segunda-feira, 28 de junho de 2010

Evangelho do dia - 29/06/2010


Mt 8,23-27
Jesus é o Senhor das situações



23 Então Jesus entrou na barca, e seus discípulos o acompanharam. 24 E eis que houve grande agitação no mar, de modo que a barca estava sendo coberta pelas ondas. Jesus, porém, estava dormindo. 25 Os discípulos se aproximaram e o acordaram, dizendo: «Senhor, salva-nos, porque estamos afundando!» 26 Jesus respondeu: «Por que vocês têm medo, homens de pouca fé?» E, levantando-se, ameaçou os ventos e o mar, e tudo ficou calmo. 27 Os homens ficaram admirados e disseram: «Quem é esse homem, a quem até o vento e o mar obedecem?»

 
É nos momentos de crise e dificuldades diante do mundo que a comunidade cristã (discípulos) mostra se confia ou não na presença de Jesus em seu meio. As situações críticas são sempre um termômetro que mede o grau de consciência da maturidade ou infantilidade da fé.

IDENTIDADE HUMANA FRANCISCANA - IV



O jeito franciscano de estar no mundo é uma história de amor e fraternidade universal. Quem está na vida tem que construir uma história, deixar um legado, empolgar, animar, passar um ideal, enfim, ter uma identidade cativante. Uma pessoa que tem esta bagagem não tem idade, é sempre do presente, traz uma vitalidade para o tempo.

O Movimento Franciscano, surgido em Assis no século XII, foi uma resposta para esta época e continua respondendo às buscas de soluções para os problemas conflitantes de hoje: para onde vai a humanidade, quem somos nós, por que vivemos? Há oito séculos ele é narrado através de Fontes, Escritos, filmes, movimentos culturais e religiosos, enfim uma nova forma de civilização. Gente conhecida da história tinha o franciscanismo como modo de ser e fazer: Cristóvão Colombo, Luís IX, rei da França, Garcia Moreno, presidente mártir do Equador, Cervantes, Michelangelo, Leão XIII, Pio XII, João XXIII.

Fonte: blog Frei Vitório Mazzuco

Evangelho do dia - 28/06/2010


Mt 8,18-22
Exigências para seguir Jesus
 

18 Vendo grandes multidões ao seu redor, Jesus mandou passar para a outra margem. 19 Então um doutor da Lei se aproximou e disse: «Mestre, eu te seguirei aonde quer que fores.» 20 Mas Jesus lhe respondeu: «As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça.» 21 Outro, que era discípulo, disse a Jesus: «Senhor, deixa primeiro que eu vá sepultar meu pai.» 22 Mas Jesus lhe respondeu: «Siga-me, e deixe que os mortos sepultem seus próprios mortos.»

Para seguir a Jesus, a pessoa precisa estar disposta a duas coisas: correr o risco da insegurança sobre o futuro, e estar pronta para não adiar o compromisso.

Ofício - Segunda-Feira

"Nós vos adoramos, santíssimo Senhor Jesus Cristo, aqui e em todas as vossas igrejas no mundo inteiro, e Vos bendizemos, porque pela vossa santa Cruz remistes o mundo."

(Apostolado - Pobreza)

I. De Manhã

matinas
1. Santíssimo Pai nosso, Criador, Redentor, Salvador e Consolador nosso, Vós sois o sumo bem, o bem eterno, do qual todo o bem procede e sem o qual nenhum bem existe.
Pai nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

2. Santíssimo Pai nosso, venha a nós o vosso reino, para que reineis em nós pela graça e nos façais cehgar ao vosso reino, onde a vossa visão é clara, o vosso amor perfeito, a vossa companhia ditosa, o vosso gozo sempre eterno.
Pai nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

3. Santíssimo Pai nosso, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu; para que vos amemos de  todo o coração, pensando sempre em Vós, desejando, e com todas as nossas forças, empregando-as no serviço do vosso amor e não no de outrem.
Pai nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

laudes
4. Santíssimo Pai nosso, seja feita a vossa vontade, de que amemos o nosso próximo como a nós mesmos, procurando atrair todos ao vosso amor, regozijando-nos sempre com o bem estar dos outros como se fosse o nosso e compadecendo-nos dos seus males e nunca magoando a ninguem.
Pai nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

prima
5. Bem aventurado o servo que não sente prazer e alegria senão nas santas conversas e obras do Senhor e que por elas conduz os homens ao amor de Deus, em alegria e contentamento.
Pai nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

tércia
6. Guardem-se os irmãos de aparecerem tristes e sombrios exteriormente, como hipócritas! Monstrem-se, porém, contentes no Senhor, alegres e judiciosamente amáveis.
Pai nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...


II. A tarde ou a noite

sexta
7. O Verbo de Deus, tão digno, tão santo e tão glorioso, recebeu a verdadeira carne da nossa humanidade e fragilidade no seio da santa e gloriosa Virgem Maria; e sendo rico acima de toda comparação quis, entretanto, com sua bem-aventurada Mãe, viver na pobreza.
Pai nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

noa
8. Os homens perdem o que no mundo deixam, mas levam consigo o fruto da caridade e das esmolas que houverem feito, das quais o Senhor lhes dará o prêmio e a condigna recompensa.
Pai nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

vésperas
9. Lembrem-se de que nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus vivo e todo poderoso, era pobre e um estranho em sua terra; viveram de esmolas, Ele e a bem-aventurada Virgem e seus discípulos.
Pai nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

10. Eu, o pequinino irmão Francisco, quero seguir a vida e a probreza de nosso altíssimo Senhor Jesus Cristo e de sua santa Mãe, e perseverar nela até o fim; e rogo-vos e vos aconselho sempre viverdes desta santíssima vida e pobreza.
Pai nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

11. Sempre súditos e submissos aos pés da santa Igreja Romana, firmes na fé católica, guardemos a pobreza e humildade e o santo Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, como firmemente prometemos.
Pai nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

completas
12. Onipotente, eterno, justo e misericordioso Deus, concedei-nos a nós miseráveis, fazer por vosso amor o que soubermos ser a vossa vontade e sempre querermos o que Vos agrada, a fim de que, interiormente purificados, iluminados e abrasados pelo fogo do Espírito Santo, possamos seguir os vestígios de vosso Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, e por vossa graça unicamente, chegarmos até vós, ó Altíssimo, que em Trindade perfeita e Unidade simples, viveis e reinais gloriosamente, Deus onipotente, por todos os séculos dos séculos. Amém.
Pai nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

domingo, 27 de junho de 2010

Reunião da Fraternidade na Quinta da Boa Vista

Hoje (26/06/2010) nossa Fraternidade reuni-se na Quinta da Boa Vista, onde pudemos partilhar com os irmãos, meditar sobre nossa função no Meio Ambiente e finalizando com a Santa Missa com nosso Assistente Espiritual Frei Donil OFMConv.

