Salmo 6, depois de reconhecer que "reduziram-me ao pó da morte, e aumentaram a dor de minhas chagas" (v. 10), voltam-se com confiança para dizer ao Pai: "Fui dormir e me levantei, e meu Pai santíssimo me recebeu com glória. Pai santo, vós me tomastes pela mão direita e me guiastes em vossa vontade e me acolhestes com honra" (vv. 11-12).
O Salmo 7 reconhece o pecado de toda a terra, mas proclama: "Porque o santíssimo Pai do céu, nosso Rei antes do começo do mundo, enviou lá do alto seu Filho amado e realizou a salvação em toda a terra" (v. 3). No tempo da Ascensão, Francisco acrescentava: "Subiu aos céus e está sentado à direita do santíssimo Pai celestial" (v. 10).

O Salmo 9 é cheio de alegria pela ressurreição de Jesus, mas lembra que foi preciso sacrificar o Filho de Deus: "A seu Filho amado sacrificou a sua destra e seu santo braço" (v. 2).

O Salmo 11 canta a misericórdia de Deus diante dos pecadores, pois celebra: "Agora, eu reconheci que o Senhor enviou Jesus Cristo, seu Filho, e ele julgará o universo com justiça" (v. 6).
O Salmo 14 já reza assim no primeiro versículo: "Eu vos dou graças, Senhor, Pai santíssimo, Rei do céu e da terra, porque me consolastes". E, finalmente, o Salmo 15, que celebra o Natal, proclama no versículo 3: "Pois o santíssimo Pai do céu, Rei nosso antes de todos os séculos, mandou do alto seu amado Filho e nasceu da bem-aventurada Virgem Santa Maria", concluindo no versículo 5: "Naquele dia concedeu o Senhor a sua misericórdia".
É fácil perceber que todo o Ofício da Paixão é um pedido de misericórdia feito ao Pai e cheio de esperança-certeza.
Conclusões
Clara, que a família francisclariana está começando a redescobrir, ilumina fortemente a espiritualidade que partilhou com Francisco, porque sabe expressá-la de uma maneira quase sempre muito original e muito livre. É interessante observarmos, mais do que ela diz sobre Deus Pai, sua práxis constante de viver com Jesus no caminho que leva ao Pai.

Celano apresentou Francisco como um "homem novo", justamente porque o viu como alguém que retornara à casa do Pai e estava colaborando com a nova criação, já tinha observado isso quando afirmou, na Legenda de Santa Clara:
"Quando ouviu falar do então famoso Francisco que, como homem novo, renovava com novas virtudes o caminho da perfeição, tão apagado no mundo, quis logo vê-lo e ouvi-lo, movido pelo Pai dos espíritos, de quem um e outra, embora de modo diferente, tinham recebido os primeiros impulsos" (LSC 5).
É claro que foi esse "Pai dos espíritos" que se tornou a meta de Clara na sua vocação, que ela mesma descreve como um dos maiores benefícios recebidos do Pai, que nos dá Jesus como o caminho e o espelho para chegar até ele:
"Entre outros benefícios que temos recebido e ainda recebemos diariamente da generosidade do Pai de toda a misericórdia e pelos quais temos que agradecer ao glorioso Pai de Cristo, está a nossa vocação que, quanto maior e mais perfeita, mais a Ele é devida" (TestC 2-4).
É empolgante ler o Processo de Canonização e ir percebendo como Clara conseguiu passar para suas irmãs a sua convicção viva de que toda a nossa vida é um constante voltar para a casa paterna e um empenhativo compromisso de continuar com o Pai a obra da criação até a consumação dos séculos.
Quem tem um Pai no céu é pobre
Uma das primeiras conclusões práticas que podemos tirar da descoberta de Deus como Pai é que podemos ser pobres e livres. As próprias pessoas divinas são essencialmente pobres porque dão tudo de si sem precisar segurar nada. Têm a liberdade de dar tudo sem precisar guardar nada para nenhuma eventualidade, pois não pode acontecer nenhum imprevisto para quem só vive o Amor. Tudo o que pode acontecer é só um dar-se sem restrições.
Por isso, Clara e Francisco só podiam ser pobres e livres. Quem está vivendo o Pai-nosso só pode ser pobre e livre porque não precisa se apropriar de nada, não precisa mandar em ninguém e não precisa ter importância reconhecida pelos outros.

