sexta-feira, 29 de julho de 2011

Evangelho do dia - 29.07.2011





Jo 11, 19-27
"Eu sou a ressurreição e a vida"
19 Muitos judeus tinham ido à casa de Marta e Maria para as consolar por causa do irmão. 20 Quando Marta ouviu que Jesus estava chegando, foi ao encontro dele. Maria, porém, ficou sentada em casa.
21 Então Marta disse a Jesus: «Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. 22 Mas ainda agora eu sei: tudo o que pedires a Deus, ele te dará.» 23 Jesus disse: «Seu irmão vai ressuscitar.» 24 Marta disse: «Eu sei que ele vai ressuscitar na ressurreição, no último dia.» 25 Jesus disse: «Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em mim, mesmo que morra, viverá. 26 E todo aquele que vive e acredita em mim, não morrerá para sempre. Você acredita nisso?» 27 Ela respondeu: «Sim, Senhor. Eu acredito que tu és o Messias, o Filho de Deus que devia vir a este mundo.»

* 17-27: Jesus se apresenta como a ressurreição e a vida, mostrando que a morte é apenas uma necessidade física. Para a fé cristã a vida não é interrompida com a morte, mas caminha para a sua plenitude. A vida plena da ressurreição já está presente naqueles que pertencem à comunidade de Jesus.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

2012: 800 ANOS DA VOCAÇÃO DE SANTA CLARA DE ASSIS

2012: 800 ANOS DA VOCAÇÃO DE SANTA CLARA DE ASSIS

Clara de Assis nasceu Chiara Ofreduccio Favarone, em 1194, da nobre família assisiense dos Ofreducci, rica, bela, fidalga e prometida como esposa para pretendente de estirpe semelhante que pudesse aumentar os bens de seu pai.


Em 1210, encontra-se com Francisco de Assis, jovem, louco e santo que revoluciona Assis com a vivência do Evangelho e com uma vida de total desapego, vivendo pobre entre os pobres. Em 1211 está nítida a conversão de Clara: aos 28 de março de 1212, no Domingo de Ramos, recebe das mãos do bispo um ramo e lê isto como um sinal da sua decisão e envio. Na madrugada do dia seguinte, foge da casa da família e vai encontrar-se com Francisco em Santa Maria dos Anjos.É o que comemoramos, 1212-2012, a Vocação de Clara de Assis. São 800 anos! De jubileu em jubileu se evidencia a história encarnada de um carisma. Clara de Assis é a expressão mais cristalina de uma nobre mulher medieval: reclusa em seu palácio, rica de qualidades, rica de bens materiais, educada em bons costumes, foco de admiração pelas virtudes, não passa despercebida pela sua beleza, no aguardo de um bom dote para um bom casamento. Ela rompe com tudo isto para viver o Evangelho. Isto é convocação para existir no Amor Sagrado!Havia em seu tempo mulheres que não eram valorizadas como ela, mas todas sonhavam o melhor. Clara projeta para a sua vida a perfeição cristã. Século após século não podemos nos furtar de retomar os modelos vivos de mulheres corajosas como Joana D’Arc, Catarina de Siena, Hildegard de Bingen, Brígida da Suécia, Ângela de Foligno, Tereza D’Ávila. Mulheres que, assim como Clara, nos mostram que uma coisa é inserir-se na vida das contemporâneas, outra coisa é trilhar a desafiante senda da perfeição.Muitas destas mulheres traçaram um caminho: se não há felicidade na escolha afetiva do prometido esposo, por que não buscar o Amado que posso escolher na liberdade sagrada do coração? Se não há realização na preconceituosa sociedade de seu tempo, por que não buscar a Fraternidade? Mulheres audaciosas e fortes nos mostraram a sublimação da vida e não nas fracas escolhas. Não há revolta, mas sim um seguimento apaixonado. Não há um rompimento com a ilustre tradição familiar, porém a opção por abraçar uma família espiritual. Assim foi Clara de Assis. Mulher de sonhos e projetos, renunciou a suntuosos palácios e elegantes príncipes para refazer os passos de um Pobre de Assis que mostrou o caminho do Evangelho. Ela nasceu dentro de uma família de cavaleiros, buscadores de títulos de nobreza e patrimônio, aprendeu com eles a garra e a ousadia; mas direcionou esta força para uma fortaleza espiritual que venceu as dificuldades e provações da mais extrema renúncia e pobreza. Com Francisco ela ajudou, saindo de uma casa, a reconstruir outra casa: a da civilização cristã.No silêncio orante do Mosteiro ouviu o Mestre dos mestres e ouviu Francisco. Criou uma linguagem própria e uma vocação original de amor e cuidado. Não deu só presença encantada no seguimento do Cristo Pobre; deu muito mais: sua riqueza pessoal, sua saúde, sua vida. Depois da morte de Francisco de Assis, por 27 anos, cuidou da herança que ele deixou e da qual ela também era cooperadora. Viveu 42 anos no Mosteiro de São Damião, junto com suas irmãs Clarissas, de um modo tão transparente que há oito séculos sua vida é inspiração em todos os cantos da história. Fez do seu Mosteiro um canteiro fecundo de novas sementes contemplativas de Irmãs, oração, penitência, silêncio, austeridade e acolhimento. Clara é um exemplo para o mundo mesmo escondida do mundo. Assim como Francisco tornou-se realidade e legenda. “A lenda cristã, diz Barbara Brígida, não se preocupa com o lado humano só santo; mas só se interessa pelo ouro finíssimo da divindade que nele brilha”. Como diz Joaquim Capela, OFM: “Na verdade, Clara de Assis foi a glória do feminino. Veio ao mundo para embelezar e enriquecer com os tesouros da sua ternura e bondade (...). Como seu guia e pai, São Francisco, abriu à humanidade novos caminhos de paz e de ventura. A sua benigna sombra, tão humana e ao mesmo tempo tão espiritual, paira ainda hoje na doce terra da Úmbria, toda impregnada da lembrança dos mais santos mais simpáticos do século XIII e talvez de todos os tempos” ( in Santa Clara de Assis, Editorial Franciscana , Braga, 1983)Que alegria celebrar um jubileu desta Santa tão brilhante que ilumina há séculos nosso mundo e nosso caminho. Santa Clara, rogai por nós!