Seguem algumas fotos do nosso encontro.

Paz e bem.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Convite - *** MUDANÇA DE LOCAL ****



A Fraternidade São Francisco de Assis do Rio Comprido convida a todos irmãos para saída a QUINTA DA BOA VISTA no próximo domingo (27.06), sairemos da nossa Sede para o parque todos juntos, contamos com a presença de todos. Venha participar conosco deste momento de paz e contato com a natureza. A Santa Missa será celebrada no Parque pelo nosso Assistente Espiritual Frei Donil OFMConv. Leve seu lanche para partilharmos nos final.


Data: 27.06.2010
Horário de Saída: 08:30
Local da saída para o parque: Rua Costa Ferraz, 38 - Rio Comprido - Sede da Fraternidade
e-mail: ofs.riocomprido@hotmail.com


Obs: Se estiver chuvendo a nossa reunião será feita em nossa Sede normalmente.

Fraternalmente,

Conselho da Fraternidade

Identidade Franciscana III

Francisco de Assis nos ensinou que existir é mergulhar na simplicidade, isto é, não ter nenhum poder de dominação. A Árvore da Vida é criada no húmus que a faz surgir e não no querer ser dono do bem e do mal; por isso, Francisco não se expulsou do paraíso, mas reconstruiu o paraíso.
Viver franciscanamente é ser louco como Francisco. Ser louco é assumir tudo o que se apresenta apaixonadamente. Não busca seu interesse, mas procura o Tudo em todos. A identidade humana franciscana existe porque um dia um homem de Assis, considerado louco em seu tempo, lançou-se no labirinto à procura do Amor. Encontrou o Amor que precisava ser amado e avançou com decisão; não ficou esperando livros de autoajuda, terapias, bola de cristal ou gurus de plantão. O caminho que o fez caminhar transpareceu na sua atenta andança pela terra dos humanos. A vida se fez caminhante nos passos do Homem de Assis.

Identidade Franciscana II

Viver franciscanamente é lançar-se todo inteiro, momento a momento, a executar uma obra de arte. Nada é banal para quem tenta fazer de sua vida uma composição artística. O inútil perde a sua inutilidade, o sem serventia vira uma instalação; tudo é integrado, nada é desprezível. Viver franciscanamente não é ser seduzido pelo grandioso, mas é abraçar o pequeno e o simples e torna-lo grandioso.

É perceber o corriqueiro, o monótono, o sem novidade, e fazer romper para um mundo novo. Não precisamos ir para uma fronteira polar para perceber o novo e indevassável, mas ele já está aí onde estamos. Viver franciscanamente é refazer o Cântico das Criaturas cada instante. Perceber que a vida se apresenta, se revela; que ela é sempre novidade, que a vida está, permanece.

Do Evangelho à vida e da vida ao Evangelho - 30 anos da nova Regra da OFS

Por Anderson Moura, OFS/JUFRA (*)

Festejamos o presente aniversário da Regra da OFS. Ela que foi firmada em 26 de julho de 1978 - pelo papa Paulo VI, onze dias antes de seu falecimento - mas que foi datada oficialmente em 24 de junho, alguns dias antes.
Comemorações por todo o mundo são legítimas, pois tal Regra traduz a vitória dos leigos franciscanos seculares, que almejaram por muito tempo uma regra que fosse um verdadeiro projeto espiritual de vida apostólica e evangélica, e não uma mera lista de deveres e proibições; capaz mesmo de conquistar a juventude, já que é aceita pela JUFRA como documento de inspiração para o crescimento da própria vocação cristã e franciscana (CC.GG. 96.2).

Os primeiros indícios de uma norma da Ordem Franciscana Secular vêm de 1221, através do papa Honório III, mas que só foi disposta em forma de regra, através do "Memoriale Propositi" (Memorial do propósito dos irmãos e irmãs da Penitência, vivendo em suas casas...), em 1228, pelo papa Gregório IX. Tal norma apenas reproduzia práticas exteriores dos comuns movimentos leigos de "penitência" que pululavam na Idade Média, de como exercer a pobreza, a caridade, a oração, etc.; acrescentando de novo, apenas, normas para o noviciado e profissão. Os movimentos penitenciais de leigos (os casados, principalmente) que queriam seguir o exemplo de S. Francisco - que ficaram conhecidos como os Penitentes de São Francisco, certamente assumiram o "Memoriale" como Regra (BÉDRUNE, 1983). Elaborada pela hierarquia da Igreja, preocupada com os excessos heréticos dos leigos, faltava no "Memoriale" a espiritualidade vinda diretamente de Francisco; por isso os Penitentes recorriam também à Carta aos Fiéis, esta cheia da espiritualidade do Seráfico Pai.

As fraternidades locais eram submetidas aos bispos e pelos visitadores nomeados por eles, e com o tempo muitas se recusaram a receber os visitadores e adotavam até mesmo características heréticas. Esse foi o principal motivo para que o papa Nicolau IV desse uma Regra ao movimento penitencial franciscano, para assegurar sua estabilidade (ZUDAIRE, 1979). A Regra apresentada por Nicolau IV - o primeiro papa franciscano - em 18 de agosto de 1289, através da promulgação da Carta Apostólica "Supra Montem" (Sobre a montanha da fé católica...), apenas reorganizou os artigos do "Memoriale Propositi", acrescentando a afirmação de que a Ordem fora fundada por Francisco, e ressaltando o vínculo da Ordem como a Igreja, instituindo que os visitadores da Ordem deveriam ser frades franciscanos. Em geral, mantinha a característica de deveres e proibições do "Memoriale" e os terceiros franciscanos deviam, inclusive, absterem-se de bailes e comédias.
A segunda Regra foi apresentada pelo papa Leão XIII (ele mesmo franciscano secular) em 30 de maio de 1883, através da Carta Apostólica "Misericors Dei Filius" (O misericordioso filho de Deus fez a Igreja herdeira...). Essa Regra também foi apenas a adaptação da Regra de Nicolau IV aos tempos “modernos”. Em fins do século XIX, Leão XIII queria na Ordem Terceira o apoio para a almejada reforma social. Na intenção de atrair mais os católicos para a Ordem, ele resumiu e diminuiu o rigor da antiga Regra; no entanto, mesmo assim, mantinham-se as reservas contra danças e espetáculos, e indicava-se confissão mensal e prática do jejum às sextas-feiras e a abstinência nas quartas (PRANGENBERG, 1996: 45).
A Ordem foi mudando depressa no século XX: após 1940 observou-se que as fraternidades foram ficando idosas, por causa da alta média de idade de seus integrantes; época em que começou a tomar força a ideia da Juventude Franciscana (JUFRA), sempre a esperança de renovação da OFS. Também foi quando começou-se a insistir no termo "secular", e os Padres Diretores (hoje Assistentes Espirituais) foram perdendo aos poucos seus poderes de influência sobre a direção da Ordem. Depois da Segunda Guerra, diante da miséria, a Ordem começava a se alertar para as questões sociais e políticas.