Quem é filho de Deus sempre vai ter tudo o que precisar, sempre vai ter o melhor relacionamento possível com todas as pessoas sem ter que coagi-Ias a nada, sempre vai ter o melhor reconhecimento possível por parte de quem melhor sabe fazê-lo: Deus.

Estamos seguindo os passos de Jesus crucificado
Outra conclusão prática e concreta é que não precisamos nos preocupar com nada. Sabemos que, no fim da caminhada, o que vamos encontrar é a plenitude do que estamos descobrindo aos pouquinhos cada dia: o Pai. Para isso, Francisco ensinou que basta "seguir os passos de Jesus crucificado". Podemos ir até como cegos que deram a mão e confiam no seu guia.

Quando lemos os jornais ou escutamos os noticiários, somos invadidos pelo terrível sofrimento do mundo. De um mundo de órfãos que, não reconhecendo que têm um Pai nos céus, têm que passar a vida brigando por coisinhas e se matando por idéias que são mais efêmeras do que as moscas. Será que este mundo não está precisando da segurança que deveria brotar e jorrar de nossa confiança viva no Pai?
Vivemos a esperança da utopia
Mas os filhos do Pai das misericórdias não são omissos. Estão na luta da construção do Reino, e o Reino é uma utopia que só virá com muito trabalho. Muita gente já trabalhou por ele no passado, muita gente ainda vai trabalhar no futuro, e nós somos os trabalhadores do presente. Jesus disse que até o Pai trabalha e que ele também não pára de trabalhar.

Francisco falou na "graça do trabalho". É a graça de poder transformar o sonho em realidade. Homem que "tinha sido transformado na própria oração", ele insiste muito mais na necessidade de agir. Achava que não era verdadeira oração de quem não tornava realidade as obras do Pai.

Só consegue transformar o sonho em realidade quem vive cultivando o sonho do Pai, quem tem toda a força dele para transportar montanhas. Foi isso que o pobrezinho Francisco aprendeu com Jesus e nos ensinou.
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1. Sobre isso, nada melhor que ler a primeira parte do livro de Nguyen Van Kahnah, Gesu Cristo nel pensiero di San Francesco secondo i suoi scritti.
2. "San Damiano - Assisi: La prima Chiesa di San Francesco", em Atti Accademia Properziana del Subasio, ser. VI, 7 (1983) 49-87.
3. Sobre o perdão em São Francisco e Santa Clara, há um capítulo interessante no livro de Adriano Parenti, La scuola di preghiera da Francesco e Chiara d’Assisi, p. 85-89
Fr. José Carlos Corrêa Pedroso, OFMCap é diretor do Centro Franciscano de Espiritualidade de Piracicaba. É autor de vários livros de espiritualidade e franciscanismo. É historiador e pesquisador na área fransciscana, profundo conhecedor da vida e obra de São Francisco de Assis e Santa Clara.
Este texto foi publicado nos “Cadernos Franciscanos”, da FFB e Editora Vozes.

Fonte: Franciscanos.org

Evangelho do dia - 28/05/2010

Mc 11,11-26
A figueira e a sociedade estéril

 
Jesus entrou em Jerusalém, no Templo, e olhou tudo ao redor. Mas, como já era tarde, saiu para Betânia com os Doze.

Uma sociedade estéril -* 12 No dia seguinte, quando voltavam de Betânia, Jesus sentiu fome. 13 Viu de longe uma figueira coberta de folhas e foi até lá ver se encontrava algum fruto. Quando chegou perto, encontrou somente folhas, pois não era tempo de figos. 14 Então Jesus disse à figueira: «Que ninguém mais coma de seus figos.» E os discípulos escutaram o que ele disse.

