quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O OLHAR DE JESUS QUE CHAMA

Em torno de Marcos 10, 17-27
 
Felizes os jovens que podem ser orientados na escolha de sua vocação. Felizes orientadores e orientadoras que apontam um futuro esplendoroso.

1. Partimos  sempre de uma convicção:  Jesus, o Mestre, aquele que gostaríamos de seguir para valer, é o Ressuscitado. Quando hoje lemos as páginas dos evangelhos e deparamo-nos com as falas de Jesus histórico não perdemos de vista que ele vive hoje. Esse que fala pelos escritos lidos no silêncio ou proclamados em nossos encontros comunitários é o Senhor ressuscitado. Ele continua olhando, chamando, convocando. É o mistério da vocação de seu seguimento.  Presente na Palavra, presente na Comunidade, presente em suas inspirações, ele chama. Importante discernir o que ele quer de nós. Ninguém tem o direito de viver por viver.
2. “Quando Jesus se pôs de novo a caminho, alguém veio correndo, ajoelhou-se diante dele e perguntou: Bom Mestre, o que devo fazer para ganhar a vida eterna?  Jesus respondeu-lhe: Por que me chamas de bom?  Ninguém é bom a não ser Deus!  Conheces os mandamentos: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não darás falso testemunho, não prejudicarás ninguém, honra pai e mãe” .
3. O Mestre está sempre a caminho. Não pára. Anda, dirige a palavra às multidões, cura as doenças e tem encontros mais particulares. Jesus caminha e um homem se aproxima. Marcos não diz que era um jovem. Outros evangelistas afirmam que se tratava, efetivamente, de uma pessoa jovem.  Esse vem correndo. Não há tempo a perder. Há alguma coisa dentro dele que precisa ser esclarecida. Não se pode protelar. O evangelista diz que ele se prostrou diante de Jesus, numa postura de respeitosa admiração.  Esse homem traz sua vida e seu desejo de viver em plenitude.  Esse Jesus havia falado da vida e da vida eterna. Deveria haver um meio certo e seguro de ingressar nesse mundo novo.
4. Quem era esse homem?  O texto não fornece maiores informações. Podemos imaginar que se tratasse de uma pessoa sincera, generosa, atenta aos movimentos de seu interior. Queria uma orientação vocacional. O que deveria fazer de sua vida?Jesus começa dizendo que para entrar no mundo novo que ele chamava de Reino bastava observar os mandamentos: adorar a Deus, ser justo, correto com o próximo, respeitar os pais, ter um corpo e um coração puros, levar em conta os direitos do outro.  O homem diz que desde sempre observou tudo isso.
5. Transportando para o hoje, quem sabe podemos dizer que estamos diante de um rapaz que tem uma biografia bonita, que desde pequeno andou ligado ao evangelho, que não tem nada de grave que manche sua trajetória. “Ele disse; Mestre, tudo isso eu tenho observado desde a minha juventude”.
6. Seguem, então, as palavras mais bonitas do texto: “Jesus olhou para ele com amor e disse: Só te falta uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu; depois vem e segue-me”. Estamos diante de um claro texto de vocação para o seguimento mais radical e mais próximo de Cristo. No coração do rapaz havia já um desejo. Sem desejo não se caminha. Marcos diz que Jesus para o homem com amor. Esse olhar de Jesus que cai em nossas vidas!  Não podemos e não queremos escapar dele. Ubaldo Terrinoni:  “Trata-se de um olhar que marca a pessoa, distinguindo-a de todo o resto dos presentes; é um olhar que elege, escolhe, separa, que deixa claramente compreender que tal ou tal pessoa interessa  a Jesus. Ele, portanto, no encontro,  começa com o ver uma pessoa e, somente com a linguagem dos olhos, dá a entender quanto ela é importante e que ele deseja estabelecer um vínculo de comunhão” (Projeto de pedagogia evangélica, Paulinas, p. 45).
7. No hoje da Igreja, Cristo ressuscitado olha e olha com amor.  Felizes os que procuram sempre encontrar esse olhar que anda por aí, nas esquinas da vida, nas inspirações do coração, na palavra do sacerdote, chamando com amor. “Jesus olhou para ele com amor”. Há o convite. O rapaz é convidado a vender seus bens, seus apegos, seu mundinho pessoal, suas seguranças e colocar os seus pés nos passos do Mestre andarilho chamado Jesus. O jovem Francisco e tantos outros e tantas outras ouviram esse apelo e responderam. Desfizeram-se de tudo para viver a aventura do seguimento daquele que pode plenificar uma vida. A venda dos bens materiais e dos apegos do coração é o preço para adquirir o tesouro do mundo novo: mundo dos pobres, singelos, generosos e dos que confiam num Senhor que não os larga até o final da caminhada.  Essas palavras são importantíssimos ontem e hoje: “... depois, vem e segue-me...”.
8. O que se segue é dolorido. O homem não tem coragem de desvencilhar-se de si mesmo e das coisas e dos bens e dos apegos. Tudo acaba bucolicamente.  “Mas ao ouvir isso, ele ficou triste e foi embora e abatido, porque possuía muitos bens”.  O que poderia ter sido o começo de uma vida em plenitude se tornou numa opção pelas coisas, pelos bens e por si mesmo. O grão não morreu e não pode dar frutos.
9. Jesus olha e ama, ama e olha. Nesse olhar há uma chamamento. A força do olhar com o amor não tira a liberdade.  Ninguém segue o Mestre forçado. Trata-se de uma decisão. A vocação não é emoção, nem fuga, mas um deixar-se “seduzir” por Alguém que nos olha e que nos quer levar para um horizonte insuspeitado. O olhar amoroso de Jesus investe no jovem, mas ele tinha outras preocupações.
Atividade:  Ler o evangelho ( Marcos 10, 17-27) e deixar-se impregnar pelo texto.
Questão: Para onde Jesus chamava o jovem? O que, de fato, o impediu de seguir? Por que muitos hoje não têm coragem de dar um sentido radical de vida religiosa aos seus dias?
“É um amor que faz pairar longamente sobre o jovem o olhar de Jesus. Marcos coloca antes da breve frase, o verbo olhando bem: não entende sublinhar apenas a insistência do olhar, mas, sobretudo, a intensidade do amor."

fonte: Franciscanos.org.br

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