O Congresso Internacional, acontecido em Roma, no ano de 1950, até mesmo sugeriu o acréscimo de frases ao texto de Leão XIII; o que resultou não na alteração da Regra, mas na elaboração da primeira edição das Constituições Gerais, em 1957.

Mas isso ainda não era o bastante! De 1962 a 1965 aconteceu o Concílio do Vaticano II. Este inaugurou uma eclesiologia católica que buscou a recuperação da dignidade e participação ativa dos leigos na Igreja, e que possibilitou a renovação da Ordem, já que no ano seguinte (1966) os Conselho Nacionais começaram a discutir os pontos de uma nova Regra. Um trabalho de doze anos (desta vez com a participação de leigos) que resultou na atual Regra, apresentada pelo papa Paulo VI através do Breve Apostólico "Seraphicus Patriarcha" (O Seráfico Patriarca São Francisco de Assis...), da qual comemoramos, hoje, seus 30 anos.

Anunciada no Brasil - com todo entusiasmo - pelo frei Egberto Prangenberg (OFM), na primeira edição de 1979  da revista PAZ E BEM, a nova Regra insiste não na devoção a S. Francisco, mas no seguimento de Cristo; e trocou a denominação Ordem Terceira Franciscana para Ordem Franciscana Secular, na intenção de não permitir interpretações errôneas de que seria uma ordem de franciscanos de terceira categoria, à sombra da primeira e segunda ordem, mas de uma espiritualidade específica, de caráter secular, de leigos engajados no mundo, franciscanos autênticos. Um verdadeiro projeto de vida espiritual, que não se resume a uma lista de deveres e proibições. Diferentemente das versões que a antecederam, a ainda nova Regra faz referências diretas a Jesus e ao Evangelho. Uma exortação direta (um dever, digamos assim) é para que os franciscanos seculares sejam assíduos leitores do Evangelho. Nosso "ponto de referência da vida cotidiana", como disse o papa João Paulo II no Capítulo Geral da OFS de 2002, a Regra é dom do Espírito que conduz ao Pai. Festejemos, anunciando pelo mundo a Paz e o Bem!
* Adaptação do próprio autor, de seu artigo publicado originariamente no jornal Partilhando (Boletim da Paróquia N. S. da Conceição), Nilópolis, n. 12, p. 7, jun. 2003; por ocasião dos 25 anos da Regra.
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(*) Anderson Moura é jufrista e franciscano secular professo. Serve atualmente como Conselheiro Internacional da JUFRA para a América do Sul e Coordenador de Comunicação do Regional Sudeste 2 (RJ e ES) da OFS.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Convento abre a Exposição Santo Antônio Erudito e Popular



Por Moacir Beggo

Rio de Janeiro (RJ) - Foi aberta, nesta sexta-feira (11/06), a Exposição Santo Antônio Erudito e Popular, como parte da 329ª Trezena de Santo Antônio, no Convento do Largo da Carioca (RJ). Às 17 horas o Reitor do Santuário, Frei Vitório Mazzuco Filho, abriu a porta do cluastro ao público e explicou ao que um dos objetivos da Província da Imaculada Conceição é fazer deste convento um centro espiritual e cultural. Para falar do santo franciscano, erudito e popular, Frei Vitório teve à frente da exposição a curadora Germana Portella, responsável pela concepção, montagem e supervisão.
O espaço não poderia ser mais significativo: o interior da sacristia, que guarda um riquíssimo conjunto de obras de arte. Segundo o Reitor, com o restauro do Convento, não havia um espaço adequado para a exposição e optou-se pela sacristia, que tem um pavimento de mármore português de diversas cores e contém desenhos simétricos. A barra é revestida de azulejos com grandes painéis, alusivos ao milagre da cura de um cego, realizado por Santo Antônio. O teto da sacristia é dividido por grossas molduras que contornam pinturas de paisagens, de fatos relacionados à vida do santo.
Desde a entrada do Convento, passando pelo claustro, até a sacristia, a curadora decorou o ambiente com bandeiras e enfeites de um arraial junino. Segundo Germana, a opção pelas cores do arraial não foi feita para fazer "contraste, mas é complemento para o erudito e o popular".
Frei Vitório explicou que o Convento, com seus 402 anos de fundação, está sendo restaurado e nesses tempo todo está sendo administrado pelos frades franciscanos, da mesma Ordem de São Francisco de Assis e Santo Antônio. A propósito do tema da exposição, Frei Vitório lembrou que, curiosamente, São Francisco marcou por um exemplo de vida simples e pobre, mas hoje é o santo mais pesquisado e mais estudado em todo o mundo. "Há bibliotecas inteiras sobre ele, filmes, teatro, estudos e teses. E ele era um santo desapegado de tudo isso. Já Santo Antônio era acadêmico, intelectual, tem obras escritas, e é o santo dos pobres", destacou.
"Sobre Santo Antônio pouco se fala e escreve em comparação a São Francisco, embora vocês vão ver que uma exposição como essa, de certa forma, até me contradiz, porque também sobre Santo Antônio se escreve muita coisa, se pesquisa muito. Aqui, nesta exposição, há um grande encontro entre o erudito e o popular", observou Frei Vitório.
Germana agradeceu o apoio total do Convento e de uma equipe de amigos para a realização da Exposição, porque o patrocínio foi apenas "espiritual". "Posso dizer que é uma honra, um privilégio, trazer este trabalho para este espaço, que é importantíssimo no patrimônio arquitetônico e cultural do Brasil", disse a curadora. Segundo ela, o trabalho é modesto, simples e franciscano e surgiu da pesquisa da história da arte e da hagiografia, o estudo da vida dos santos dentro da Teologia. "A pintura na sua época era usada nas igrejas para ensinar a vida dos santos. E o erudito está ligado aos profundos sermões que Santo Antônio escreveu e as pregações que converteu muitos hereges", observou.
Segundo Germana, ao fazer pelo segundo ano esta exposição, pôde conhecer e admirar mais este santo. "Ele foi uma pessoa germinal, funcionou como semente e alimenta nosso chão. Desperta em nós a dimensão espiritual, a dimensão do profundo que ultrapassa os nossos interesses imediatos de trabalho, de vida, de felicidade, a dimensão que vai além da competição de nossa sociedade capitalista, que vai além da luta diária, cotidiana, para ganhar o pão", enfatizou a curadora.
A exposição mostra gravuras de diversos pintores, os símbolos que acompanham a devoção antoniana, os oratórios de diversos modelos e regiões do país, estandartes usados no interior brasileiro, um grande painel desenhado por grafiteiro e muitos produtos religiosos e santinhos.
Germana procurou destacar também aspectos históricos da sacristia, como a grande e artística peça que chama a atenção: o arcaz feito de jacarandá. Em 1930, quando se faziam nele pequenos reparos, foi encontrada uma tábua com os seguintes dizeres: “Este arcas fes Manoel Alves Setubal. Acabou em 1745 em 16 de setembro pede hum Padre Nosso e hua ave Maria pello amor de Ds pella sua alma”.
A exposição poderá ser visitada diariamente até o dia 28 de junho. Telefones do Convento: (21) 2262-0129 2262-1201.