O centro da sociedade estéril -* 15 Chegaram a Jerusalém. Jesus entrou no Templo e começou a expulsar os que vendiam e os que compravam no Templo. Derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos vendedores de pombas. 16 Ele não deixava ninguém carregar nada através do Templo. 17 E ensinava o povo, dizendo: «Não está nas Escrituras: ‘Minha casa será chamada casa de oração para todos os povos’? No entanto, vocês fizeram dela uma toca de ladrões.» 18 Os chefes dos sacerdotes e os doutores da Lei ouviram isso e começaram a procurar um modo de matá-lo. Mas tinham medo de Jesus, porque a multidão estava maravilhada com o ensinamento dele. 19 Ao entardecer, Jesus e os discípulos saíram da cidade.

Uma comunidade que dá frutos -* 20 Na manhã seguinte, Jesus e os discípulos, passando, viram a figueira que tinha secado até à raiz. 21 Pedro lembrou-se e disse a Jesus: «Olha, Mestre: a figueira que amaldiçoaste secou.» 22 Jesus disse para eles: «Tenham fé em Deus. 23 Eu garanto a vocês: se alguém disser a esta montanha: ‘Levante-se e jogue-se no mar, e não duvidar no seu coração, mas acreditar que isso vai acontecer, assim acontecerá’. 24 É por isso que eu digo a vocês: tudo o que vocês pedirem na oração, acreditem que já o receberam, e assim será. 25 Quando vocês estiverem rezando, perdoem tudo o que tiverem contra alguém, para que o Pai de vocês que está no céu também perdoe os pecados de vocês. 26 Mas, se vocês não perdoarem, o Pai de vocês que está no céu não perdoará os pecados de vocês.»

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Evangelho do dia - 27/05/2010

Mc 10,46-52
O verdadeiro discípulo

46 Chegaram a Jericó. Jesus saiu de Jericó, junto com seus discípulos e uma grande multidão. Na beira do caminho havia um cego que se chamava Bartimeu, o filho de Timeu; estava sentado, pedindo esmolas. 47 Quando ouviu dizer que era Jesus Nazareno que estava passando, o cego começou a gritar: «Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!» 48 Muitos o repreenderam e mandaram que ficasse quieto. Mas ele gritava mais ainda: «Filho de Davi, tem piedade de mim!» 49 Então Jesus parou e disse: «Chamem o cego.» Eles chamaram o cego e disseram: «Coragem, levante-se, porque Jesus está chamando você.» 50 O cego largou o manto, deu um pulo e foi até Jesus. 51 Então Jesus lhe perguntou: «O que você quer que eu faça por você?» O cego respondeu: «Mestre, eu quero ver de novo.» 52 Jesus disse: «Pode ir, a sua fé curou você.» No mesmo instante o cego começou a ver de novo e seguia Jesus pelo caminho.

O último milagre de Jesus é uma cura significativa. Ele não abre apenas os olhos do cego, mas também o coração. E o cego curado reconhece Jesus como o Messias (filho de Davi). E, com mais coragem do que Pedro (8,32) e do que o homem rico (10,22), segue a Jesus no caminho para a morte. Desse modo, Bartimeu torna-se o modelo do verdadeiro discípulo

