quinta-feira, 9 de setembro de 2010
A paz, dom de Deus, tarefa do ser humano
Hoje, em meio aos muitos conflitos, o valor da paz ressurge com toda força. Tem reconhecimento universal “como um dos valores mais altos que temos que buscar e defender”1. A grande ameaça à paz é a tentativa de uns se sobreporem aos outros, até criarem blocos que dividem o mundo. Muito se tem falado, após a Segunda Guerra Mundial, do confronto Leste-Oeste, quando grupos de nações se opunham por ideologias políticas e econômicas. Porém, João Paulo II soube identificar um conflito mais contundente e real, que está encravado nas relações Norte-Sul. Assim tem-se expressado o Papa:
“Trata-se do contraste crescente entre os países que tiveram a possibilidade de acelerar seu desenvolvimento e de fazer crescer suas riquezas e os países bloqueados em seu subdesenvolvimento. Precisamente aqui está outra enorme fonte de oposição, de irritação, de rebelião ou de medo, tanto mais porque está alimentada por múltiplas injustiças”
Neste caso, salta aos olhos o fosso existente entre riqueza e pobreza, entre superabundância e privação/miséria.
Na entrada para o terceiro milênio, somos testemunhas de muitos tipos de conflitos que se engalfinham em guerras violentas, terrorismo constante, nos níveis local e internacional. A paz continua precária. Injustiças, mortes, ruínas, medo, violação dos direitos humanos, redução da liberdade, aprisionamentos arbitrários, opressões as mais diversas, visões fundamentalistas, fome, enfermidades, subdesenvolvimento se disseminam em nossos dias. Inflama-se “o antagonismo de interesses nacionais, de culturas e ideologias, pelas pretensões de um poço ou raça dominar o outro”.
Por outro lado, a paz não é simples ausência de guerra, nem o produto da vitória militar ou o resultado do equilíbrio de forças entre nações, muitos menos a conseqüência de uma hegemonia despótica de uns países sobre outros5. A paz é, antes de tudo, um dom de Deus que somos convidados a cultivar, transformando-se para nós numa tarefa. Importa desdobrar este dom, fazê-lo crescer em todos os recantos do mundo e no mais íntimo do ser humano. A paz sobre a terra deve ser cultivada à imagem da paz de Cristo, que nos reconciliou com o Pai e chama todo o gênero humano a formar um só corpo6.
A paz é fruto do cultivo do projeto que Deus tem em relação à humanidade; ela requer a “superação das causas da guerra e a autêntica reconciliação entre os povos”; requer “a obra da justiça” (Is 32,17). A paz tem por fundamento o amor, que “vai além da meta indicada pela justiça”.
A paz é igualmente fruto da conversão pessoal. Nesta tônica, vão muitos pronunciamentos da Igreja. Na verdade, o nascedouro da guerra enraíza-se no coração humano. Quem mata é sempre o ser humano, não sua arma, mesmo seja a mais sofisticada. Quando dizemos coração, “em linguagem bíblica, é o mais profundo da pessoa humana, em sua relação com o bem e com o mal, com os outros e com Deus. Mais que seus sentimentos, trata-se de sua consciência, de suas convicções, do sistema de idéias em que se inspiram e das paixões que originam".
Fonte: Site Frei Nilo Agostini
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