Veja o folder da Exposição.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Evangelho do dia - 24/06/2010



Solenidade de São João Batista
Lc 1,57-66.80
Nascimento de João Batista
 

57 Terminou para Isabel o tempo de gravidez, e ela deu à luz um filho. 58 Os vizinhos e parentes ouviram dizer como o Senhor tinha sido bom para Isabel, e se alegraram com ela. 59 No oitavo dia, foram circuncidar o menino, e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias. 60 A mãe, porém, disse: «Não! Ele vai se chamar João.» 61 Os outros disseram: «Você não tem nenhum parente com esse nome!» 62 Então fizeram sinais ao pai, perguntando como ele queria que o menino se chamasse. 63 Zacarias pediu uma tabuinha, e escreveu: «O nome dele é João.» E todos ficaram admirados. 64 No mesmo instante, a boca de Zacarias se abriu, sua língua se soltou, e ele começou a louvar a Deus. 65 Todos os vizinhos ficaram com medo, e a notícia se espalhou por toda a região montanhosa da Judéia. 66 E todos os que ouviam a notícia, ficavam pensando: «O que será que esse menino vai ser?» De fato, a mão do Senhor estava com ele.
80 O menino ia crescendo, e ficando forte de espírito. João viveu no deserto, até o dia em que se manifestou a Israel.
O nome de João (= Deus tem piedade) é o sinal que evidencia o projeto de Deus sobre a criança e sua missão.
O cântico de Zacarias é um louvor ao Deus misericordioso que realiza, através de Jesus, a «visita» aos pobres. Em Jesus se manifesta a força que liberta dos inimigos e do medo, formando um povo santo diante de Deus e justo diante dos homens. Desse modo, manifesta-se a luz que ilumina a condição do povo, abrindo uma história nova, que se encaminha para a Paz, isto é, a plenitude da vida.

Ofício - Quinta-Feira

Quinta-Feira
(Eucaristia – Caridade – Sacerdócio)

I. De Manhã

matinas
1. Pasme todo o homem, estremeça a terra, rejubile o céu, quando sobre o altar, nas mãos do sacerdote, estiver Cristo, Filho de Deus Vivo!
Pai-nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

2. Ó grandeza admirável, suprema complacência! Ó humildade sublime, ó humilde sublimidade! Que o Senhor do universo, Deus e de Deus Filho, se humilhe a ponto de se esconder, para nos salvar, na mesquinha aparência de pão!
Pai-nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

3. Rogo-vos, portanto, a todos vós, meus irmãos, beijando-vos os pés e com toda a caridade de que sou capaz, que manifesteis toda a reverência e toda a honra que puderdes ao santíssimo Corpo e Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo, em quem tudo o que existe na terra e nos céus foi pacificado e reconciliado com Deus onipotente.
Pai-nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

laudes
4. Todos os irmãos amem-se uns aos outros, conforme o Senhor diz: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros assim como eu vos tenha amado.”
Pai-nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

prima
5. A caridade que os irmãos se devem em amor mútuo, mostrem-na por obras, conforme diz o Apóstolo: “Não seja o nosso amor de palavra nem de língua, mas sim de obras e de verdade.”
Pai-nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

tércia
6. Bem-aventurado aquele que ama e respeita ao seu irmão, tanto distante como quando próximo dele se encontra, e não diz na ausência dele coisa alguma que, com caridade, não lhe diria em sua presença.
Pai-nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

II. A tarde ou a noite

sexta
7. Ponderemos as palavras do Senhor: “Amai aos vossos inimigos e fazei bem aos que vos odeiam”. Porque também nosso Senhor Jesus Cristo, cujo passos devemos seguir, chamou de amigo a seu traidor e se entregou espontaneamente aos que O crucificaram.
Pai-nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

noa
8. Ama verdadeiramente ao seu inimigo aquele que não se contrista pela injuria dele recebida, mas por amor de Deus se aflige com o pecado por ele cometido, e por meio de obras lhe manifesta sua caridade.
Pai-nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

vésperas
9. O Senhor me deu tanta fé nos sacerdotes que vivem segundo a santa Igreja Romana, por causa de sua ordenação, que, mesmo se eles me perseguissem, recorreria a eles. E a todos hei de respeitar, amar e honrar, como a meus senhores.
Pai-nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

10. Nos sacerdotes não quero considerar pecado algum, porque neles reconheço o Filho de Deus e eles são meus senhores. E isto faço porque do mesmo altíssimo Filho de Deus nada vejo corporalmente neste mundo senão o seu santíssimo Corpo e Sangue, que eles consagram e somente eles administram aos demais.
Pai-nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

11. Quando o sacerdote sacrifica sobre o altar o santíssimo Corpo e Sangue do Senhor e a alguma parte o leva, toda gente, de joelhos, renda louvores, honra e glória ao Senhor Deus vivo e verdadeiro.
Pai-nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

completas
12. Absorvei, Senhor, eu Vos suplico, o meu espírito, e pela suave e ardente força do vosso amor, desapegai-me de todas as coisas que existem sob o céu, afim de que eu possa morrer por amor de Vós, ó Deus, que por amor de mim Vos dignastes morrer.
Pai-nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

LEIGOS FRANCISCANOS - Fraternidades em estado de missão


Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM (*)
 
Chamados a colaborar na construção da Igreja, como sacramento da salvação de todos os homens, e constituídos pelo Batismo e pela Profissão, testemunhas e instrumentos de sua missão, os franciscanos seculares anunciam Cristo pela vida e pela palavra ( cf. Regra 6). Seu apostolado preferencial é o testemunho pessoal no ambiente em que vivem e o serviço para a edificação do Reino de Deus nas realidades terrestres ( Constituições Gerais da OFS, art. 17, 1).