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Evangelho do dia 26/05/2010








Mc 10,32-45
Autoridade é serviço
 
32 Jesus e os discípulos estavam a caminho, subindo para Jerusalém. Jesus ia na frente. Os discípulos estavam espantados, e aqueles que iam atrás estavam com medo. Jesus chamou de novo os Doze à parte e começou a dizer-lhes o que estava para acontecer com ele: 33 «Eis que estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem vai ser entregue aos chefes dos sacerdotes e aos doutores da Lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos pagãos. 34 Vão caçoar dele, cuspir nele, vão torturá-lo e matá-lo. E depois de três dias ele ressuscitará.»
35 Tiago e João, filhos de Zebedeu, foram a Jesus e lhe disseram: «Mestre, queremos que faças por nós o que vamos te pedir.» 36 Jesus perguntou: «O que vocês querem que eu lhes conceda?» 37 Eles responderam: «Quando estiveres na glória, deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda.» 38 Jesus então lhes disse: «Vocês não sabem o que estão pedindo. Por acaso vocês podem beber o cálice que eu vou beber? Podem ser batizados com o batismo com que eu vou ser batizado?» 39 Eles responderam: «Podemos.» Jesus então lhes disse: «Vocês vão beber o cálice que eu vou beber, e vão ser batizados com o batismo com que eu vou ser batizado. 40 Mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou esquerda. É Deus quem dará esses lugares àqueles, para os quais ele preparou.» 41 Quando os outros dez discípulos ouviram isso, começaram a ficar com raiva de Tiago e João. 42 Jesus chamou-os e disse: «Vocês sabem: aqueles que se dizem governadores das nações têm poder sobre elas, e os seus dirigentes têm autoridade sobre elas. 43 Mas, entre vocês não deverá ser assim: quem de vocês quiser ser grande, deve tornar-se o servidor de vocês, 44 e quem de vocês quiser ser o primeiro, deverá tornar-se o servo de todos. 45 Porque o Filho do Homem não veio para ser servido. Ele veio para servir e para dar a sua vida como resgate em favor de muitos.»

terça-feira, 25 de maio de 2010

Evangelho do dia 25/05/2010


Mc 10,28-31 “Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros”

 
28 Pedro começou a dizer a Jesus: «Eis que nós deixamos tudo e te seguimos.» 29 Jesus respondeu: «Eu garanto a vocês: quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de mim e da Boa Notícia, 30 vai receber cem vezes mais. Agora, durante esta vida, vai receber casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, junto com perseguições. E, no mundo futuro, vai receber a vida eterna. 31 Muitos que agora são os primeiros serão os últimos, e muitos que agora são os últimos serão os primeiros.»


segunda-feira, 24 de maio de 2010

Evangelho do dia - 24/05/2010

Evangelho: Marcos 10,17-27
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos


Naquele tempo, 17quando Jesus saiu a caminhar, veio alguém correndo, ajoelhou-se diante dele, e perguntou: “Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?” 18Jesus disse: “Por que me chamas de bom? Só Deus é bom, e mais ninguém. 19Tu conheces os mandamentos: não matarás; não cometerás adultério; não roubarás; não levantarás falso testemunho; não prejudicarás ninguém; honra teu pai e tua mãe!” 20Ele respondeu: “Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude”. 21Jesus olhou para ele com amor, e disse: “Só uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me!”

22Mas quando ele ouviu isso, ficou abatido e foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico. 23Jesus então olhou ao redor e disse aos discípulos: “Como é difícil para os ricos entrar no Reino de Deus!” 24Os discípulos se admiravam com estas palavras, mas ele disse de novo: “Meus filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! 25É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!” 26Eles ficaram muito espantados ao ouvirem isso, e perguntavam uns aos outros: “Então, quem pode ser salvo?” 27Jesus olhou para eles e disse: “Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível”.

Palavra da salvação.
"GLÓRIA A VÓS, SENHOR!"

domingo, 23 de maio de 2010

Novo Conselho Regional Sudeste 2 (RJ/ES)


Neste final de semana abençoado pelo Espírito Santo foi eleito o novo Conselho Regional Sudeste 2 (RJ/ES):

Ministro: Hélio

Vice-Ministro: Arion

Coord 1º Distrito: Marco Antonio

Coord 2º Distrito: Ernani

Coord 3º Distrito: Ana Lima

1º Tesoureira: Leir
2º Tesoureiro: Claudio Luiz

Coord Formação: Dayse

Coord SEI: Dalvo

Coord Comunicação: Anderson

Coord CODHJUPIC: Conceição

1ª Secretária: Irany
2ª Secretária: Maria Amélia

Conselho Fiscal:
1º Titular: Fernando
2º Titular: Maria Tereza
3º Titular: João Bosco
1º Suplente: Cícero
2º Suplente: Jefferson
3º Suplente: Ilma

Que nosso Pai Seráfico interceda junto a Deus por este novo Conselho e pedimos a todos os irmãos que coloquem em suas orações diárias do Ofício o novo Conselho.

Pax et Bonum!