Blog Frei Vitório Mazzuco

Evangelho do dia - 28.07.2011





Mt 13, 47-53
A consumação do Reino
-* 47 «O Reino do Céu é ainda como uma rede lançada ao mar. Ela apanha peixes de todo o tipo. 48 Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e escolhem: os peixes bons vão para os cestos, os que não prestam são jogados fora. 49 Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos virão para separar os homens maus dos que são bons. 50 E lançarão os maus na fornalha de fogo. Aí eles vão chorar e ranger os dentes.»
Um novo sentido para tudo -* 51 «Vocês compreenderam tudo isso?» Eles responderam: «Sim.» 52 Então Jesus acrescentou: «E assim, todo doutor da Lei que se torna discípulo do Reino do Céu é como pai de família que tira do seu baú coisas novas e velhas.»
-* 53 Quando Jesus terminou de contar essas parábolas, saiu desse lugar.

* 47-50: A consumação do Reino se realiza através do julgamento que separa os bons dos maus. Os que vivem a justiça anunciada por Jesus tomarão parte definitiva no Reino; os que não vivem serão excluídos para sempre. É preciso decidir desde já.
* 51-52: As parábolas revelam o segredo de Deus para aqueles que têm fé. Por isso, o doutor da Lei que se torna discípulo de Jesus é capaz de ver a ligação entre o Antigo e o Novo Testamento. Em Jesus tudo se renova e toma novo sentido.
* 53-58: Cf. nota em Mc 6,1-6. Os conterrâneos de Jesus colocam a questão sobre a origem da autoridade dele, admirados de seu ensinamento e poderes milagrosos. É impossível que Jesus, sendo um deles, tenha a autoridade de Deus. Por isso, eles o rejeitam. Essa rejeição não é acidental: é apenas mais uma prova de que Jesus é o enviado de Deus. De fato, todos os profetas do Antigo Testamento também foram rejeitados.

quarta-feira, 27 de julho de 2011


ÂNSIA DE COMUNHÃO

Senhor,
Tu não és um corpo de doutrinas, 
não és um código de leis,
não dependes de ideias novas e passageiras
inventadas pelos homens para Te descrever.
Não sei como designar-te.
Tu és um Tu, um Alguém, Tu és pura gratuidade e
infinita compaixão.
Tu és ânsia de comunhão, desejo de comunicação,
Tu buscas comunhão e união.
Tu te tornas extremamente insinuante
em determinados momentos de minha historia
 e meus olhos não podem deixar de buscar teu olhar
no meio da noite da vida.
Tu me levas a fazer experiências profundas,
algumas cheias de alegria
e outras carregadas de interrogações.
Provocas dentro de mim inaudita alegria
quando  solicitas  não apenas partes de meu ser, 
mas a inteireza do meu existir.
Quando me oferto todo a Ti, exulto em meu interior.
Muitas vezes a vida foi me colocando interrogações
e questionamentos de toda espécie, 
quando o peso da carne e da terra fizeram
com que eu perdesse o sentido e a direção
de  teu coração, nestes momentos Tu te insinuaste
em minha história e colocaste em meu interior
a esperança de continuar a caminhada com gosto das coisas que viriam.
Na mesa da toalha branca colocas o pão e o vinho
e me dás experimentar força e união.
Tu me dás a força do pão e os irmãos para a união.
Quando chegas convidando-me para te seguir
provocas reações em meu interior:
queres que eu mate meu eu louco,
arrancas de mim alegria de libertação de mim mesmo.
Quero consagrar-te inteiramente a Ti:
meu tempo, minha vida, meus sonhos, meus projetos, 
minhas dores e minhas alegrias se voltam para Ti.
Não quero conviver contigo como se fosses um Deus distante,
longínquo, frio, um Deus de leis, de castigos e de formalismos.
Quero viver em comunhão amorosa contigo.
Dá-me  Senhor, experimentar uma profunda alegria
Em ser teu e caminhar rumo à terra da profunda e definitiva união.
Sim, tu me chamas para a eterna comunhão contigo e com os que Te amam na luz e na plenitude.


A NOSSA SENHORA DO MURO
 A oração que transcrevemos foi publicada  na revista da Terra Santa, maio-junho de 2011.

Santa Mãe de Deus e
Mãe da Igreja,
nós te invocamos também como mãe
dos cristãos que sofrem
Suplicamos a ti que faças cair este muro,
o muro dos nossos corações e todos os muros
do ódio, da violência, do temor e da indiferença
entre os homens e os  povos.
Tu que, com o teu fiat, foste vitoriosa
sobre a antiga serpente,
acolhe-nos em teu manto,
protege-nos de todo o mal
e abre em nossas vidas
a porta da Esperança.
Faze com que em nós e em todo o mundo
floresça o amor que emana da cruz
e da ressurreição de teu  Filho e Salvador nosso que vive e reina pelos séculos. Amém



QUE  VENHAM  AS LUZES DO ESPIRITO
A Igreja vive sempre impulsionada pela eterna novidade do Espírito. Ele não deixa a comunidade adormecer. Ele é a força dos fracos e a eterna novidade de Deus.  O Espírito esta apontando os caminhos do amanhã.

Senhor, 
derrama teu Espírito
sobre jovens e  velhos.
Derrama teu Espírito
sobre homem e mulher.
Derrama teu Espírito
na altura  e na largura.
Derrama teu Fogo
a leste e a oeste.
Derrama teu Fogo
no coração dos homens,
derrama teu fogo
na boca dos homens,
nos olhos dos homens
nas mãos dos homens.
Acende teu  Fogo.
Envia teu Sopro
aos  que creem,
aos que duvidam,
aos que amam,
aos  que vivem sozinhos.
Envia teu Fogo
na direção da palavra dos homens,
do silêncio dos homens.
Envia teu fogo na direção da fala dos homens.
Que falem e cantem no Espírito.
Envia teu Sopro
aos  guardiães do bem,
a todos os que constroem o amanhã,
aos  que acreditam na beleza
aos  que preservam a vida.
Envia teu Espírito,
Envia teu Sopro às casas dos homens.
Envia teu Espírito às cidades dos homens,
ao mundo dos homens.
Envia o teu Espírito a todos os homens de boa vontade.
Aqui e agora, envia-nos teu espírito.
Envia teu Espírito!
Revista  Prier  , n. 122, p. 3-4

Evangelho do dia - 27.07.2011





Mt 13, 44-46
A decisão pelo Reino
-* 44 «O Reino do Céu é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra, e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens, e compra esse campo.
45 O Reino do Céu é também como um comprador que procura pérolas preciosas. 46 Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens, e compra essa pérola.»