1. Vivemos no coração da Igreja. Nós, franciscanos, não formamos um grupo “à parte”.  Temos plena consciência de que nascemos no seio da Igreja,  de que Francisco nos queria ver servos e súditos desta mesma Igreja.  Pensamos na Igreja com seus representantes oficiais colocados aí pelo Espírito e pensamos nessa imensa Igreja, Corpo Místico de Cristo, essa Igreja povo de Deus que caminha através dos tempos tentando edificar o Reino de Deus, essa Igreja que é sacramento, sinal de um mundo novo que é maior do que ela. Alimentamo-nos da vida de Deus no seio da Igreja, somos fiéis ao que para nos determina o sucessor de Pedro e queremos encontrar caminhos novos.
2. Conhecemos as transformações que vive o mundo em nossos tempos e sabemos que também a Igreja busca caminhos novos. Temos em elevado apreço o Documento de Aparecida que nos convida a sermos discípulos missionários. Somos, no entanto, convidados a olhar a realidade. Ficamos perplexos com o esvaziamento de muitas de nossas paróquias e, ao mesmo tempo, com as massas que acorrem para certas manifestações religiosas empreendidas por pessoas com carisma. Temos a impressão que as famílias e os jovens escaparam de nós. Há uma séria diminuição de pessoas que pedem os sacramentos do batismo e do matrimônio.  Causa-nos admiração  um evento como a passeata dos homossexuais em São Paulo reunindo mais de três milhões de pessoas. Não conseguimos acompanhar as famílias e nossa pastoral dos jovens está estacionada.  Não se trata de querer ser pessimista, mas de olhar o que se passa.
3. Nossos grupos de franciscanos seculares vão fazendo sua caminhada. Há viçosas fraternidades novas, mais simples, com pessoas mais vocacionadas, grupos talvez menos  devocionalistas.  Lutamos pela conscientização do tema da identidade franciscana secular e aquele do senso de pertença.  Somos obrigados, no entanto, a reconhecer um generalizado envelhecimento de não poucas fraternidades.  Não desanimamos porque a obra não depende de nós. É do Senhor. Sempre confiantes no amanhã, porque está nas mãos de Deus e porque estamos unidos a Pedro e sua barca, temos, no entanto, o dever de nos interrogar a respeito de nossa vida e de nossa presença na Igreja.
4. Antes de mais nada temos o tesouro de nossas fraternidades e irmãos que se dispõem a servir, a lavar os pés uns dos outros e oferecerem seus préstimos ao evangelho. Na realidade constituímos um movimento de retorno ao Evangelho, quanto possível em sua pureza mais profunda.  Vivemos num mundo plural. Nossas fraternidades serão lugares de exame dos grandes temas da fé e do mundo. O que é crer? Esperar o quê? O que significa escutar o Senhor hoje?  Qual a missão do sacerdote?  Como receber os sacramentos em plena veracidade?  Nossas fraternidades precisam organizar dias de estudo, de aprofundados retiros. Somos convidados a pensar, discernir, não repetir por repetir. Não somos partidários de uma religião à la carte.  Na Igreja somos pessoas de reflexão e buscar colocar vida em nosso interior. Não queremos viver derramados nas coisas.
5. Num mundo individualista, a Ordem Franciscana Secular viverá intensamente a fraternidade. Não apenas uma fraternidade interna, mas aberta ao plural, aos que chegam em nossos territórios, em nossa vizinhança,  aos que conhecem percalços na vida no casamento, na falta de sentido de viver.  Os que nos vêem deveriam poder dizer: “Vede como eles se amam!”
6. Precisamos de leigos maduros.  Insistimos no adjetivo maduro.  A maturidade cristã e franciscana serão perseguidas com garra: leigos que sejam leigos, leigos que gostem de estudar e de aprofundar sua fé, leigos que respondam para si e para os outros as questões existências: Quem sou eu? De onde venho? Para onde vou? O que é viver com discípulo hoje?
7. Num mundo de mediocridade, num tempo em que se satisfaz apenas com as performances financeiras, sucesso exteriores os franciscanos seculares tendem à santidade.  Isto se manifesta no cotidiano de vidas despojadas, alegres, cheias de esperança.
8. Não podemos esperar que as pessoas cheguem a nós. Há pistas que precisam ser descobertas entre nossas fraternidades e as pessoas lá onde vivem.  Não seria esse o sentido de uma opção pela missão  e  pela evangelização? Leigos desejosos de seguir Francisco que se aproximam de nossas fraternidades sempre perguntarão: “O que vocês fazem pelos outros?”. Não querem apenas ser recebidos num ninho quente. 
9. O centro de tudo é Cristo, vivo,  ressuscitado, presente entre nós. Vivemos nele, nele existimos.  Sem pieguice vivemos uma vida cristã. Não podemos nos dar por satisfeitos com uma pastoral sem alma, burocrática, feita de eventos mais ou menos grandiloqüentes.  Não colaboraremos com um  pastoral meramente sacramenalista. Temos vontade, por vezes, de retomar o espírito de evangelização anterior à conversão de Constantino ao cristianismo.  Gostaríamos de poder ajudar a construir uma Igreja na lentidão da conversão.  Queremos dar a nossa colaboração para que os sacramentos sejam efetivamente epifania do divino. De modo especial batismo, eucaristia e matrimônio precisam ser recebidos como eventos transformadores de existências e não meros ritos de passagem.  Não queremos nos centrar na pastoral dos sacramentos, mas  sabemos que eles são expressão de uma conversão. Desejamos fazer com as pessoas redescubram de verdade a proximidade de Cristo nesses sacramentos que serão recebidos com plena consciência. Eles deixaram de ser evangélicos e se tornaram ritos sem vida.
10. Salvador Valadez Fuentes, autor mexicano, em seu Espiritualidade Pastoral – Como superar uma pastoral “sem alma” ( Paulinas, 2008) num texto corajoso e provocador  mostrando Paulo, como modelo de agente de pastoral,  fala daquilo que os cristãos e agentes de pastoral podem fazer: recuperar a radicalidade e a surpresa de ser cristãos e apóstolos;  cultivar um substrato de valores humanos onde se encarna a graça: coerência, sinceridade, lealdade, convicção, liberdade, desinteresse; respeitar e alentar os ritmos nos processos de fé e de conversão pessoal e comunitária;  valorizar a cruz como elemento fecundo e de autenticidade à nossa missão; saber viver no conflito;  promover a solidariedade eclesial em todos os níveis; centrar nossa vida cristã e ministério pastoral na fé, na esperança e na caridade, traduzidas em atitudes concretas;  ter uma visão eclesial enraizada  na Trindade como fundamento último de todo  ministério pastoral; urgir o aspecto missionário da fé;  entender e assumir a vida  cristã como um combate; encarnar, à maneira de Paulo, as atitudes fundamentais de um agente: força, valentia, liberdade, alegria, recuperar a consciência de ser enviados; não alimentar cobiças nem pretensão de glória; exercer a autoridade como serviço amável;  amar com um amor real até à morte, oferecer cuidados de bom pastor às comunidades”  ( p. 50).  Este texto nos fala de uma vida de missão e de pastoral cheia de mística, de fogo interior.