***** Clique nas fotos para ampliar ***** 




segunda-feira, 17 de maio de 2010

Evangelho do dia 16/05

Evangelho: João 16,29-33

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo João


Naquele tempo, 29os discípulos disseram a Jesus: “Eis, agora falas claramente e não usas mais figuras. 30Agora sabemos que conheces tudo e que não precisas que alguém te interrogue. Por isto cremos que vieste da parte de Deus”.

31Jesus respondeu: “Credes agora? 32Eis que vem a hora — e já chegou — em que vos dispersareis, cada um para seu lado, e me deixareis só. Mas eu não estou só; o Pai está comigo. 33Disse-vos estas coisas para que tenhais paz em mim. No mundo, tereis tribulações. Mas tende coragem! Eu venci o mundo!”

Palavra da salvação.
"GLÓRIA A VÓS, SENHOR!"

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Evangelho do dia - 14/05/2010

Evangelho: João 15,9-17
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo João


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 9Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor. 10Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. 11E eu vos disse isto, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena. 12Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei.

13Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos. 14Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. 15Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai. 16Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça. O que então pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo concederá. 17Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros.

Palavra da salvação.
“Glória a vós SENHOR”

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Evangelho do dia - 13/05

Evangelho: João 16,16-20

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo João


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:16“Pouco tempo ainda, e já não me vereis. E outra vez pouco tempo, e me vereis de novo”. 17Alguns dos seus discípulos disseram então entre si: “O que significa o que ele nos está dizendo: ‘Pouco tempo, e não me vereis, e outra vez pouco tempo, e me vereis de novo’, e: ‘Eu vou para junto do Pai?’”.

18Diziam, pois: “O que significa este pouco tempo? Não entendemos o que ele quer dizer”. 19Jesus compreendeu que eles queriam interrogá-lo; então disse-lhes: ‘Estais discutindo entre vós porque eu disse: ‘Pouco tempo e já não me vereis, e outra vez pouco tempo e me vereis?’ 20Em verdade, em verdade vos digo: Vós chorareis e vos lamentareis, mas o mundo se alegrará; vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se transformará em alegria”.

Palavra da salvação.
“Glória a vós SENHOR”

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O Cruxifixo de São Damião


O Cruxifixo de São Damião

Um ícone
• O crucifixo de São Damião é um ícone, uma figura que tem especial valor simbólico e religioso.
• O ícone de São Damião é uma figura colorida, pintada em pano colado numa tábua de nogueira. Tem 2,10 ms de altura e 1,30 ms de largura e 2 cm de espessura.














