Caros irmãos e irmãs,
No período de 25 a 27 de março, na cidade do Rio de Janeiro, toda a Fraternidade Nacional, representada por seus Ministros e Vice-Ministros Regionais, Assistentes Espirituais, conjuntamente com o Conselho Nacional, reunida em Capítulo, avalia a caminhada como Família Franciscana Secular, verificando os passos dados e projetando o futuro dos franciscanos seculares do Brasil.
Em vista disso, desejo continuar a refletir com você sobre nossa Regra, ressaltando o sentido de Família, que ela nos dá nos artigos de 01 a 03.
"E cada uma ame e nutra seu irmão, como a mãe ama e nutre seu filho" (cf. 1 Ts 2, 7) - com estas palavras, nosso Pai Seráfico São Francisco nos exorta, comparando a vida em Fraternidade com a família consanguínea, exemplificando como deve ser o nosso amor, uns pelos outros. Mas, se na família de sangue, nos amamos pelo grau de parentesco, muito mais, devemos nos amar na família espiritual, querida por nós, pela vocação recebido do Senhor.
Realmente, somo família espiritual suscitada na Igreja pelo Espírito Santo - tanto como Família Franciscana, abrangendo todas as Ordens e Congregações, quanto como Família Franciscana Secular.
Infelizmente, nossa visão de família é muito deturpada e pequena. Hoje, tal comparação é desgastada pela realidade em que vivem as famílias. Muitos se referem a ela como uma instituição fracassada, esquecendo que a família é constituída de seres humanos. Não se tratando, assim, do fracasso da instituição familiar, mas dos seres humanos que perderam o sentido de família, renegando os valores cristãos, sociais e humanos. Deram as costas ao amor que é paciente, caridoso, não invejoso, não orgulhoso, não arrogante, não escandaloso, não interesseiro, não irritado, não rancoroso, não injusto, mas verdadeiro e que tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (cf. 1 Cor 13, 4-7). Ou ainda, como diz São Paulo aos Romanos 12, 1-2: "Eu vos exorto pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito". O amor é vínculo da perfeição e alicerce do carisma de todos os membros do Povo de Deus, leigos, religiosos e sacerdotes, que se sentem chamados ao seguimento do Cristo, à maneira de São Francisco de Assis.
Como Família Franciscana: Frades da Ordem Primeira, Irmãs da Ordem Segunda, Irmãos e Irmãs da Ordem Franciscana Secular e JUFRFA, devemos buscar a recíproca comunhão vital, visando tornar presente, tanto na vida e na missão da Igreja, como no mundo, os valores da vida franciscana. Mais que as palavras, nosso exemplo é que conta, encoraja, atrai, arrasta.
Especificamente, como Família Franciscana Secular, somos chamados a perceber que, apesar de estarmos em muitas Fraternidades locais, somos um só corpo, fator primordial para compreendermos o valor de sermos franciscanos(as) seculares, vivendo no século - no mundo - sem sermos secularizados.
Outro fator é que somos uma família acolhedora, pois da nossa família podem participar todos os fiéis católicos - pessoas que vivem plenamente a comunhão com a Igreja e que dela fazem parte.
Pela vocação que o Espírito Santo nos dá, somos chamados atingir a perfeição da caridade, ou seja, a prática da vivência do Evangelho, onde quer que estejamos: Fraternidade, família, Igreja, lazer, trabalho, estudos, etc. Lembremo-nos qe, espontaneamente, professamos, consagrando-nos a Deus, a Igreja e a Ordem. Foi o sinal exterior da vontade de viver plenamente a Regra - medula do Evangelho - que a Igreja confirmou, dando-nos um modo seguro de salvação, para nós e para o mundo.
Finalizando, creio que percebemos que não bastas sabermos que somos família franciscana. É preciso querermos viver como família, nos esforçando, com dedicação amorosa; vendo em nossos irmãos o rosto de Jesus, que se fez um de nós, sendo nosso Irmão; buscando viver como nos ensina São Paulo sobre o sentido do amor (já mencionado acima); dando ao mundo exemplos de vida cristã-franciscana autêntica, a começar pelo ambiente de nossas Fraternidades, participando, responsável e conscientemente, do espírito de conversão e comunhão que nela deve existir.
Neste início de quaresma, coloquemos, como motivação de conversão, a vivência autêntica do amor fraterno em nossas Fraternidades e em todos os lugares. Vivamos a Paixão e Morte do Senhor como exemplo de despojamento e entrega total ao seu Reino. Cheguemos que, se com Ele morremos, teremos vida plena.
Um bom exercício quaresmal e feliz santa Páscoa do Senhor e nossa.
Antônio Benedito de Jesus da Silva Bitencourt OFS, Ministro Nacional
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