11. Estamos todos convencidos da importância da família em nossa vida pessoal. Como franciscanos seculares compreendemos bem  a problemática desta pequena célula do mundo. Não podemos nos sentir alheios ao tema. O amanhã da humanidade, no dizer de João Paulo II, passa pela família.  A Regra afirma: “Em sua família vivam o espírito franciscano de paz, de fidelidade e de respeito à vida, esforçando-se por fazer dela sinal de um mundo já renovado em Cristo. Os esposos, em particular, vivendo as graças do matrimônio, testemunhem no mundo o amor de Cristo por sua Igreja. Mediante uma educação cristã dos filhos, atentos à vocação de cada um, caminhem alegremente com eles em seu itinerário humano e espiritual”  (n.17). Evangelizar nossa família, a família dos filhos, as famílias de fora.  Na medida do possível seremos evangelizadores de nossa família e das famílias dos irmãos da fraternidade: uma comunidade de vida e de amor, indo do individualismo ao personalismo, lugar de encontro e de estruturação da pessoa, lugar de alimentação e de crescimento, espaço de acolhimento e de encontros,  Igreja doméstica sem pieguice.
12. Não podemos imaginar o amanhã da Igreja e da Ordem sem liderança capacitadas, homens e mulheres, capazes de ler os sinais dos tempos, pessoas que reflitam e que coloquem por escrito aquilo que é o fruto de suas preocupações com o homem e o mundo.  A Ordem Franciscana Secular terá  preocupação de ter irmãos que façam cursos que valham a pena e se coloquem no meio do fogo.
13. Somos fraternidades em estado de missão. A fraternidade é o coração de nosso carisma.  A primeira indicação dada pelo Senhor a respeito da credibilidade dos seus discipulos foi o famoso “vede como eles se amam”.  O primeiro testemunho é dado por uma vida autenticamente fraterna, tanto na primeira como na terceira ordem.  Deus nos ama, nos congrega e nos envia.  Um autor italiano, Domenico Paoletti, OFM Conv., escrevendo a respeito  da missão franciscana hoje no ocidente escreve: “A fé cristã encarnada no testemunho da fraternidade franciscana vivida com alegria e gosto é sinal luminoso de que evangeliza por irradiação e vive a missão mais como revelação do amor de Deus do que como um serviço funcional dirigido para particulares necessidades.  Assim, a missão franciscana é antes de tudo tornar presente e lembrar que a comunhão fraterna, enquanto tal, já é missão pelo fato de contribuir diretamente para a obra da nova evangelização” (Miscellanea Francescana, t. 109, p.424).   Mas atenção: uma fraternidade bem constituída, sinal do reino, levará também seus membros a ir dois a dois pelo mundo.  Embora, a fraternidade seja, no dizer de alguém, “narração humana do amor divino”, será preciso ir, sempre ir.
14. Referindo-se mais aos frades, o autor do precedente estudo, continua: “A fraternidade, coração do carisma e da missão franciscana, hoje goza de particular atenção  numa sociedade da técnica e dos relacionamentos friamente virtuais.  A missão para Francisco, na escola do evangelho, é sempre o andar “dois a dois”. Nunca envia um frade sozinho pelo mundo.  Os dois vão juntos reconciliados e levando reconciliação.   A missionariedade é conseqüência  da fraternidade “exodal” (de êxodo) e itinerante, características da fraternidade franciscana, que se põe em contraste com a tradicional  “stabilitas”. Para os frades menores o mundo é  seu claustro e cada homem seu irmão”  Ela foi querida por seu fundador  como “fraternidade extática” (em estado de êxtase) e não estática ou estética, como por vezes parece ser reduzida segundo cânones impostos pela cultura contemporânea da imagem: um frade com sandálias num claustro e cercado de gerânios.  O centro da fraternidade franciscana está fora dela: em Deus e além dos limites de nosso mundo local e auto-referencial (...) A missão é, na realidade fecunda, somente quando brota de uma vida fraterna de profunda espessura evangélica que dá ao mundo o testemunho do amor do Deus Trindade. A presença-provocação da  fraternidade franciscana hoje é uma verdadeira missão abrangente ao se apresentar como uma teologia narrativa do modo de amar de Deus. Trata-se de um “eloqüente” falar de Deus” (p. 425).
15. P. G. Cabra, citado pelo autor que mencionamos antes, escreve linhas contundentes sobre a fraternidade e sua ligação com o mistério da Trindade: “A um Deus comunhão corresponde uma igreja comunhão e tal exige a criação de comunidades fraternas, tanto as religiosas quanto as familiares, onde a realidade comunional se manifesta de forma legível. Uma Igreja sem fraternidades realizadas pode fazer a suspeita da pouca importância da Trindade. Que adianta confessar um Deus comunhão, quando na terra cada um  pensa nos seus sucessos, quando a dimensão fraterna é sobrepujada pela dimensão individualista, quando a fraternidade é  vista como um ideal abstrato, quando a eficiência imediata  torna-se a preocupação principal, colocando na sombra todas as intenções que partam da fraternidade” (. P. 425).
16. Que dizer ainda?  O amanhã de nossas fraternidades depende do hoje de nossos empenhos.  A casa construída na medida em que o Senhor age. Não somos donos de tudo. Mas sabemos que tudo, dependendo de Deus, depende também de nós. Trata-se voltar ao primeiro amor e sentir no fundo da alma uma vontade efetiva de ir, de conversar, confabular com o mundo que nos escapa : jovens, famílias, credos. Não podemos administrar apenas o caos, o mundo daqueles que hoje estão cansados.  Fraternidades missionárias, mas fraternidades que trabalhem na pastoral com discernimento e com espírito  crítico. Não se trata de uma mera sacramentalizaçao, mas de mostrar às pessoas um mundo do beleza que conseguimos vislumbrar com Francisco e seu gênero de vida.
 