• A palavra ícone, do grego êikon, quer dizer imagem. É uma representação, mas não como as nossas estátuas ou quadros, porque o ícone é feito a partir de uma experiência da Luz da santidade, que depois é transmitida.
• O ícone é um elemento fundamental da teologia da Igreja Oriental: a teologia da luz, a teologia da beleza.
Teologia da Luz
• Para essa teologia, tanto quanto podemos dizer que “Deus é Amor” e que “Deus é Santo”, podemos dizer que “Deus é Luz”. A sua santidade comunica-se como a Luz.
• O princípio de vida é o de que Deus inunda de Luz tudo e todos os que se abrem para Ele. Para poder falar dessa santidade, que é inexprimível, usam o símbolo da Luz. Santa é uma pessoa que se tornou iluminada pela Luz-Santidade de Deus, e por isso mesmo, luminosa: transmite luz.
• Por isso, o santo não é representado como se estivesse vivendo na terra e no seu tempo, como na Igreja Ocidental. Mas é representado na glória de Deus, onde já recebeu toda a sua Luz.
Os simbolismos do ícone
• Na civilização ocidental, estamos acostumados com idéias e palavras que falam à mente. O ícone não é uma comunicação dirigida à mente: é uma ‘palavra’ de vida que passa de coração para coração. Os ícones falam ao coração. As palavras dirigidas à mente definem. As palavras dirigidas ao coração, não definindo, abrem os horizonte. As palavras à mente convencem. As palavras ao coração, movem.
• A linguagem simbólica dos ícones não sugere idéias, detona a transformação: contemplando a toda presença de Luz de Deus, descobrimos também os outros sinais de luz nas pessoas, nos acontecimentos e nas coisas do mundo.
• São Francisco fala (Adm, 1) em enxergar com os “os olhos do espírito”, abrir nossos olhos para que enxerguem o mundo, as pessoas, tudo como Deus vê.
• Toda luz que entra em nossa vida está desencadeando um processo. Se nos abrirmos, virão novas luzes. Trevas são a escuridão em que o ser humano fica quando rompe com Deus.
• No Crucifixo de São Damião está, de forma sintética e simbólica, a teologia do Evangelho de São João (o jogo, a trama entre luz e trevas). Para o evangelista, Jesus vai ficando cada vez mais luminoso, na medida em que as pessoas o aceitam.
• Nos ícones, as figuras nunca têm sombras, porque a luz não incide sobre elas a partir de um foco: sai de dentro delas. Do mesmo modo, o ícone não tem sinais de movimento, porque todo o seu movimento é interior.
• Diferentemente dos nossos quadros e imagens, os ícones não são feitos para ficarmos olhando: são eles que olham para nós e nos iluminam. Como? Dando-nos um banho de luz. Transformados, vamos crescer no bem. Não é pelo toque que o ícone transmite sua força; é pela luz.
O Crucifixo de São Damião
• Na cruz, vemos Jesus Cristo duas vezes: na figura central, com 1,80 m, sua presença domina todo o quadro. No alto, dentro de um círculo, o Cristo da Ascensão.
• No semicírculo, bem acima do ícone, está representada uma mão com um dedo que aponta: é o símbolo das outras duas Pessoas da Santíssima Trindade.
• Abaixo dos braços de Jesus, um quadrado: o Livro da Vida na Terra, os santos que estavam ao pé da Cruz, no momento da sua morte (Jo). No alto da cruz, um retângulo: o Livro da Vida Eterna, os santos da glória do céu.
• As cores: o fundo do Cristo da Ascensão é vermelho, o fundo do quadro dos santos é dourado, e o fundo do Crucificado é negro.
• Abaixo dos pés de Cristo, duas figuras (Pedro e João?). Nos braços da cruz, seis anjos: quatro abaixo das mãos e dois, nos extremos horizontais, que se dirigem a Jesus.
• Os dois círculos e o semicírculo, que se sucedem e diminuem, de baixo para cima.
• A oposição entre os quatro braços da cruz e os três círculos.
• Acima da cabeça de Jesus, a inscrição, própria do Evangelho de João: “Jesus Nazareno, Rei dos Judeus”.
Francisco diante do Crucificado
• Em geral, compreendemos a cena de Francisco diante do Crucifixo, como que ocorrida num momento: Francisco chegou, viu o Crucificado, ouviu sua voz e respondeu imediatamente com a sua oração.
• Desde a sua crise existencial provocada pela visão, em Espoleto (o senhor e o servo), no início de 1205, quando se preparava para a guerra nas Apúlias, Francisco experimentou uma penosa solidão, na busca de encontrar o sentido para sua existência: “Senhor, que queres que eu faça?” (LTC 6).
• Foram meses de completa escuridão até chegar em São Damião, no final do mesmo ano. O ambiente é de ruínas. Não apenas nas exterioridades do local em que se encontra. Sua vida, jubilosa, com projetos de glória e honrarias, está também em ruínas.