* 44-46: Para entrar no Reino é necessária decisão total. Apegar-se a seguranças, mesmo religiosas, que são falsas ou puras imitações, em troca da justiça do Reino, é preferir bijuterias a uma pedra preciosa.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Santos Joaquim e Ana, pais de Maria - O TEMA DOS AVÓS


Santos Joaquim e Ana, pais de Maria
O TEMA DOS AVÓS

Eclesiástico 44, 1.10-15; Mateus 13, 16-17
Joaquim e Ana, pais da mãe de Jesus, são considerados os patronos celestes dos avós e mesmo dos bisavós. Propomo-nos a fazer uma reflexão muito singela a respeito da figura dos avós.
Desfila diante de nossos olhos  uma variada e rica galeria de perfis de avós.
Esta mulher e este homem esperaram muito tempo para que sua filha única resolvesse se casar e principalmente aceitasse ficar grávida.  Sabemos como são as coisas em nossos dias. A mocinha fez faculdade de comércio exterior e anda viajando pelos países a União Europeia a serviço de nosso Ministério das Relações Exteriores. Adiou por muito tempo a eventual chegada de um filho. Quando já tinha trinta e cinco anos deu à luz a duas meninas gêmeas  Paola e  Gina.  E os  avós ficaram muito felizes.  Vivem carregando no colo uma e outra.  Torcem para que sua filha tenha muitas missões no exterior, que viaje toda hora para Bruxelas ou Berlim para que os avós fiquem cuidando das netas.  Claro que eles precisam ter plena consciência de que são avós e não os pais.
Aquela senhora era avó e mãe de seu neto.  Sua filha, desajuizada, teve um filho de qualquer jeito, sem lenço, sem documento, sem projeto.  E depois esta mãe da criança foi pelo mundo afora e Maicol,  assim se chamou a menino, ficou com a avó, que foi para ele avó, avô, mãe, pai, tio e tudo o que uma pessoa tem direito a ter.  Escutei dizer que o menino já é sargento no quartel da Vila Jandira. 
A avó deu vida à sua vida  com esse Maicol... embora lamentasse as loucuras da filha tresloucada. Devo dizer que essa avó é uma mulher muito feliz. Aquele avô está sem possibilidade de se locomover. Permanece em casa e os netos gostam de conversar com o vô  que foi locutor esportivo de uma emissora carioca.  Ele conhecia muitas histórias sobre times, copas do mundo, campeonatos brasileiros. Os netos, agora já rapazes,  vivem entrevistando o homem a respeito de jogadores e locutores, Garrincha, Tostão, Nilton Santos, Jorge Cury, Antônio Cordeiro e mesmo Ary Barroso...O dia em que ele morrer vai fazer  muita falta...
Que festa bonita foi aquela das bodas de ouro dos avós... Houve missa na igreja de São Francisco e festa alegre no salão do prédio onde eles moram.  A neta mais velha, professora de literatura antiga na universidade, entrou com o avô. O neto mais novo, de doze anos, levou a avó até o altar. Na hora da bênção final da missa o padre chamou  todo mundo e houve abraços apertados, beijos, afagos, lágrimas e muito carinho naquele dia das bodas de ouro  dessa coisa deliciosa que chamamos de avô e de avó.
Muitos pais batizados na Igreja católica  não praticam mais a fé e não cuidam de educar os filhos na fé. É com os avós que muitas crianças aprendem as coisas do Evangelho e vontade de serem discípulos de  Jesus.          
Que São Joaquim e Sant’Ana intercedam por todos os avós da face da terra.

Evangelho do dia - 26.07.2011





SS. Joaquim e Ana
Mt 13, 36-43
A dinâmica do Reino na história]

-* 36 Então Jesus deixou as multidões, e foi para casa. Os discípulos se aproximaram dele, e disseram: «Explica-nos a parábola do joio.» 37 Jesus respondeu: «Quem semeia a boa semente é o Filho do Homem. 38 O campo é o mundo. A boa semente são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao Maligno. 39 O inimigo que semeou o joio é o diabo. A colheita é o fim dos tempos. Os ceifadores são os anjos. 40 Assim como o joio é recolhido e queimado no fogo, o mesmo também acontecerá no fim dos tempos: 41 o Filho do Homem enviará os seus anjos, e eles recolherão todos os que levam os outros a pecar e os que praticam o mal, 42 e depois os lançarão na fornalha de fogo. Aí eles vão chorar e ranger os dentes. 43 Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça.»

* 36-43: A explicação da parábola é alegoria que apresenta a dinâmica do Reino na história. Jesus instaurou o Reino dentro da história, e esta é feita pela ação de bons e maus. A vinda do Reino, porém, entra em luta contra o espírito do mal, e conduz os justos à vitória final. A história é tensão contínua voltada para a manifestação gloriosa do Reino.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

CLARA CORAJOSA MESMO DOENTE

CLARA CORAJOSA MESMO DOENTE
As irmãs trabalharão sem perder o espírito do Senhor

Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM

Continuamos a leitura do livro Chiara di Assisi de Chiara Giovanna Cremaschi. Estamos na década de vinte. A autora escreve sobre as enfermidades de Clara e de Francisco e evoca outros pormenores a respeito da vida de São Damião nesse tempo, de modo especial o trabalho.

1. Em 1224 acontece alguma coisa que passou a marcar profundamente a realidade de São Damião.  Clara fica doente. Tal fato poderia até ter  posto termo à aventura de São Damião. Não sabemos qual teria sido essa doença. Do Processo nada se pode deduzi de muito preciso a esse respeito. O que se sabe é que Clara precisava ficar de cama, por períodos mais ou menos prolongados. No dito Processo Pacífica diz: “Interrogada desde quando tinha começado esta longa enfermidade de Santa Clara, respondeu que pensava que fossem vinte e nove anos”. Esse dado é importante. Tudo o que Clara realizou durante  longo tempo foi feito por uma pessoa enferma. Em tal condição, ela consegue admiravelmente orientar  uma “sororidade” sempre mais numerosa,  sustentar uma luta incessante  na defesa de seu estilo de vida e preparar uma Regra. Em seus  depoimentos no Processo, as irmãs sempre têm a enfermidade como ponto de referência. Relatam fatos que se deram antes ou depois do começo da doença. Até aquele momento era a Madre que cuidava das irmãs doentes, a partir de então  são as irmãs que dela cuidam  Suas co-irmãs lhe oferecem um colhão de palha,  dão sumiço  nos instrumentos de penitência e Clara aceita tudo persuadida de viver assim na obediência