(*) Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM
Assistente Nacional da OFS pela OFM e Assistente Regional do Sudeste II

DE COMO AS COISAS COMEÇARAM EM SÃO DAMIÃO...

Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM 

O texto de reflexão de hoje tenta captar em que consistia a vida das pobres irmãs  bem no começo, quando mal e mal se instalaram junto à igrejinha de São Damião.  Temos sempre diante dos olhos o livro de Chiara Giovanna Cremaschi,  Chiara di Assisi. Un silenzio che grida (p. 49-50).
Para podermos compreender o início dos inícios temos que nos reportar ao Testamento de Clara. A leitura de algumas dessas linhas nos coloca diante de coisas simples, mas fundamentais. Era preciso inventar o novo.
“Depois que o Altíssimo Pai celestial, por misericórdia e graça, se dignou iluminar meu coração para fazer penitência segundo o exemplo e ensino de nosso bem-aventurado pai Francisco, pouco depois de sua conversão, com algumas irmãs que Deus me dera logo após a minha conversão, eu lhe prometi obediência voluntariamente, como o Senhor nos concedera pela luz da sua graça através da vida admirável e do ensinamento dele. Vendo o bem-aventurado Francisco que nós, embora frágeis e fisicamente sem  forças, não recusávamos nenhuma privação, pobreza, trabalho, tribulação nem humilhação ou desprezo do mundo, e até julgávamos tudo isso as maiores delícias, como pôde comprovar freqüentemente em nós a exemplo dos santos e dos seus s frades, alegrou-se muito no Senhor. E, movido de piedade para conosco, assumiu o compromisso, por si e por sua Ordem, de ter sempre por nós o mesmo cuidado diligente e a mesma atenção especial que tinha para com seus irmãos. E assim, por vontade de Deus e do nosso bem-aventurado pai Francisco, fomos morar junto da igreja de São Damião, onde em pouco tempo o Senhor nos multiplicou por sua misericórdia e graça, a fim de que se cumprisse o que tinha predito por seu santo. Pois, antes tínhamos morado em outro lugar, por pouco tempo” (24-32).
1. Agora as irmãs chegam ao seu espaço. Elas vão morar junto da igrejinha de São Damião.  Para nós, franciscanos,  São Damião evoca uma página dourada de nossa família espiritual. Aquele crucifixo!  E lá foram se instalar esses mulheres, nossas irmãs, mulheres pobres, bonitamente pobres e desejosas de viverem à sombra do amor de Deus manifestado em Jesus e tão  presente nos espaços de São Damião. Ali acontece o verdadeiro começo da vida das irmãs e que tem como fundamento a pessoa de Clara.  E Francisco, ele mesmo ou através dos seus frades daquele tempo e de sempre haveriam de cuidar dessa fraternidade das damianitas.
2. Francisco confia nelas. Sabe que são tenazes e capazes de suportar a pobreza e os desafios. Clara revela em suas filhas que Francisco reconhecia força e vigor nessas frágeis mulheres...
3. Ali  Clara entra como peregrina e forasteira, nesta casa pobre e despojada.  Ali haverá a contemplação do Deus, único bem, a vontade de viver somente para ele. Esta a base da vida de Clara e de suas duas companheiras. Esse caminho Clara assume porque Deus mesmo o revelou ao coração sob a inspiração de Francisco.
4. Ali entra para fazer penitência, entrar num caminho verdadeiro de conversão que quer percorrer ao longo de toda a sua vida.  Os franciscanos são penitentes.  Essa a nossa profissão. Entrar num esquema de vida novo. Mudar o coração. Deixar o desejo de posse, de brilho e viver de outro modo.
5. No momento em que Francisco leva as três irmãs para São Damião, para elas começa alguma coisa completamente nova, que precisará ser inventada.  Há umas poucas certezas básicas que fundamentam o seu “estar juntas”:
  • Iluminação do Espírito Santo para seguir os passos de Cristo pobre e crucificado no estilo de Francisco.
  • Trata-se de tomar o Evangelho como constante ponto de referência  deixando-se levar pela graça num abandono sem restrições nas mãos do Pai das misericórdias.
  • A pobreza absoluta será um ponto fundamental inquestionável.
  • Da mesma forma será ponto básico o  amor exclusivo pelo Senhor Jesus Cristo alimentado por longa e incessante oração.  As três irmãs, como conseqüência,  haveriam de se querer e, juntas, amar os mais pobres.
  • A concretude de uma pobreza escolhida por amor e vivida na alegria comportava um desprezo por parte da sociedade da época, sobretudo pelas famílias nobres às quais as três pertenciam. Clara e suas duas primeiras companheiras  colocam-se na categoria do minores, os últimos da escala social, aqueles que não contam.

Identidade Franciscana - I

No dia 01 de Julho de 1956, o Papa Pio XII falando aos Franciscanos Seculares disse estas palavras que soam muito atuais: “Observai os tempos presentes. Em alguns aspectos eles não são diferentes daqueles tempos que viram nascer o franciscanismo... mas deste espírito franciscano, desta visão franciscana, necessita o mundo de nossos dias”.
O tema "Identidade Franciscana" se propõe a mostrar que Identidade para os dias de hoje não é só cadastro, RG, CPF ou curriculum vitae ou curriculum lates. Identidade é interioridade. Identidade é espiritualidade. Nós somos o que ressoa em nossa sacralidade mais íntima e que não pode ser violado. Nós somos o que amamos. Se amar alguém é importante, amar uma mística interna de vida é urgente. O amor é difusivo. Um cadastro vira fichário e gaveta. Uma identidade espiritual, moral e ética espalha um humano modelar e necessário.

Estamos falando de uma filosofia de vida franciscana. Viver franciscanamente é ser devoto da vida. Ser devoto da vida é buscar um sentido para a nossa existência aqui na terra e estar de olho em todos os sentidos, para trazer a vida mais próxima, isto é, aquela que repousa no dia-a-dia. Não podemos só viver karmas do passado ou remoermos ansiedades de um futuro que ainda não nos pertence.

Viver franciscanamente é um viver diário. A vida está aos pés do familiar, do caseiro, da rotina da hora. Se não pego a vida no instante da hora, ela escapa sem ser percebida. Francisco viveu a vida como quem tem sede. Francisco reconstruiu-se, deixando-se fazer. Escutou a vida em cada momento. Em Francisco, a vida se faz vida.