• É de dentro dos escombros de tais sonhos, que ele se dirige a Jesus, numa prece de extremada solidão: “Iluminai, Senhor, as trevas de meu coração”. É um encontro não com letras, conceitos e doutrinas, mas um diálogo de coração a coração. “Francisco, não vês que minha casa está destruída? Vai, portanto, e restaura-a para mim” (LTC 13).
• Francisco deve ter ficado muito tempo, dias, contemplando, refletindo e numa oração de busca quando o ícone o iluminou. Em São Damião, a luz detonou a visão interior de Francisco. A luz do Crucificado fez Francisco olhar para si mesmo e perceber que, lá dentro, tudo era escuridão. Sem que se desse conta, a luz de Deus já fizera com que aprendesse a olhar para dentro.
• Depois da primeira iluminação do coração, Francisco deve ter sido capaz de ver, lá dentro, que Deus “é o Sumo Bem”, e que não existe nada de bom fora dele. Portanto, o primeiro passo foi o de esquecer o próprio eu, percebendo que o verdadeiro centro de tudo é Deus. Olhando com o olhar de Jesus para a sua própria interioridade, percebeu que o seu coração, a sua interioridade, estava em trevas.
• Outro passo dado aconteceu quando Francisco foi levado a olhar para onde Jesus olhava (os enormes olhos abertos e tranqüilos de Cristo): para o mundo imenso lá fora e para dentro de si mesmo. Enxergando o mundo lá fora com o olhar do Filho de Deus, ele ‘ouviu’ que estava sendo chamado para uma reconstrução.
• Ele entendeu que lhe fora dito restaurar aquela igreja, que, por sua antiguidade e abandono, estava por ruir, quase desculpando a simplória compreensão que tivera. De fato, é uma constante nas tradições sobre Francisco de Assis avaliar esta sua atitude como um gesto de alguém que ainda não entendeu a profundidade de sua vocação. Na verdade, porém, esse será eternamente o jeito desse homem. Para ele, até o fim, nunca as grandes coisas estiveram longe das coisas pequenas e aparentemente insignificantes.
• Francisco se põe logo ao trabalho de restaurar capelas abandonadas (LM II,7.8), não porque tenha entendido mal a mensagem, como habitualmente pensamos, mas exatamente porque, para compreender o sentido profundo das palavras a ele dirigidas, tem necessidade de entrar no terreno da experiência, do fazer com os outros. Mendigar e carregar pedras para a reconstrução de um templo era já, sim, reconstruir a grande Igreja de Jesus Cristo. Este foi, sem dúvida, um dos segredos deste homem.
• A vida toda de Francisco pode vista como uma iluminação contínua, pessoal e interior, ao responder o chamado para ‘restaurar a casa em ruínas’. Duas orações que ele mesmo compôs, são marcos desta trajetória: uma no começo (Iluminai), quando ele se sente escuro por dentro e pede que Deus ilumine sua interioridade. A outra (O Cântico das Criaturas ou do Irmão Sol), no final de sua vida, quando ele, escuro por fora porque cego e doente, explode toda a sua luz interior. Entre as duas, Francisco vai crescendo cada vez mais na luminosidade.
800 anos depois, nós estamos diante do Crucificado
• A Família Franciscana, herdeira do carisma (inspiração originária e fundante) de São Francisco, celebra em 2008 os 800 anos do nascimento dessa inspiração, e em 2009, o mesmo jubileu da aprovação da primeira Regra de Vida, aprovada pela Igreja (Papa Inocêncio III).
• Esse jubileu é ocasião de resgatar essa “graça das origens” para os nossos dias, como forma de tornar vivo e atuante, essa mesma inspiração, na vida da Igreja e da humanidade.
• Para tanto, toda a Família Franciscana no mundo inteiro, está se mobilizando para reviver esta mesma experiência de Francisco e Clara de Assis, através de inúmeras iniciativas. No Brasil, a FFB, tem como lema: “Reviver o sonho de Francisco e Clara de Assis no chão da América Latina e do Caribe. Uma iniciativa é a Peregrinação da Cruz de São Damião. Não se trata unicamente de um momento celebrativo, mas de uma proposta de vida: a de retomar esta graça das origens, como um Projeto de Vida.
Frase: “Senhor, que queres que eu faça?”
Lema: Ouvimos para mudar de vida!
Propostas: a escuta, a conversão e o discernimento da vontade do Senhor para a nossa vida hoje.
Para onde vamos?
• Para a redescoberta pessoal e partilhada na Fraternidade (comunidade) de “quem sou eu”.
• Acolher o chamado para reler nossa identidade nos inícios do terceiro milênio.
