quinta-feira, 21 de julho de 2011

O PERFUME QUE VEM DE ASSIS

O PERFUME QUE VEM DE ASSIS

Certa vez, um autor escreveu que alguém já nasce franciscano. Não creio que seja assim. As pessoas vão se tornando franciscanas ao longo do tempo. Não é quando entramos para a fraternidade, nem mesmo quando fazemos a profissão que atingimos o ideal. Temos a vida toda para aspirar o perfume que vem de Assis.  Há incontáveis pessoas que sem nunca terem ingressado num dos ramos da Ordem transpiram o perfume que deixou na terra o Pobrezinho de Assis.

        Os  cristãos franciscanos são pessoas caracterizadas por uma amplitude e largueza de coração.  Não são mesquinhos. Não usam medidores para dizer que vão até aqui e não até ali. Essa generosidade se manifesta numa grande compreensão pela fragilidade humana, num voto de confiança no outro, na capacidade de perdoar aquilo que objetivamente está errado, mas que nasce da fragilidade.  Os franciscanos se sentem tão cumulados de bens e graças pelo  Altíssimo e Bom Senhor que olham o mundo com compreensão generosa.

        O franciscano não envelhece. Está sempre se surpreendendo  com as visitas e iniciativas de Deus. Hoje o Senhor se manifesta no filho que nasce, no irmão que chega, no médico dedicado, no vizinho  que entra trazendo um pacote de peras junto com seu largo sorriso.  O franciscano está sempre em estado de maravilhamento diante de tudo. Por isso nunca envelhece.

        Os cristãos que se deixam guiar por São Francisco são pessoas capazes de amor precisamente porque têm um coração generoso. Amam a Deus, amam as pessoas, amam a natureza. Escondem-se no mistério de Deus na oração, são corteses para com os que encontram e sabem preservar a pureza da água, admirar o irmão sol e proteger o verde. São generosos no amor.

        Os franciscanos gostam de cantar, mesmo aqueles que não são muito afinados. Francisco foi um cantor de Deus e um dançarino  diante do Altíssimo. O franciscano gosta de cantar e mesmo a mais vozes. Os conselhos e ministros de nossas fraternidades devem sempre cuidar do canto. Não apenas do canto solo, mas do canto que brota do peito alegre de todos os irmãos.  Uma fraternidade franciscana sabe cantar, até mesmo a chegada da Irmã Morte.

        Os cristãos franciscanos, com sua simplicidade de espirito, procuram ser pessoas profundamente retas e leais. Têm a preocupação de abolir tudo o que é supérfluo. Não acumulam. Não ficam preocupados em logo adquirir os últimos avanços da técnica para seu uso pessoal.  Vestem-se com bela singeleza e têm a preocupação de ser e de não apenas aparecer. Acreditam na Providência e assim não mostram rosto sombrio. Corajosamente  lançam o seu olhar para o amanhã.  Deus que esteve com eles todo o tempo no passado, não lhes faltará no futuro. Lembram-se de Francisco de Assis que, diante do bispo de  Assis, despojou-se dos bens paternos e voltou-se para o amanhã dizendo: “Pai nosso que estais nos céus...”

        Não se nasce franciscano. Na medida em que vamos convivendo com os irmãos e irmãs  verdadeiramente livres de posses e apegos,  amantes e arautos da paz e do bem, vamos aprendendo, mesmo timidamente,  a ser cristãos à maneira de Francisco.  Assim aspiramos um perfume que vem de Assis.

Frei Almir

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