Fonte: Blog Frei Vitório OFM

Evangelho do dia - 23/06/2010



Lc 1,5-17
Deus ouve o pedido dos pobres

 

5 No tempo de Herodes, rei da Judéia, havia um sacerdote chamado Zacarias. Era do grupo de Abias. Sua esposa se chamava Isabel, e era descendente de Aarão. 6 Os dois eram justos diante de Deus: obedeciam fielmente a todos os mandamentos e ordens do Senhor. 7 Não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e os dois já eram de idade avançada.
8 Certa ocasião, Zacarias fazia o serviço religioso no Templo, pois era a vez do seu grupo realizar as cerimônias. 9 Conforme o costume do serviço sacerdotal, ele foi sorteado para entrar no Santuário, e fazer a oferta do incenso. 10 Na hora do incenso, toda a assembléia do povo estava rezando no lado de fora. 11 Então apareceu a Zacarias um anjo do Senhor. Estava de pé, à direita do altar do incenso. 12 Ao vê-lo, Zacarias ficou perturbado e cheio de medo. 13 Mas o anjo disse: «Não tenha medo, Zacarias! Deus ouviu o seu pedido, e a sua esposa Isabel vai ter um filho, e você lhe dará o nome de João. 14 Você ficará alegre e feliz, e muita gente se alegrará com o nascimento do menino, 15 porque ele vai ser grande diante do Senhor. Ele não beberá vinho, nem bebida fermentada e, desde o ventre materno, ficará cheio do Espírito Santo. 16 Ele reconduzirá muitos do povo de Israel ao Senhor seu Deus. 17 Caminhará à frente deles, com o espírito e o poder de Elias, a fim de converter os corações dos pais aos filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos, preparando para o Senhor um povo bem disposto.»

 
A esterilidade e velhice marcam a vida desse casal justo, e o tornam objeto de humilhação pública. Zacarias e Isabel representam a comunidade dos pobres e oprimidos, que dependem de Deus. Deus se volta para esses pobres: deles nascerá João, o último profeta da antiga Aliança. João abrirá o caminho para a chegada do Messias, que iniciará a história da libertação dos pobres (cf. nota em Ml 3,22-24).

terça-feira, 22 de junho de 2010

Ofício - Quarta-Feira

(Obediência - Paciência)

"Nós vos adoramos, santíssimo Senhor Jesus Cristo, aqui e em todas as vossas igrejas no mundo inteiro, e Vos bendizemos, porque pela vossa santa Cruz remistes o mundo."

I. de Manhã

matinas
1. Tu és santo, o Senhor e Deus único que operas maravilhas. Tu és o forte. Tu és o grande. Tu és o altíssimo. Tu és o Rei onipotente, o Pai santíssimo, o Rei do céu e da terra.
Pai-nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

2. Tu és o Senhor Deus Trino e Uno, o bem universal. Tu és o bem, todo o bem, o sumo bem, o Senhor Deus vivo e verdadeiro.
Pai-nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

3. Tu és caridade, o amor. Tu és sabedoria. Tu és a humildade. Tu és a paciência. Tu és a segurança. Tu és alegria e júbilo.
Pai-nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

laudes
4. Tu és a nossa esperança. Tu és a nossa fé. Tu és a nossa grande doçura. Tu és a nossa vida eterna, o grande e admirável Senhor, Deus onipotente, nosso misericordioso Salvador.
Pai-nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

prima
5. Nenhum dos irmãos faça mal a outro ou dele murmure; antes pela caridade espiritual os irmãos se sirvam voluntariamente e obedeçam uns aos outros. Nisso está a verdadeira e santa obediência de nosso Senhor Jesus Cristo.
Pai-nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

tércia
6. Aquele que tem o direito de se fazer obedecer e que é o maior em dignidade, considere-se o menor e o servo dos demais irmãos; patenteie a cada um deles a mesma misericórdia que gostaria de receber se se achasse em circunstância análoga.
Pai-nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

II. a Tarde ou a Noite

sexta
7. O Espírito do Senhor quer a carne mortificada e procura a humildade e a paciência e, acima de tudo, deseja sempre o temor de Deus e o divino amor do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Pai-nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

noa
8. Não se pode aquilatar o grau de paciência e humildade do servo de Deus enquanto vê satisfeitos os seus desejos. Quando, porém, vier o dia em que receber contrariedades de quem o devia contentar, aí, então, quanta paciência e humildade ele manifestar, tanta possuirá e nada mais.
Pai-nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

vesperas
9. Peço ao irmão doente que de tudo de graças ao Criador; e assim como o Senhor quiser sadio o doente, assim deseje ser; porquanto a todos que destinou para a vida eterna, Deus instrui com o incentivo de flagelos e enfermidades.
Pai-nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

10. Louvado sejas, meu Senhor, pelos que perdoam por teu amor e suportam fraquezas e tribulações. Bem-aventurados os que sofrem em paz; por Ti, Altíssmo, serão coroados.
Pai-nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

11. Louvados sejas,meu Senhor, por nossa irmã, a morte corporal, da qual homem algum pode escapar. Ai de quem morrer em pecado mortal! Feliz de quem ela achar na tua santíssima vontade, porque a esse a segunda morte não lhe fará mal.
Pai-nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

completas
12. Santíssimo Pai nosso, perdoa as nossas dívidas, pela tua inefável misericórdia, em virtude da paixão do teu amado Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, e pelos méritos e intercessão da bem-aventurada Virgem Maria e de todos os teus Eleitos.
Pai-nosso..., Ave-Maria..., Glória ao Pai...

Evangelho do dia - 22/06/2010

 
Mt 7,6.12-14
Saber discernir

 


6 «Não dêem aos cães o que é santo, nem atirem pérolas aos porcos; eles poderiam pisá-las com os pés e, virando-se, despedaçar vocês.»

A regra de ouro -* 12 «Tudo o que vocês desejam que os outros façam a vocês, façam vocês também a eles. Pois nisso consistem a Lei e os Profetas.»

O Reino exige esforço -* 13 «Entrem pela porta estreita, porque é larga a porta e espaçoso o caminho que levam para a perdição, e são muitos os que entram por ela! 14 Como é estreita a porta e apertado o caminho que levam para a vida, e são poucos os que a encontram!»

 
Esta sentença provavelmente significa que é desperdício e perigo anunciar o Reino aos que não estão preocupados com ele. Se ligada à sentença sobre os dois senhores (Mt 6,24), poderia significar que é inútil e até perigoso anunciar os princípios evangélicos àqueles cujo deus são as riquezas. O coração deles está em outro lugar; fizeram outra opção fundamental. Em todo caso, a sentença parece fora de contexto, e é de difícil interpretação.
No tempo de Jesus, «Lei e Profetas» indicava todo o Antigo Testamento. Esta «regra de ouro» convida-nos a ter para com os outros a mesma preocupação que temos espontaneamente para com nós mesmos. Não se trata de visão calculista - dar para receber -, mas de uma compreensão do que seja o amor do Pai.
Tanto a opção fundamental pelo Reino e sua justiça (entrar pela porta), como continuar nessa busca fundamental (caminho), não são fáceis. A escolha verdadeira nunca será feita pelos indecisos e acomodados. Estes ficam relutando, ou escolhem a estrada mais larga proposta pelos ídolos.