2. Ela nunca se queixará de sua enfermidade física. Nesse momento, no entanto, sofre de outro sofrer, ou seja, com o agravamento do estado de saúde de Francisco  depois dos acontecimentos que se tinham dado  no monte La Verna. Pensemos, nesse contexto, no fato de que Francisco compôs os Louvores ao Deus Altíssimo naquelas condições, o que revela o abismo da mística vivida por Francisco naquele momento.  Ele cantou o Deus altíssimo, no meio de seus sofrimentos com todo o coração, com todos os adjetivos e superlativos. À Clara chega eco de todos esses acontecimentos. Com sua intuição, ela vai mais longe, compreende muito bem a profundidade da experiência de Francisco e pressente o fim que  se avizinha. O Poverello não revela os segredos do Rei. Clara adivinha o que se passa no coração de Francisco mesmo antes que ele chegue a São Damião. Os dois se estimavam e se conheciam.

3. Estamos na primavera de 1225. Não sabemos como aconteceu o encontro com Francisco. Ele sofre terrivelmente com a doença das vistas que o tornou cego e incapaz de voltar-se para a luz. Em todo caso os dois se encontram no amor de Cristo que se entregou inteiramente, tanto a um como ao outro. São dois irmãos no pleno sentido da palavra. Clara e Francisco, neste momento,  vivem a graça de participarem, os dois, dos sofrimentos de seu amado. Na cabana ao lado de São Damião, Francisco vive num constante nevoeiro, não somente pela cegueira, mas também pela angústia de ver os ratos passando por seu corpo. Numa noite de aflita súplica àquele que tudo pode, Francisco obtém de Deus a certeza da salvação. Exteriormente, nada tinha mudado, mas seu coração é habitado por uma nova alegria. Nesse momento, o Poverello  canta louvando o Senhor por aquelas criaturas que agora ele não pode ver. Nasce a mística poesia do Cântico do Irmão Sol.

4. Tudo isso está acontecendo a dois passos da casa de Clara. Espontaneamente nos perguntamos porque ela não está presente nas palavras de seu irmão e pai? Chiara Giovanna Cresmaschi assim tenta explicar: “Tal ausência pode ser uma confirmação da disparidade existente entre o sentir de Francisco e de sua plantinha, que ele nunca menciona em seus escritos.  Vários autores, no entanto, viram no Cântico veladamente a humilde Senhora de São Damião com suas irmãs  na irmã lua e nas estrelas. Todas essas claridades fazem pensar em Clara. Da mesma forma se pode ver clara na água  muito útil e humilde e preciosa e casta”.

5. Para além de tudo isto, elementos que apontam  para Clara, pode-se dizer que ela seja a alma do Cântico. Francisco está imerso nas trevas da cegueira. Nesse contexto, ele consegue compor um poema-oração cheio de claridade, como alguém que naquele momento estivesse vendo flores e verduras, sol e lua. Clara certamente entregava a Deus a história e a vida de Francisco e também o destino de sua comunidade. Tudo isso é claridade, luz divina que esteve presente na hora da composição de uma das  mais belas obras literárias de todos os tempos. Clara ali estava também, sempre discretamente.

6. Em 1225, quando entrou no mosteiro Irmã Angeluccia de Messer Angeleio de Espoleto, disse sob juramento que “dona Clara de santa memória estava enferma e que, apesar disso se levantava do leito e vigiava em oração com muitas lágrimas. E fazia o mesmo de manhã por volta da Terça”.  A religiosa assinala que ficava impressionada com o cuidado da Madre no tocante à oração e à centralidade de Deus em sua vida. As lágrimas que acompanhavam a oração são assinaladas por muitas das irmãs: indicam a condição de pecadora perdoada, continuamente  mergulhada na misericórdia do Pai, de outro lado,  Clara foi cada vez mais penetrando no mistério da Paixão de Cristo e nessa  mística do padecer com o Senhor.  Não devemos ver nessas lágrimas manifestação de um vazio sentimentalismo.  Quando uma pessoa se entrega a Deus o faz com toda a sua interioridade, toda a sua pessoa é envolvida  e entra no dinamismo pascal.  Irmã Angeluccia evoca dois momentos de oração:  a noite, tempo propicio para vigiar colocando-se ao lado de Jesus em Getsêmani e a Terça, nove da manhã, momento em que se deu a descida do Espírito Santo, invocado ao longo da jornada, como primeiro protagonista da vida interior, do deixar-se amar por Deus.

7. Durante o dia  Clara, sentada em sua paupérrima cama, dedica-se assiduamente ao trabalho  como testemunham várias de suas irmãs. Ouçamos irmã  Pacífica: “disse que depois que ela ficou doente, de não poder levantar-se da cama,  fazia com que a erguessem  para ficar sentada e sustentada por alguns panos por trás das costas e fiava, tanto que com  o seu trabalho  fez confeccionar corporais e os enviou para quase todas as igrejas da planície e dos montes de Assis – Interrogada como sabia dessas  coisas, respondeu que a  via  fiando e fazendo o pano e quando as Irmãs o costuravam,  eram mandados por mãos dos frades às sobreditas igrejas e eram dados aos sacerdotes que lá apareciam”  (Proc  1, 11) em São Damião.

8. Transparece nesse depoimento uma das dimensões da vida da comunidade de São Damião que era a do trabalho. “As irmãs a quem o Senhor deu a graça de trabalhar trabalhem com fidelidade e devoção, depois da hora de Terça, em um trabalho que seja  conveniente à honestidade e ao bem comum, de modo que afastando o ócio, inimigo da alma, não extingam o espírito da sana oração e devoção, ao qual as outras coisas temporais devem servir”  (Regra 7, 1-2).  Para Clara, o trabalho é uma graça, um dom que Deus concede no sentido se se trabalhar na obra da criação. Essa graça não deseja perder mesmo no tempo da doença. Em São Damião, as irmãs se dedicam ao trabalho a partir das nove da manhã. Não se diz quando ele terminava. Havia interrupção para recitação da hoje Sexta até pelas quatro da tarde, quando eram recitadas as vésperas, cujo inicio variava segundo as estações porque ligado ao por do sol.  As fontes não dizem que, no verão, havia uma pausa  para o descanso.