• Para a fidelidade à humanidade e ao Evangelho vivido na Igreja, segundo a inspiração de Francisco.
• Para viver e anunciar “aos homens a paz e a penitência” (1 Cel 29,3).
• Para redescobrir o rosto do leproso e de Jesus Cristo, Senhor pobre e crucificado.
Com que meios?
• Cultivar a escuta através da leitura da Palavra de Deus.
• À luz da vida dos homens e mulheres de hoje.
• Lendo e interpretando os sinais dos tempos.
Com a força dos gestos
• Sinais concretos de partilha e de solidariedade.
• Sinais de restituição aos “leprosos” de nosso tempo.
• Busca de uma vida mais sóbria e essencial.
CONCLUSÃO
O carisma franciscano está longe de ter esgotado suas possibilidades. Ao invés, ele ainda fala alto aos homens e mulheres de nossos dias, seja pela afinidade com que é sentido, seja pelo contraste e desconcerto que provoca, seja ainda pela nostalgia que desperta em nós face àquilo que, também, poderíamos e gostaríamos ser.
Não obstante, subsiste uma misteriosa afinidade, ou cumplicidade, entre o carisma franciscano e as melhores bandeiras que mobilizam a consciência atual, quais sejam:
1. a bandeira da solidariedade com os pequenos e da justiça social, expressão prática do minoridade;
2. a bandeira da paz, constitutiva do anúncio franciscano e tão cara a São Francisco;
3. a bandeira da ecologia, que tem em Francisco seu patrono e inspirador, e que interpela ao cuidado com nossa Casa comum e com as relações de convivência;
4. a bandeira da sobriedade e frugalidade, face ao consumismo;
5. a bandeira da fraternidade face à tentação de medir as pessoas pelo poder ou riqueza que possuem;
6. a bandeira do diálogo e do ecumenismo, em todos os níveis, como condição de sobrevivência de nossa espécie;
7. a bandeira das relações de gênero, chance histórica única confiada às atuais gerações e que não pode, em absoluto, ser fraudada.
Com qual dessas bandeiras o carisma franciscano não tem alguma afinidade ou alguma luz a oferecer? Já se disse que Francisco continua jovem e atual, não obstante seus filhos e filhas parecem envelhecidos. O carisma fundacional continua fonte de inspirações.
Algumas:
• A referência a Deus, o Sumo Bem
• A proximidade e fraternidade
• O cuidado e a compaixão
• O sentir-se bem entre os pequenos
• O ecumenismo e o diálogo em todas as direções.
Deus continua olhando para a terra e lhe dando sua graça; o mundo atual, que é templo de sua presença, continua emitindo sinais e apontando urgências; cabe à sensibilidade de nossas vidas decidir se aceita ou não participar nesta aventura. Aventura do Espírito com suas criaturas livres.
Extraído de http://www.franciscanos.org.br/noticias/noticias_especiais/2008/crucifixo_230608/02.php acesso em 4 maio 2010.
Imagem: Assisi, San Damiano / Berthold Werner. 2008. Disponível em http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Assisi_San_Damiano_BW_4.JPG acesso em 4 maio 2010
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fonte: Brasil Franciscano

Evangelho do dia 12/05

Evangelho: João 16,12-15

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo João


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 12“Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender agora. 13Quando, porém, vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à plena verdade. Pois ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido; e até as coisas futuras vos anunciará.

14Ele me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. 15Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse que o que ele receberá e vos anunciará, é meu”.

Palavra da salvação.
"GLÓRIA A VÓS, SENHOR!"

terça-feira, 11 de maio de 2010

Evangelho do dia - 11/05/2010

João 16,5-11

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo João


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 5“Agora, parto para aquele que me enviou, e nenhum de vós me pergunta: ‘Para onde vais?’ 6Mas, porque vos disse isto, a tristeza encheu os vossos corações. 7No entanto, eu vos digo a verdade: É bom para vós que eu parta; se eu não for, não virá até vós o Defensor; mas, se eu me for, eu vo-lo mandarei.

8E quando vier, ele demonstrará ao mundo em que consistem o pecado, a justiça e o julgamento: 9o pecado, porque não acreditaram em mim; 10a justiça, porque vou para o Pai, de modo que não mais me vereis; 11e o julgamento, porque o chefe deste mundo já está condenado”.

Palavra da salvação.
"GLÓRIA A VÓS, SENHOR!"