Cheguei sem avisar, exausto, em sua casa...
a fome era maior que a trouxa de viagem;
um pássaro sem céu por falta duma asa,
um bolso sem tostão, um talo sem ramagem!
Cheguei para ficar! Tão só e sem bagagem –
um vil aventureiro ao certo não se casa...
A rabugenta sina atou-me à fuselagem...
voltei sem competir... inválido pra NASA!
Mas logo me forjou a cálida leveza
da santa piedade e casta realeza
soleiras e portais da hospitalidade...
Aceito como sou, cuidado pelo amigo,
abri meu coração... livrei-me dum castigo,
perdendo à exaustão o medo da amizade!
Rio de Janeiro, 01.08.08
J. Montenegro
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