9. Voltando ainda ao trabalho de Clara devemos reter que para Clara era de máxima importância não extinguir o  Espírito, mas deixar-se guiar por ele num contínuo dom de si, num estar constantemente na presença do Senhor  que o rezar sem cessar. Ocupava-se da atividade de fiar, trabalho tipicamente  feito por mulheres até o início do século XX, mas com uma finalidade específica:  atender as igrejas pobres da região. Pelo depoimento de Irmã  Pacífica ficamos sabendo que as irmãs costuravam o tecido fiado por Clara. Como se tratassem de alfaias de igrejas, provavelmente deviam esses corporais terem também bordados.  Provavelmente eram os frades esmoleres que levavam aos padres os trabalhos feitos pelas irmãs.

10. Irmã Pacífica acrescenta que alguns sacerdotes vinham pessoalmente a São Damião.  Talvez eles tenham sabido que as irmãs faziam esses corporais e como nunca os tivessem recebido  vinham buscá-los pessoalmente. Pode mesmo ser que  esses padres frequentassem o lugar para oração ou então viessem buscar aconselhamento. O trabalho realizado pelas irmãs era tarefa que correspondia a uma necessidade. Vejamos o testemunho de Irmã Benvinda de Perúgia: “Dos corporais feitos com o que fiava, disse o mesmo que tinha sido por Irmã Pacífica, testemunha já ouvida.  Mas acrescentou que ela mandou fazer bolsas de cartão  para guarda-los, as fez forrar com seda e mandou benzê-las pelo bispo” (Proc 2,11).  Essas observações nos deixam acreditar que as irmãs iam se tornando especialistas na confecção de trabalhos destinados ao culto. A alusão à bênção do bispo parece dizer que o contacto com ele nunca foi interrompido. A propósito dos corporais,  Irmã Francesca observa ter contado cinquenta (Proc 9,9).  Insistimos:  todo esse trabalho era benévolo.

11. Por meio dessas observações,  as irmãs colocam em destaque o amor e dedicação de Clara ao trabalho, do qual não se sente dispensada mesmo com a doença. Clara e Francisco  não têm a ideia de retribuição  como nos a temos. O senso de gratuidade  que caracteriza a madre  faz com que cresça na gratuidade e no reconhecimento da acolhida dos dons da Providência.  Através da  Forma de Vida de Clara se deduz um outro tipo de trabalho  realizado pelas irmãs e ao qual se dava uma recompensa  depois distribuída em proveito de todas.

Evangelho do dia - 25.07.2011


25/07/2011


São Tiago Apóstolo
Mt 20, 20-28

"Quem de vocês quiser ser grande, deve tornar-se o servidor de vocês"
20 A mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus com seus filhos, e ajoelhou-se para pedir alguma coisa. 21 Jesus perguntou: «O que você quer?» Ela respondeu: «Promete que meus dois filhos se sentem, um à tua direita e o outro à tua esquerda, no teu Reino.» 22 Jesus, então, disse: «Vocês não sabem o que estão pedindo. Por acaso, vocês podem beber o cálice que eu vou beber?» Eles responderam: «Podemos.» 23 Então Jesus disse: «Vocês vão beber do meu cálice. Mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou esquerda. É meu Pai quem dará esses lugares àqueles para os quais ele mesmo preparou.» 24 Quando os outros dez discípulos ouviram isso, ficaram com raiva dos dois irmãos. 25 Mas Jesus chamou-os, e disse: «Vocês sabem: os governadores das nações têm poder sobre elas, e os grandes têm autoridade sobre elas. 26 Entre vocês não deverá ser assim: quem de vocês quiser ser grande, deve tornar-se o servidor de vocês; 27 e quem de vocês quiser ser o primeiro, deverá tornar-se servo de vocês. 28 Pois, o Filho do Homem não veio para ser servido. Ele veio para servir, e para dar a sua vida como resgate em favor de muitos.»

* 17-28: Cf. nota em Mc 10,32-45.[ * 32-45: Jesus anuncia a sua morte como conseqüência de toda a sua vida. Enquanto isso, Tiago e João sonham com poder e honrarias, suscitando discórdia e competição entre os outros discípulos. Jesus mostra que a única coisa importante para o discípulo é seguir o exemplo dele: servir e não ser servido. Em a nova sociedade que Jesus projeta, a autoridade não é exercício de poder, mas a qualific
ação para serviço que se exprime na entrega de si mesmo para o bem comum.]

quinta-feira, 21 de julho de 2011

ONU Alerta: Somália sofre uma 'catástrofe alimentar'

A ONU declarou estado de fome em duas regiões no sul da Somália. Em Bakool e Baixo Shabelle, 30% das crianças sofrem desnutrição aguda e dois adultos a cada 10 mil morrem de fome por dia.
Esta crise é a mais grave situação de insegurança alimentar que há no mundo, devido à seca. A desnutrição chega a 50% em algumas zonas do sul, e metade da população, 3,7 milhões de pessoas, se encontra em crise humanitária.
O sul está praticamente todo sob controle de uma milícia vinculada à Al Qaeda, o que torna difícil a ajuda humanitária. A ONU pede apoio financeiro para a região.

O PERFUME QUE VEM DE ASSIS

O PERFUME QUE VEM DE ASSIS

Certa vez, um autor escreveu que alguém já nasce franciscano. Não creio que seja assim. As pessoas vão se tornando franciscanas ao longo do tempo. Não é quando entramos para a fraternidade, nem mesmo quando fazemos a profissão que atingimos o ideal. Temos a vida toda para aspirar o perfume que vem de Assis.  Há incontáveis pessoas que sem nunca terem ingressado num dos ramos da Ordem transpiram o perfume que deixou na terra o Pobrezinho de Assis.

        Os  cristãos franciscanos são pessoas caracterizadas por uma amplitude e largueza de coração.  Não são mesquinhos. Não usam medidores para dizer que vão até aqui e não até ali. Essa generosidade se manifesta numa grande compreensão pela fragilidade humana, num voto de confiança no outro, na capacidade de perdoar aquilo que objetivamente está errado, mas que nasce da fragilidade.  Os franciscanos se sentem tão cumulados de bens e graças pelo  Altíssimo e Bom Senhor que olham o mundo com compreensão generosa.

        O franciscano não envelhece. Está sempre se surpreendendo  com as visitas e iniciativas de Deus. Hoje o Senhor se manifesta no filho que nasce, no irmão que chega, no médico dedicado, no vizinho  que entra trazendo um pacote de peras junto com seu largo sorriso.  O franciscano está sempre em estado de maravilhamento diante de tudo. Por isso nunca envelhece.

        Os cristãos que se deixam guiar por São Francisco são pessoas capazes de amor precisamente porque têm um coração generoso. Amam a Deus, amam as pessoas, amam a natureza. Escondem-se no mistério de Deus na oração, são corteses para com os que encontram e sabem preservar a pureza da água, admirar o irmão sol e proteger o verde. São generosos no amor.

        Os franciscanos gostam de cantar, mesmo aqueles que não são muito afinados. Francisco foi um cantor de Deus e um dançarino  diante do Altíssimo. O franciscano gosta de cantar e mesmo a mais vozes. Os conselhos e ministros de nossas fraternidades devem sempre cuidar do canto. Não apenas do canto solo, mas do canto que brota do peito alegre de todos os irmãos.  Uma fraternidade franciscana sabe cantar, até mesmo a chegada da Irmã Morte.

        Os cristãos franciscanos, com sua simplicidade de espirito, procuram ser pessoas profundamente retas e leais. Têm a preocupação de abolir tudo o que é supérfluo. Não acumulam. Não ficam preocupados em logo adquirir os últimos avanços da técnica para seu uso pessoal.  Vestem-se com bela singeleza e têm a preocupação de ser e de não apenas aparecer. Acreditam na Providência e assim não mostram rosto sombrio. Corajosamente  lançam o seu olhar para o amanhã.  Deus que esteve com eles todo o tempo no passado, não lhes faltará no futuro. Lembram-se de Francisco de Assis que, diante do bispo de  Assis, despojou-se dos bens paternos e voltou-se para o amanhã dizendo: “Pai nosso que estais nos céus...”

        Não se nasce franciscano. Na medida em que vamos convivendo com os irmãos e irmãs  verdadeiramente livres de posses e apegos,  amantes e arautos da paz e do bem, vamos aprendendo, mesmo timidamente,  a ser cristãos à maneira de Francisco.  Assim aspiramos um perfume que vem de Assis.

Frei Almir

FAMÍLIA E VOCAÇÃO FRANCISCANA SECULAR

FAMÍLIA E VOCAÇÃO FRANCISCANA SECULAR

Os franciscanos seculares considerem a família como o âmbito prioritário para viver o próprio compromisso cristão e a vocação franciscana e nela deem espaço à oração, à Palavra de Deus e à catequese, empenhando-se no respeito à vida, desde a concepção, e em qualquer situação, até à morte. (Const. Gerais da OFS, art 24, n.1).

1. Ninguém dúvida que a família seja uma das mais fundamentais e importantes  realidades de todas as existências. A artigo da CCGG da OFS acima mencionado  fala da família como âmbito, espaço prioritário para os franciscanos seculares.  O texto pede que os seculares vivam todas as dimensões da Igreja doméstica que é a família.  A Regra pede que  vivam em família o espírito de paz, da fidelidade e do respeito pela vida. Que a família dos franciscanos seja, diante dos homens, sinal de um mundo já renovado em Cristo (cf. n. 15).  Não estamos diante de um tema secundário, mas prioritário para a vida das fraternidades franciscanas, para a sociedade e para a Igreja. Todas as campanhas que visam destruir e desestabilizar a família  deterioram o amanhã da  humanidade.

2. Duas observações  preliminares para que este texto possa ser bem compreendido. O autor destas linhas tem pleníssima consciência da complexidade cultural, social e religiosa das famílias de hoje. Não é possível, sem mais nem menos, querer rapidamente que nossas famílias se tornem Igrejas domésticas. Há uma decalagem entre o ideal e o que acontece. Essa é a primeira observação. Ao refletir sobre OFS e família não há nenhuma intenção  de dogmatizar que nossas Fraternidades devam ser constituídas por casais e famílias. A OFS não é um grupo familiar. Sabemos disto. É uma escola de santificação aberta a todos.

3. O último Capitulo Nacional da OFS de Manaus pediu que, no triênio em curso, se prestasse atenção na ação missionária dos seculares. Falou-se da elaboração de  um programa de ação missionária que viesse  também a  contemplar a atuação nas famílias, células primeiras da transformação do mundo... Porque o futuro da humanidade passa pela família, no dizer do Papa João Paulo e porque  os seculares franciscanos precisam priorizar a família,  fazemos algumas considerações que nos parecem oportunas visando irmãos em geral, mas de modo particular a atuação dos assistentes no seio de nossas Fraternidades. Cabe a estes fazer com que as Fraternidades tenham preocupações eclesiais.

4. As pessoas resolvem ser franciscanas seculares por vocação. Há todo um período de discernimento, de formação, de vivência numa fraternidade antes da profissão.  Há um duplo movimento:  os que são chamados a seguir Francisco no mundo se reúnem em fraternidades, mas logo em seguida são reenvidados ao mundo. Um rapaz, uma moça, um homem e uma mulher fazem parte de uma família. Ali eles serão franciscanos: a busca incessante do rosto de Deus, uma vida despojada e alegre cantando as glórias do Senhor, evangelizando, de alguma forma, a própria família. Não posso imaginar um franciscano secular sem apreço, carinho, devotamento, dedicação à própria família. Isso se traduz numa alegria de viver à mesa com os seus, de passar,  pelo modo de ser, a alegria da simplicidade e da pobreza, o distanciamento de toda ostentação, mesmo contrariando membros da família. Não me parece normal que uma senhora, por exemplo, faça sua profissão, seu jubileu de prata na OFS sem que isto tenha nenhum significado para seu marido, seus filhos e seus familiares. Por isso sonho, sonho mesmo, que em muitas Fraternidades haja casados que caminhem juntos, que os dois construam uma família franciscana.  Sonho com Fraternidades que tenham a criatividade e a decisão de fazer encontros com os familiares.  Não é possível que anos a fio essas reuniões das Fraternidades ignorem as famílias. Filhos, irmãos, pais dos seculares precisam ser estimados pelos irmãos da Fraternidade.

5. Bom seria, muito bom seria, se marido e mulher fossem franciscanos seculares. “Os casados encontram na  Regra da OFS um valioso auxílio para percorrer o caminho da vida cristã, conscientes de que, no sacramento do matrimônio, o seu mútuo amor participa do amor que Cristo tem pela Igreja. O amor dos esposos e a afirmação do valor da fidelidade são um profundo testemunho para a própria família, para a Igreja e para o mundo”  (CCGG 24,1).  Pode mesmo acontecer que a esposa de um terceiro ou o marido de uma senhora terceira não tenha vocação para a OFS.  Nada de forçar seu ingresso. Mas ele ou ela poderiam ser  simpatizantes e participar eventualmente das reuniões. Em minhas visitas tenho visto alguns casos desses.  Eles me encantam.

6. A reunião da Fraternidade será marcada por temas familiares. Não posso me privar à alegria de transcrever luminosas orientações dadas pelas CCGG da OFS e que deveriam ser aprofundadas e incentivadas por todos os conselhos locais. Penso que um assistente  poderia implementar e incentivar o que aparece  aí.

Na Fraternidade: - que seja tema de diálogo e de partilha, de experiência a espiritualidade familiar e conjugal e a abordagem cristã dos problemas familiares; -  partilhem-se os momentos da vida familiar dos  co-irmãos e demonstre-se atenção fraterna  com aqueles – solteiros, viúvos, pais sós, separados, divorciados – que vivem em situações e condições difíceis;  - criem-se condições para o diálogo entre grupos de diferentes gerações;-  seja favorecida a formação  de grupos de casais e  de grupos familiares (Art 24, n. 2).  Sonho que os Conselhos locais incentivem a formação de grupos de famílias com forte presença de casais franciscanos. Temos que renovar.  Temos que tornar sólidas as famílias. Não podemos ignorar o assunto.

7. Na Igreja do Brasil, em nossos dias, tenta-se organizar a Pastoral  Familiar em nível diocesano e paroquial.  Como seria bom se casais franciscanos, com seu jeito despojado, verdadeiro, leal, fraterno, simples, acolhedor, dialogante, pudessem ser líderes dessa pastoral!  Não fomos convocados  para sermos restauradores da Igreja, como  Francisco?  Por vezes, tendo trabalho quase duas décadas com a Pastoral Familiar em todos os cantos do país, penso que a Pastoral  ganharia muito com agentes evangelicamente  qualificados como são os franciscanos  seculares.  Se fizermos isso nada estaremos fazendo senão seguir os ditames das CCGG:  “Os irmãos colaborem com os esforços que se envidam na Igreja e na sociedade para a firmar o valor da fidelidade e do respeito pela vida e para dar resposta aos problemas sociais da família”  (Art 24, 3).

Concluindo
Nossas Fraternidades Franciscanas Seculares precisam se reinventar. O amanhã está sendo apontado pelo Espirito, que é a alma da Igreja e  Ministro Geral dos franciscanos.  As reflexões sobre a família poderão nos sugerir caminhos novos. Ou será que me engano?

(*) Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM
Assistente Nacional da OFS pela OFM e Assistente Regional do Sudeste III

Evangelho do dia - 21.07.2011




Mt 13,10-17
A felicidade de compreender
-* 10 Os discípulos aproximaram-se, e perguntaram a Jesus: «Por que usas parábolas para falar com eles?» 11 Jesus respondeu: «Porque a vocês foi dado conhecer os mistérios do Reino do Céu, mas a eles não. 12 Pois, a quem tem, será dado ainda mais, será dado em abundância; mas daquele que não tem, será tirado até o pouco que tem. 13 É por isso que eu uso parábolas para falar com eles: assim eles olham e não vêem, ouvem e não escutam nem compreendem. 14 Desse modo se cumpre para eles a profecia de Isaías: ‘É certo que vocês ouvirão, porém nada compreenderão. É certo que vocês enxergarão, porém nada verão. 15 Porque o coração desse povo se tornou insensível. Eles são duros de ouvido e fecharam os olhos, para não ver com os olhos, e não ouvir com os ouvidos, não compreender com o coração e não se converter. Assim eles não podem ser curados’. 16 Vocês, porém, são felizes, porque seus olhos vêem e seus ouvidos ouvem. 17 Eu garanto a vocês: muitos profetas e justos desejaram ver o que vocês estão vendo, e não puderam ver; desejaram ouvir o que vocês estão ouvindo, e não puderam ouvir.»

* 10-17: Cf. nota em Mc 4,10-12. Os mistérios do Reino só serão conhecidos por aqueles que já tiverem acolhido Jesus como Messias (os discípulos). Aceitar Jesus como o Messias, mesmo nos seus «fracassos», faz compreender as contínuas dificuldades que sofre a implantação do Reino do Céu. E isso é uma bem-aventurança.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Aniversariantes - Julho 2011



Regina Célia.......................04/07
José Augusto......................13/07
Frei Donil .......................... 15/07
Tavares...............................16/07
Lourdes...............................17/07
Janey...................................18/07
Luis Pastor ........................ 20/07
Jayme ................................ 31/07



A Fraternidade deseja aos nossos queridos irmãos um feliz e santo Aniversário! Com as bençãos de Nosso Senhor Jesus Cristo por intermédio de nosso pai seráfico São Francisco.

Jornal - O Franciscano - Julho 2011

O FRANCISCANO
criado em 1952 - reeditado em 1995
Órgão da Fraternidade
São Francisco de Assis –Rio Comprido
do Rio de Janeiro/OFS.
Nº 102 – Julho/2011.
Editorial

Paz e Bem!

Mês de Julho, estamos entrando no segundo semestre e trazendo para os irmãos um belo ensinamento de Francisco sobre o dom da Obediência, quanta sabedoria nos ensina esta Palavra de Francisco.
Continuamos apresentando o resumo das palestras sobre o Evangelho de Mateus ministradas pelos seminaristas. Estas palestras tem sido de grande significado e tem proporcionado conhecimento para toda nossa Fraternidade. Só temos palavras de agradecimento a Frei Michael, Frei Luiz Fernando e Frei Donil, agradecemos também ao nosso irmão João Bosco pela palestra de 27 de março p.p., que abordou os temas da Campanha da Fraternidade, Evangelho de Mateus e espiritualidade franciscana.

 
Frei Michel Alves dos Santos, Conv.
Esquema do Evangelho de Mateus

Quem escreveu?
A) Apóstolo Mateus
B) Um discípulo e escriba (muito conhecedor da Bíblia Hebraica) chamado Mateus que fundou uma comunidade após a diáspora;
C) Conciliação: assim como Moisés, Mateus está no início e não no fim do escrito que leva seu nome.
 
Onde escreveu?
• Na região da Síria e da Palestina, muito provavelmente na cidade de Antioquia.

Para quem escreveu?
• Para uma pequena comunidade de judeus convertidos ao cristianismo, que após a destruição do Templo foram expulsos das sinagogas.

Quando escreveu?
• Final dos anos 70 e início dos anos 80.

Problemáticas enfrentadas pela comunidade:
1) Judaísmo rabínico;
2) Perseguição romana;
3) Gnose
 
Estrutura do Evangelho:
I. Apresentação de Jesus (1, 1 – 4, 16);
II. Revelação de Jesus, rejeição dos dirigentes e construção da Igreja (4, 17 – 16, 20);
III. Caminho para Jerusalém, confrontação, morte e ressurreição de Jesus (4, 17 – 16, 20).
 
Quem é Jesus para Mateus?
• Novo Moisés e novo Legislador.
 
Cinco grandes discursos de Jesus:
I. O Sermão da Montanha (c. 5-7);
II. Instruções aos missionários (c. 10);
III. Parábolas do Reino (c. 13);
IV. Regra da comunidade (c. 18);
V. Discurso escatológico (c. 24-25).
 
Visão de Igreja de Mateus? 
- Novo Povo de Deus;
-  Todos são discípulos do único Mestre, Jesus;
- Pedro é o discípulo real;
 - A Igreja tem a missão de fazer discípulo (Mt 28, 19).
 
Principais ensinamentos de Mateus:
• A Regra de ouro (Mt 7, 12);
• O duplo mandamento do amor (Mt 22, 37-40);
• O mais importante da Lei (Mt 23, 23).


Palavra de Francisco

OBEDIÊNCIA

Para praticar a verdadeira obediência,
Quer sempre ter um guardião.

Para sair lucrando de todas as maneiras, como esperto negociante que era, e para aproveitar em merecimentos todo o tempo presente, quis viver dentro dos freios da obediência e submeter-se às ordens de outro. Por isso, não só resignou a seu cargo de superior geral, mas, para melhor proveito da obediência, pediu um guardião particular a quem tivesse que respeitar especialmente como superior. Pois disse a Frei Pedro Cattani, o primeiro a quem prometeu obediência: “Eu te peço, pelo amor de Deus, que encarregues um de meus companheiros de fazer as tuas vezes junto de mim, para que eu lhe obedeça como se fosses tu. Eu sei qual é o proveito da obediência e que, para aquele que se submete às ordens de outro, nem um pouco de tempo se perde sem aproveitamento”. Conseguiu o que pedia e permaneceu submisso até à morte, obedecendo sempre com reverência ao próprio guardião.
Disse, uma vez, a seus companheiros: “Entre as outras coisas que a bondade de Deus se dignou conceder-me está a graça de ser capaz de obedecer a um noviço de uma hora, se me fosse dado como guardião, tanto quanto ao mais antigo e mais discreto dos frades. O súdito não deve considerar seu superior simplesmente como um homem, mas como aquele a quem se submeteu por amor. Quanto mais desprezível for o que manda, maior deve ser a humildade de quem obedece”./Tomas de Celano – Vida II – Segundo Livro – Capítulo 111.

 
Mensagem para 20 de julho Dia do Amigo

Amizade
Não é receber, é dar;
Não é magoar, é incentivar:
Não é descrer, é crer;
Não é criticar, é apoiar:
Não é ofender, é compreender:
Não é humilhar, é defender;
Não é julgar, é aceitar:
Não é esquecer, é perdoar.

Amizade é ...

Simplesmente Amar!


Comunicado do SEI
A irmã Marita nos solicita que em nossas orações diárias deste mês sejam lembrados os nomes dos nossos queridos irmãos: Irmãs do SEI (Edith, Dulce e Sandra) e os irmãos com problemas de saúde: Sylvio, Orlando, Rosa de Lima, Regina Célia, Salete e Marlene.
 
Comunicado da Tesouraria
O irmão João Bosco (2º Tesoureiro) comunica que já está recolhendo a Contribuição Financeira, no valor de R$ 30,00 e a Assinatura da Revista Paz e Bem, no valor de R$ 30, 00, para o ano de 2011. O Conselho para este ano criou um carnê com o qual os irmãos poderão, em parcelas, efetuar o pagamento.

Rápidas e Boas
Frei Donil e o Conselho contam com a colaboração dos irmãos para a doação de bolsas alimentícias e artigos de limpeza para o Seminário.
 
Dia 23.07 – sábado – Curso para Formadores – local: Colégio Regina Coeli – Usina – Horário 08:30 às 16:30 horas. É importante a presença de toda a equipe de formação. A inscrição deverá ser feita através do e-mail formacao2@gmail.com , ou no Secretariado com a irmã Nilce pelo telefone 2240-4565. O valor do curso será de R$ 35,00 que será pago no dia do evento.
 
Salve 26.07 – terça-feira – Dia dos Avós – Os pais que todos nós gostaríamos de ter. Os pais que nos dão: amor, carinho e nos fazem todas as vontades. Que Deus os abençoe cada vez mais são os votos de nossa Fraternidade.
 
Dia 31.07 – Almoço Paroquial pelo Dia dos Avós será na Paróquia a partir das 12:30 horas.
 
Dia 06.08 – sábado – Ordenação Diaconal de Frei Ilson Fontenelle Junior – será às 10:00 horas na cidade de Araruama RJ.
 
Dia 11.08 – quarta-feira – Dia de Santa Clara – Desde o dia 17 de abril – domingo de Ramos estamos celebrando o Ano Clariano. Comemoramos os 800 anos da Consagração de Santa Clara na Porciúncula e de certo modo a fundação da 2ª Ordem Franciscana, nossas irmãs Pobres. Precisamos, neste período de comemorações, aproximarmos mais perfeitamente de nossa mãe Clara para também aprendermos, com ela, o amor incondicional ao Altíssimo e Bom Senhor. O Ano Clariano será finalizado no dia 11.08.2012, quando haverá uma grande celebração em Canindé de São Francisco no Ceará, com uma Peregrinação Nacional.
 
Salve dia 14.08 – quinta-feira – Dia de São Maximiliano Maria Kolbe.
 
 
ANIVERSARIANTES DO MÊS

Regina Célia.......................04/07
José Augusto......................13/07
Frei Donil .......................... 15/07
Tavares...............................16/07
Lourdes...............................17/07
Janey...................................18/07
Luis Pastor ........................ 20/07
Jayme ................................ 31/07

A todos votos de muitas felicidades e que
São Francisco os abençoe e os proteja.